Âmbar

[03]Um dia comum

Era segunda, eu acordei bem cedo para correr sai sem ninguém perceber da minha cabana e entrei por uma trilha. Estava tentando esvaziar a cabeça, tinha tido um pesadelo com o último acampamento e isso não saia mais da minha cabeça. Bati em várias árvores desejando morrer, as meninas ficaram internadas e eu sã e salva, eu poderia ter feito algo, poderia ter matado o pai dela antes mesmo de atirar em qualquer uma delas! Eu poderia estar com a Brianna agora rindo das piadas bobas que ela contava ou o mal-humor de todos os dias de manhã, ou ver os cabelos loiros dela trançados e amarrados com uma fita cor de rosa...eu gostava tanto dela.

—Por que isso tinha que acontecer? A Brianna, não merecia isso! eu que merecia!—eu gritava chorando, e fiquei por lá até eu me acalmar e conseguir retornar.

Uma borboleta estava voando, ela era linda com asas azuis e pousou no meu ombro, me inclinei para frente deixando o suor da minha testa escorrer e sentei com os joelhos apoiados no meu peito, minha cabeça estava começando a doer desde pequena isso acontecia, chorar doía meus olhos e minha cabeça. Fiz alguns exercícios dolorosos e voltei para o acampamento desejando um banho gelado.

— ONDE É QUE VOCÊ FOI? —gritou uma garota, que se eu me lembro se chama Bett.

—Fui dar uma volta pela floresta —disse e passei por ela

—TÁ TODO MUNDO PREOCUPADO COM VOCÊ SUA INCONSEQUENTE— ela se virou e gritou, ela estava com pijama ainda e com o cabelo todo arruinado.

—ESCUTA AQUI, VOCÊ NÃO PODE FALAR ASSIM COMIGO— eu gritei e ia avançar em cima dela até sentir um braço me puxar.

—Onde você foi?— dessa vez era o Flynn que segurou meus ombros, como se eu fosse um milagre—Meu Deus, eu achei que tinha se perdido! — ele me abraçou

—Ah, eu fui dar uma volta tive um pesadelo—eu falei e quando vi estava boa parte da turma com as cabeças na janela me olhando — O que houve aqui?

—ACONTECE, QUE A GENTE ACORDOU E SUA CABANA ESTAVA ABERTA SEM VOCÊ, ENTÃO TODOS OS PROFESSORES NOS ACORDARAM PRA TE PROCURAR—a Bett disse, disse não, gritou isso sim

—GAROTA, EU TÔ DO TEU LADO—eu realmente estava do lado dela. Ás vezes as pessoas são tão exageradas que me dão dor de cabeça.

—Sra. Blossom, nunca mais faça isso conosco somos responsáveis por você e queremos lhe entregar ao seu pai inteira — disse a organizadora do Aqua

—Tá legal— eu disse e entrei na minha cabana buscando roupas.

—Escuta, não faz mais isso aquela Bett quase jogou uma pedra em mim por ter acordado ela—disse o Marck.

—Queria ter visto isso, seria épico—eu disse com pouca animação ainda procurando alguns shorts que pudessem servir.

—Você é diferente, Emma— ele disse olhando para mim

—O que? Foi pra isso que você veio aqui? para que eu te dê uma...chance?

—E isso não seria possível?— ele disse e eu ri, ri muito alto

—Quê? —eu disse encarando ele.

—Gostei de você e...

—Tá bom, para de falar não quero ouvir você falando—eu disse e comecei a ajeitar o meu travesseiro.—Acho melhor você ir...

—Então...sem chances?

—Você o disse.—eu falei e o observei rindo.

—Vamos ser amigos, você vai gostar de mim— ele falou com um sorriso divertido e saiu dando de ombros. Tuuudo bem.

