XXVI - Quando a loba mostra os dentes.

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            Confusão era pouco para definir tudo que aconteceu comigo nos últimos dias, ser beijada por Orion ficava no topo dessa lista. Esse caçador vira e mexe me deixa sem chão, e eu achando que a coisa mais fora do roteiro que ocorrer comigo seria voltar para meu clã, mas não, Orion tinha uma carta na manga. Ainda sentia o sabor do beijo dele até agora. O pior é que se antes estava correndo léguas de sentir algo mais profundo pelo platinado, agora estou caminhando a passos de tartaruga. Aquele ser me atraia para si como um imã atrai o metal, o destino definitivamente tem um senso de humor bizarro.

Apesar de estar balançada por ele, temia ter o coração partido mais uma vez, no entanto agora sabia me defender e não deixaria barato. Faria questão de garantir de que Orion não teria uma descendência. Tal pensamento tranquilizou-me mais do que deveria realmente passar muito tempo com esse ser sarcástico estava mexendo com minha índole. De qualquer forma, não adiantaria ficar me torturando, o tempo se encarregaria de tudo, agora só precisava passar por essa tal comemoração antes de enfim finalizar o que vim fazer aqui.

A melhor coisa que me aconteceu a retornar para o clã foi poder rever minha mãe, mas queria mais do que tudo ir embora. A atmosfera desse lugar não me faz bem, só me deixa para baixo e insegura; me faz lembrar dos momentos pouco agradáveis que vivi aqui. Eu venci o desafio, mas não queria dizer que seria aceita por todos e era por esse motivo que não queria ir para essa fogueira, apesar da proposta de Orion ser muito tentadora. Socar alguns desaforados faria um bem enorme para meu ego e era por esse motivo que estava indo fazer esse sacrifício.

O guardião deixou-se ser guiado por mim de volta para a aldeia, ele estava meio emburrado não sabia se era porque o estava tratando como um menino birrento, ou por ter o interrompido quando estava prestes a estragar a brincadeira dos meninos. Céus, o que se passava na cabeça daquele ser? Ainda custava a acreditar que Orion conseguiu treinar os sobrinhos adolescentes sem surtar. Isso definitivamente gostaria de ter visto.

Assim que chegamos perto o suficiente consegui sentir o cheiro bom de carne sendo assada e ouvir o som familiar de tambores tocando uma batida animada. A alcateia toda estava reunida no mesmo lugar onde aconteceu a luta. Ao contrário do que pensei eles estavam mesmo comemorando. Só custava acreditar que essa festa toda fosse dedicada a mim. Fiquei tensa ao ser percebida pelos lobos do clã, os olhares variavam entre curiosidade e descrença, pelo menos não vi repulsa já era um começo. Orion sentindo minha tensão soltou-se minha mão e enlaçou minha cintura com o braço direito. Ato que só piorou as coisas para o meu lado, agora além de tentar não parecer paranoica tinha que me concentrar para não virar um tomate e não ter um ataque cardíaco.

A coisa era mesmo séria, só nos beijamos uma vez e já estou agindo como uma adolescente. Gostaria de saber qual era o truque que ele usava para ficar sempre assim tão calmo. Não sabia se ele era o melhor ator que já viveu ou se tinha o melhor autocontrole do mundo; seja lá qual fosse das duas opções precisava que ele me ensinasse.

- Zaniah! Zaniah! – Um trio de garotinhas nos cercou saltitando como esquilos cafeinados.

- Olá meninas. – Tentei não parecer sem jeito.

- Mostra como você fez aquele golpe. – Uma delas tentou imitar a joelhada que dei em Ulfric.

- Ah... – Olhei para Orion pedindo por ajuda, só o que ganhei foi um dá de ombros.

- Foi tão legal! – Outra completou sem me dá chances de responder alguma coisa.

- Sim, sim. O melhor foi aquela cambalhota, foi espetacular! – A outra se juntou a tagarelice, a única coisa que consegui fazer foi sorrir e torcer para não parecer que estava rosnando para elas. – E você cabeludo? – As três olharam curiosas para o guardião absurdamente alto. – O que sabe fazer? – Agora quero ver como ele vai sair dessa.

Guardiões. - Orion. O caçador. #Cte2018Onde histórias criam vida. Descubra agora