Era quase um primeiro dia de aula, voltar assim de repente seria uma experiência nova...mas acho que por outro lado eu preferia as coisas como eram antes, minha vida pacata e sem graça estava boa demais para ser verdade. Infelizmente eu tive que fazer um esforço e acordar um pouco mais cedo para não ter que dar explicações ao meu pai, a questão era que na noite passada eu nem havia conseguido dormir pensando em tudo que havia acontecido e fazendo as contas eu nem entrei no sono REM. O que me causou um mau humor daqueles. Estava já dobrando na próxima rua quando alguém aparece na esquina e logo para na frente do meu carro.
—Aonde você está indo?—ele andou até minha janela e se apoiou, estava suado mas continuava o mesmo Derik bonitão de sempre. Olhei meu relógio de pulso, uma hora antes das aulas iniciarem.
—Só dando uma volta.—suspirei e ele me encarou e piscou algumas vezes.
—Você só pode estar brincando. Volte para casa, na hora certa eu vou lhe buscar—dessa vez eu pisquei e tentei enxergar algum resquício de brincadeira em seu olhar.Nada. Ele estava colocando ordens em mim e eu odiava isso.
—É uma pena, mas eu não sigo ordens.—comecei a acelerar quando ele destravou a porta pela janela aberta e a abriu. Um sorriso cresceu em seus lábios e eu estava prestes a pisar novamente no acelerador.
—Vamos lá, não seja rebelde comigo. Você sabe que posso lhe carregar até sua casa se resistir me obedecer.—agora ele parecia apreciar a ideia com um sorriso escondido, eu suspirei fundo resistindo ao desejo desenfreado de bater os punhos em seu rosto.
—Eu não posso voltar, meu pai quer uma explicação para a minha volta repentina—eu disse tentando manter a calma e o vi suspirar limpando um pouco do suor com o braço.—Eu vou encostar o carro.
Fechei a porta e encostei o carro numa casa com uma grande garagem aberta na frente. O olhar do Derik não se desviou de mim até mesmo quando sai do carro.
—Eu posso dizer a ele que cuidei dos dois amiguinhos.—revirei os olhos ao ouvir essa declaração.—Aonde você estava indo?
—Comer alguma coisa no Diners—falei sem empolgação me encostando no carro e lembrando de Dyana quando olhei novamente a surpresa dos seus olhos verdes. Seus músculos estavam marcados pela camisa regata branca molhada de suor denunciando uma longa caminhada, era difícil me concentrar desse jeito—Sério...como você consegue ficar tão...—gostoso— em forma?
Ele riu. Um som alto e gutural. Bom de se ouvir.
—Você está me elogiando Emma?—ele disse sorrindo.
—Sabe você já pode ir e ser o mesmo idiota de sempre—falei sem empolgação indo em direção ao volante.
—Idiota?Que encantador. —ele repetiu e me seguiu puxando a chave da minha mão.—Me conceda as honras.
—Você não sabe aonde fica o Diners.—falei abrindo a porta do carro enquanto o via andando em direção ao lado do motorista. Entrei e encaixei o cinto olhando para a rua á nossa frente, não havia como negar, eu o queria ali.
—Isso é o que vamos ver.—ele falou posicionando o seu cinto e encaixando a chave. O som alto do carro surgiu e logo estávamos na estrada.Em alguns momentos eu espiava o seu rosto concentrado, suspirava algumas vezes ao sentir o cheiro agradável do seu perfume, era interessante que mesmo suado isso não afetava em nada, e encostava frequentemente a cabeça na janela. Derik estava me deixando inquieta com a mudança de comportamento dele, mas quando eu estava prestes a me pronunciar sua voz soou rouca.—Você tem um belo carro, há quanto tempo tem ele?
—Acho que um mês...eu não sei ao certo—estava entediada então estendi minha mão para alegrar o ambiente com música. Seu rosto virou rapidamente e seu olhar foi de encontro ao meu me fazendo deixar a mão suspensa, engoli em seco e desviei o olhar para suas mãos no volante.—Eu só vou colocar um pouco de música..
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Âmbar
Mystery / ThrillerApós se transferir para a escola de seus amigos no último ano do colegial, surge um projeto de Aqua, uma espécie de acampamento/trilha na pequena cidade de Brandon, Canadá. Emma encara essa oportunidade como um meio de fugir de tantos afazeres. Ela...