Depois do encontro com a harpia tive que fazer uma parada para cuidar dos machucados nos ombros. Ainda não tinha descoberto o que as harpias traziam naquelas malditas garras delas que faziam com que os ferimentos causados por elas doessem tanto. Ignorando a dor melhor que podia, pisei uma porção de erva anestésica que nunca saio sem. Fiz um curativo improvisado e esperei que a planta fizesse efeito, ajudaria até que os ferimentos cicatrizassem e desaparecessem. De volta a estrada fiquei mais atento, não cairia no mesmo truque novamente.
A estrada estava vazia o único som ouvido era o do vento soprando ocasionalmente. Era estranho não encontrar viajante indo ou vindo, meus instintos se contorciam sabendo que encontraria problema em algum lugar mais a frente, já sabia que havia um bando de harpias sanguinárias em algum lugar, mas eu me recusava a esperar somente por isso. Sem querer havia subestimado meus inimigos e agora estava com os ombros dormentes por causa disso.
A marcha lenta aliada a monotonia e o efeito da planta anestésica estavam me deixando letárgico, o que era um péssimo negócio. Era melhor parar até que meu organismo voltasse ao normal; se eu fosse pego em uma emboscada estaria em maus lençóis. Saí da estrada e adentrei na floresta ficando o mais longe possível de olhos, ouvidos e narizes curiosos. Aproveitaria essa parada para extrair o ácido do fruto da meia noite. Deixei Nevasca pastar enquanto sentei recostado a uma arvora com um fruto da meia noite em uma mão e minha adaga élfica na outra. Antes de cortar para extrair o suco algo me ocorreu. Onde colocaria o sumo ácido? Muito bem Órion, que bela mancada em?
- Raios! – Bufei deixando o fruto de lado. – E agora? Preciso pensar em um recipiente para colocar o ácido antes que o fruto comece a apodrecer. Com certeza Sky pensaria em algo, ele que é mais chegado ao lado cientifico das coisas.
Enquanto pensava não pude ignorar o cansaço que pouco a pouco tomava conta de meu corpo. A cada instante ficava mais difícil me manter de olhos abertos, isso definitivamente não era comum... Bocejei e olhei para os lados me certificando que minha égua estava por perto. Poderia cochilar por alguns instantes, meu alarme de quatro patas avisaria de algum perigo. Esse foi meu último pensamento antes de não conseguir mais manter as pálpebras abertas.
Da mesma forma que adormeci, acordei. Do nada abri os olhos e ao fazer isso quase tive os olhos pulverizados por uma luz ofuscante que antes não havia ali. Tentei me mover, mas era como se cada parte de meu corpo fosse feito de chumbo. Pego desprevenido duas vezes no mesmo dia, só pode ser uma piada.
- O que está acontecendo? – Tentei mais uma vez levantar em vão, porém dessa vez alguém colocou mão em meu peito. A luz ofuscante se dissipou dando lugar a um rosto de mulher. Ela olhava-me curiosa e divertida. – Quem é você? – Estreitei os olhos ameaçador. A mulher não parecia ter mais que vinte anos, o que não queria dizer muita coisa. Nesses mundos as aparências enganam. Os longos cabelos castanhos caiam pelos ombros e os olhos tinham uma coloração âmbar peculiar.
- Estou me fazendo essa mesma pergunta a seu respeito. – A criatura ignorou a ameaça implícita em minha voz. Ou estava perdendo o jeito ou tinha entrado em outra enrascada. – Você não é um elfo, apesar de parecer. – Revirei os olhos diante daquela constatação óbvia. – No entanto sua aura está camuflada por um colar élfico.
- Hoje em dia é fácil conseguir um colar desses, está a venda online. – Aderi a minha máscara de indiferença.
- Online? – Ela inclinou a cabeça para o lado ainda mais curiosa. – O que é isso?
- É uma ferramenta bem útil que os terráqueos inventaram. Dá para conseguir até casamento. – Não que eu estivesse procurando um, fui parar por engano em site de relacionamento. Tenho quase certeza que isso tem o dedo de uma certa hacker de grandes olhos verdes com um senso de humor pior que o do pai.
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Guardiões. - Orion. O caçador. #Cte2018
Fantasy#RaposaDeOuro Orion. O misterioso e letal guardião é uma muralha de gelo intransponível em vários aspectos. Ninguém em toda sua existência foi capaz de ultrapassar essa barreira e o platinado orgulhava-se disso; porém muita coisa mudou e ele irá tra...