XXXII - O perigo no perfume.

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Ficamos mais dois dias hospedados com o clã, tempo suficiente para que Zaniah se recuperar completamente dos efeitos de sua nova habilidade. Talvez fosse egoísta de minha parte, mas faria de tudo para que ela não precisasse usar essa habilidade novamente, pelo menos não sem que tenha dominado perfeitamente a técnica. A loba dias antes estava inquieta esperando pela partida, exatamente como agora, via em sua face como ela queria ir embora, mas a loba estava em um empasse; havia a mãe dela e agora o pai que tentava aos poucos se reaproximar da filha e recuperar nem que fosse minimamente o tempo perdido.

Enquanto terminava de colocar a sela em Nevasca observava mãe e filha se despedindo. Antes seria fácil ficar alheio aquela cena, não deveria significar nada para mim, mas as coisas eram diferentes agora. Por menos que demonstrasse, tudo que acontecia a quem me era importante me afetava de alguma forma. No caso de Zaniah, queria de uma maneira absurda toma-la em meus braços e confortá-la. Despedidas nunca eram fáceis, sabendo disso ao finalizar os preparativos para a partida esperei pacientemente e em silencio que a loba estivesse pronta para ir. Não apresaria o inevitável. Após um longo abraço as duas vieram em minha direção seguidas por Lincano.

- Sentiremos sua falta querida. – Ophala segurou ambas as mãos de Zaniah, ambas trocaram mais um longo olhar. – Onde quer que vocês tenham que ir, estarão sobe a benção deste clã. – A matriarca beijou a testa da filha antes de deixá-la vir ao meu encontro.

- Serão bem-vindos sempre que quiserem retornar. – O alfa falou pela primeira vez durante toda aquela despedida.

- Obrigada. – Ziah agradeceu visivelmente segurando-se para não demostrar o quanto estava emocionada, mas sua voz tremula era a prova de que não estava tendo sucesso nessa tarefa.

- Guardião, sei que o pedido que irei te fazer é desnecessário; mas peço que proteja nossa filha. – Os olhos amarelos de Ophala tão idênticos aos da filha fitaram-me cheios de emoção.

- Protegerei Zaniah com minha vida. – Não estava falando da boca para fora, era a mais pura verdade.

Sem mais despedidos a serem feitas montamos em nossas montarias e seguimos para a saída do vilarejo, para nossa surpresa encontramos uma pequena multidão a nossa espera. Ao passarmos pelos lobos fomos aplaudidos e seguidos até sairmos das dependências do território clã, a loba não conseguia esconder a surpresa. Ela ainda não fazia ideia de o quanto agora era admirada por seus semelhantes que antigamente a desprezavam. O melhor de tudo era que o mérito era totalmente dela.

Cavalgamos pela densa floresta em total silencio, Zaniah estava presa em seus pensamentos. A deixei com suas indagações sabendo que ela precisava desse momento consigo mesma. Conforme avançávamos em direção a abertura que nos levaria para a dimensão sombria sentia duas auras nos seguindo. Estavam a uma certa distância talvez em uma tentativa de não serem detectados.

- Orion... – A loba olhou-me de soslaio.

- Estou sentindo também.

- Quem você acha que são? – Ziah levou a mão até a empunhadura da espada.

- Não sei ao certo, mas tenho um palpite. – Apostaria sem medo que os dois perseguidores eram Madred e Amadeus buscando por vingança. Eram mesmo dois idiotas. – Ziah, faça com que spirit passe a frente, não precisa aumentar a velocidade da marcha. Vamos deixar que pensem que não percebemos a presença deles. Assim eles virão até nós e os pegaremos facilmente. Duvido que aqueles dois tenham aprendido o que é humildade e com certeza vão nos subestimar.

- Só não os mate... – Franzi cenho buscando entender porque Zaniah estava me pedindo isso. Amadeus e Madred não mereciam a compaixão dela, não mereciam a compaixão de ninguém. Aqueles dois vermes ambiciosos não enxergavam nada além do que o próprio umbigo. – Eles são uns crápulas, mas tem uma família para cuidar.

Guardiões. - Orion. O caçador. #Cte2018Onde histórias criam vida. Descubra agora