Ouvi barulhos na cozinha assim que meus olhos foram abertos. A janela estava aberta trazendo um vento gelado que arrepiava todo o meu corpo, estava escuro lá fora quando olhei pela janela. Mais barulhos continuavam a soar e pensei ser meu pai até que notei um carro SUV estacionado na garagem de forma que amassava a grama e o concreto. Meus olhos se arregalaram quando ouvi passos na escada, meu coração batia forte que parecia que ia sair pela boca. Por um momento eu gelei, não conseguia pensar em nada, só podia ouvir as portas do corredor serem abertas. Eu estava trancada em casa, ele deveria ser o cara que sobrou, a vingança seria feita com muito sucesso.
—Emma...onde você está? É o papai—a voz gutural surgiu como uma navalha em meus ouvidos. Que filho da mãe. Comecei a pensar no que minha mãe me contava quando deitava minha cabeça em seu colo. "Esconda seu maior medo para que os outros campeões não vejam". Eu havia matado um deles, não deveria ser tão difícil. Num sobressalto peguei a pedra vulcânica envolta no couro e me forcei a ir para trás da porta. Vamos lá Emma salve a sua vida, eu pensava.
—Eu posso sentir seu cheiro..—Ele deu uma gargalhada diabólica que fez meu corpo estremecer, pensei no Derik, com certeza ele teria uma frase debochada. Ele deveria estar aqui, eu estava morrendo de medo. Eu não era corajosa, nem um pouco.Qual era o nome desses caras mesmo? Slys. A porta se abriu me fazendo segurar firme a pedra afiada e aguardar como uma louca que ele andasse um pouco mais. Me arrisquei e afundei a pedra em sua direção, era tarde demais, ele havia segurado minha mão com um sorriso branco.—Garota burra.
Santa mãe do céu.
O Sly me pressionou contra a parede segurando minhas mãos presas com facilidade. Eu iria morrer, ele se vingaria pela morte dos seus companheiros.
—Você matou o meu irmão— sua mão estava presa em meu pescoço e seus olhos eram hipnotizantes.—E me deixou escapar um troféu.
Ele me jogou contra a parede do outro lado do quarto. Minhas costas foram de encontro a ponta de um cadeira e senti o incômodo de imediato. Ele andou de encontro aonde eu estava com um olhar sombrio e um sorriso prazeroso naquele rosto pálido, retirou os óculos e tirou um pedra escura esverdeada idêntica a minha no formato. Seus olhos eram vazios, sem expressão, parecia um cadáver. Me apoiei tentando me levantar fazendo com que sua perna se levantasse e atingisse meus joelhos, cai novamente perto da cama e olhei o que salvaria minha vida. De alguma forma havia parado ali, no canto do criado mudo.
—Shadow deu ordens para que a trouxesse viva...—a voz gutural se tornou mais grossa que o normal.—Mas eu juro pelas estrelas e pelo sol que vou te destruir.
Sua pedra estava vindo de encontro a mim. Um fluxo de raiva soou me fazendo agir por extinto, segurei a minha pedra e numa manobra rápida consegui desviar a sua e perfurar o seu estômago. Seu corpo caiu ao meu lado enquanto ele se debatia querendo me atacar. Fui rápida em sair dali correndo em direção a casa do Derik antes que alguma coisa pior acontecesse comigo, embora o Sly já estivesse morto. Deixei tudo para trás com a pedra escondida junto a mim, minha sanidade não funcionava. Tive medo em me encontrar com mais um deles, mas continuei correndo. Minhas costas ardiam e eu podia sentir o líquido vermelho escorrer.
Santa mãezinha. Caí em um arbusto num jardim qualquer, estava fraca e não tinha noção do quanto tinha corrido. Olhei ao redor pondo uma das mãos para estancar o sangue, estava no jardim da casa do Derik. Comecei a me arrastar para a varanda, quando avistei em uma das janelas abertas Dyana. Ela não havia viajado?Ela mentiu para mim. Fiquei pensativa se deveria entrar naquela casa, não me parecia mais ser a coisa certa. Me senti traída e cogitei em ligar para o meu pai ali sentada, mas foi tarde demais quando analisei um carro ser estacionado com Ash dirigindo. Toquei no meu bolso em busca do celular mas ele não estava ali. A porta da casa foi aberta e Dyana saiu desapercebida me encontrando naquele estado, seus olhos se arregalaram.
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Âmbar
Mystery / ThrillerApós se transferir para a escola de seus amigos no último ano do colegial, surge um projeto de Aqua, uma espécie de acampamento/trilha na pequena cidade de Brandon, Canadá. Emma encara essa oportunidade como um meio de fugir de tantos afazeres. Ela...