Nos reunimos para almoçar, o Sr.Brawn organizou um grupo de meninos para pegar lenha e alguns troncos para todos sentar, ao todo temos 30 pessoas o que seria um trabalho bem duro. Jennifer a organizadora é muito boa na cozinha, fez um strogonoff incrível o que rendeu vários elogios, depois de comer um garoto com nome de Svann, pegou seu violão e começou a cantar e todos acompanharam, depois ele disse que tínhamos que advinhar qual era a música e eu acertei várias junto com o Flynn, ficamos assim até ficar de tarde e o Sr. Brawn foi nos chamar para pescar no lago Ontário um dos grandes lagos do Canadá, e foi muito engraçado ver os meninos desesperados por um peixe.

—Ei, que tal a gente fazer uma aposta?—disse um dos garotos—quem conseguir a maior quantidade de peixes até o final da tarde, ganha a torta da Sra. Petterman—ele acrescentou e a diretora concordou com a aposta satisfeita.

Então eu ganhei a aposta, depois de ter pegado o único peixe do Marck e os dois do Flynn o que causou o desempate combinamos de dividir a torta já que eles ajudaram, só que foi ainda melhor, dividi com todos e comemos juntos sentados nos troncos de frente a fogueira.

—Uma salva de palmas para Sra. Petterman que nos concedeu essa torta maravilhosa!— gritou Svann abaixando o volume da música e todos bateram palmas— uma salva de palmas para a novata que dividiu seu prêmio conosco mesmo tendo ganhado!—ele gritou e todos bateram palmas, então eu cuspi o refrigerante e ri muito junto com o Marck e o Flynn.

—Injustamente, mas obrigada—eu falei rindo e todos pararam e olharam fixamente para mim, o Flynn colocou a mão na minha boca rapidamente. Meu rosto estava começando a esquentar, e notei várias pessoas cochicharem umas para as outras.

—Ah... é que... Ela está bêbada—o Flynn disse, então eu virei pra ele de olhos arregalados. Achava que o Flynn tinha melhorado suas desculpas, mas sério? refrigerante no mínimo só consegue uma leve ânsia de vômito.

—Com refrigerante? conta logo novata, que história é essa?—um dos amigos do Marck falou.

—Então, você não precisa me chamar de novata, já faz mais de uma semana que cheguei—eu disse tentando soar engraçada e acrescentei—mas... bem o Marck e o Flynn me deram os peixes deles e...

—O QUE? era só uma torta!—disse o Svann

—Qual é gente, ela dividiu com todos isso que importa—disse o Marck levantando e saindo. Um ponto para o Marck!

—Que tal ligar o som ai, garoto!—gritou a Bett e então todos voltaram a curtir, dançando e se divertindo. Até que a Bett não é tão mal assim, vai.

   Á noite juntamos os sacos de dormir e dormimos sobre o céu cheio de estrelas, estávamos todos exaustos de tanta dança e da pescaria, e pensar que amanhã viria mais!

—Boa noite, Emma—disse Elizie e eu tive um susto.

—Ah, o mesmo Elizie.

   Tinha sido uma cheio de coisas boas e ruins, me peguei pensando olhando para o céu, no quanto estava triste naquela manhã uma tempestade de aflições acumuladas estavam me nocauteando como rajadas de pura tristeza, mas ao final deste dia notei o quanto a coisa ruim só fica se você quiser, você só precisa parar de pôr a culpa em você mesmo e se perdoar. Peguei uma folha de papel em minha mochila e rabisquei colocando tudo para fora, tudo que eu estava sentindo, mágoa, angústia, dor, tristeza e tudo de ruim. Não só escrevi meus sentimentos, como também coloquei para fora os pequenos momentos vividos com Brianna e o que eu faria se ela ainda estivesse por aqui. Me senti tão leve, me senti livre de tudo aquilo quando escrevi a primeira palavra, mesmo chorando eu sabia que seria a última lembrança desse passado. Me coloquei de pé já com a carta na mão e vi um garoto apagando a fogueira, mas antes dele apagar eu rasguei a carta e joguei vendo-a se dissipar no fogo, e pela primeira vez depois daquele ocorrido eu me senti uma nova Emma.