[14]Disfarce da verdade

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  A casa de primeiro andar estava bem diante da minha visão e pude ver a janela do meu quarto e a garagem sem o carro de meu pai. Tudo o que eu queria era me jogar na cama e dormir ou melhor, hibernar. Estava prestes a atravessar a rua quando um carro em alta velocidade passou por mim, fechei os olhos e senti a mão firme do Derik agarrando meu braço e seus olhos verdes penetrantes sobre mim assim que os abri, minha boca abriu e no mesmo instante fechou. A única coisa que consegui dizer foi um murmurio baixo "obrigada" e logo ele me soltou deixando a marca de suas mãos em meu braço. Antes de entrar o Arsher precisava decidir o que contar ao meu pai sem que ele fizesse perguntas demais, mas essa era uma tarefa muito difícil quando o Arsher tinha que mentir, ele não conseguia parecer confiante o suficiente para conversar com o meu pai e o Derik não estava ajudando muito por causa da Ash em seus braços. Seu rosto estava cansado e logo ele se retirou á procura de uma boa casa perto do quarteirão deixando Ash para trás, para que pudessem ficar de olho em mim e ao mesmo tempo descansar. 

—Nenhum dos seus planos está dando certo, deixe que eu faço isso—me levantei e fui até ele, estávamos no quintal da casa tentando arranjar um plano bom o suficiente até que meu pai chegasse do trabalho. Ele me deu espaço ao seu lado e sentei esticando as pernas no chão.

—E se o Derik fizesse isso?—Dyana falou rápido ao meu lado e olhamos para ela esperando a continuação da sua ideia naquele minúsculo quintal—Bem, ele poderia dizer que encontrou o Flynn o que é verdade e depois encontrou você cuidando dos dois e trazendo-os para a casa aproveitando para desfrutar da cidade.

—Por mim tudo bem, mas acho que o Derik não irá aceitar...vai ser bem complicado não alvoroçar a cidade após o aparecimento dos dois e três turistas de passagem, ainda mais quando vocês três vão estar na mesma escola que o Flynn e a Emma.

—Eles vão o quê? Vocês têm certeza disso? Tudo bem nos vigiar pelas ruas ou indo fazer compras no mercado, mas ir para a mesma escola e estar com os olhares de vocês já é demais.—falei levantando e olhando para os três sentados.

—Você nem irá nos notar, vai ser divertido.—ele disse tentando me animar, estava prestes a respondê-lo quando o Derik chegou e pôs a mão em meu ombro me guiando para a frente. Senti seu toque quente aquecer o meu ombro por poucos instantes.

—Seu pai está vindo, já pensaram em algo?—ele parecia melhor, seu cabelo estava molhado e sua roupa não apresentava resquício de horas de caminhada. Pelo jeito alguém fez muito mais do que encontrar a casa.

—Mais ou menos.

—Não—olhei para o Arsher e vi Dyana se levantar. Escutei um carro estacionando na frente da casa, todos começaram a se levantar e se reuniram ao redor do Derik. Parecia que ele era o cara das decisões, mas dessa vez eu iria decidir.— Eu vou resolver isso.

  Estava indo na direção do carro do meu pai e notei que ele já estava abrindo a porta da casa, assim que ele me viu notei seus olhos se arregalarem e as sacolas de compras caírem sem preocupação no chão fazendo várias frutas rolarem. Toquei em seu braço e senti seus dedos enrolarem meu pulso e ele analisar com cuidado, ele costumava fazer isso comigo como um gesto de carinho. Ele piscou algumas vezes e me analisou com cuidado.

—Está tudo bem, eu estou aqui pai.

—Vo-você não é a Emma... Ela está de-desaparecida-da—ele me soltou gaguejante e olhou por cima do meu ombro, virei-me e vi o Flynn junto ao Arsher e o resto do grupo. Quando o olhei já estava desacordado apoiado nas minhas pernas e  sobre o tapete felpudo.

—Mas que merda!—falei me abaixando e logo todos me ajudaram a colocá-lo para dentro da casa.

—Não foi prudente o que você fez, Emma. —Derik disse com sua voz gutural. Sua aproximação fez meu coração acelerar um pouco mais, me perguntei se ele tinha noção do que causava em mim.

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