XXXI - Crime e punição.

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Ainda estava estática ao ouvir aquelas palavras, já mais pensei em ouvir meu pai me pedir perdão nem em meus sonhos mais mirabolantes, talvez eu o tenha julgado mal ou ver a morte de perto tenha aberto os horizontes dele. De qualquer forma tentaria não pensar nisso por agora, me concentrei em contar tudo o que ouvi dos dois conspiradores, não podia esquecer de nada. Conforme contava a sórdida tramoia de seus dois homens de confiança, o alfa ouviu tudo em total silencio, era impossível saber o que ele pensava.

- Foi isso que ouvi. – Encerrei com um suspiro cansado. Essa história toda era cansativa.

- Porque não vieram a mim quando descobriram a conspiração? – Meu pai questionou interrogativo. Só o que me faltava era que o alfa desconfiasse era de que eu e Orion estivéssemos metidos nessa sujeira.

- Simples caro alfa, você simplesmente não acreditaria em nós. – Orion permaneceu inabalável como um iceberg.

- Não é verdade... – O alfa olhou para o platinado quase magoado.

- Claro que é. Era a nossa palavra contra a dos seus homens de confiança, era capaz de eles virarem o jogo e eu e Zaniar virarmos os conspiradores. – Orion desafiou meu pai a desmenti-lo, o alfa apenas preferiu o silencio. Era uma confirmação de que o platinado estava certo. – Mas isso não vem ao caso, o que interessa é o que o senhor alfa irá a fazer. Creio que seus conselheiros já devem estar a caminho.

- É exatamente isso que estou esperando. Confrontarei Madred e Amadeus diante dos outros conselheiros, assim não terão como negar. – Era uma boa ideia e o meio sorriso na face de meu pai dizia que ele também achava isso.

- Pode funcionar. – Orion assentiu, ele nunca falaria em voz alta ou concordaria abertamente com meu pai, aquele guardião era quase tão orgulhoso quanto um lobo.

- Meu marido. Seus conselheiros chegaram, vai recebe-los agora? – Minha mãe entrou na tenda, ela lançou-me um sorriso amoroso antes de olhar para o alfa.

- Peça-os que entre, por favor, Ophala. – Minha mãe assentiu brevemente antes de sair. Não demorou para os cinco lobos pertencentes ao conselho do alfa entrarem. Um por um eles sentaram-se ao lado do lobo líder escolhendo seus lugares pré-determinados. – Agradeço por terem atendido a meu chamado e sem mais delongas vamos aos assuntos dessa reunião. Primeiro, diante dos serviços prestados para com o clã, a grande e coragem nomeio Zaniah como loba mor do clã. – Sufoquei uma tosse com aquele anuncio, só posso ter ouvido errado.

- Perdão grandioso. – Amadeus estava tão embasbacado quanto eu. – Mas a nomeação de lobo mor é uma grande honra.

- Exatamente Amadeus, é por isso que estou dando a minha filha. Qual sua objeção exatamente? – O alfa lançou um olhar severo para o conselheiro.

- Nenhuma senhor, perdão pela impertinência. – Amadeus baixou a cabeça calando-se, sem deixar passar despercebido seu descontentamento.

- Aceita ser a loba mor do clã Zaniah? – Abri a boca para responder, mas nenhum som saiu. Aquele título me daria os mesmos direitos que o alfa, ou seja, uma ordem minha teria o mesmo peso da do lobo líder. – Por que isso agora?

- Sei que irá abdicar de seu direito pela liderança do clã, não é o meu querer. No entanto, não irei contestar sua decisão. Essa nomeação é a maneira de te dizer que poderá voltar quando quiser e onde quer que vá terá a benção e a autoridade dos lobos deste clã. Aceita o título minha filha?

- Sim... – Não queria, mas estava emocionada.

- Bom. – A sombra de um sorriso ameaçou surgir na face séria do alfa. – O próximo assunto diz respeito a batalha de ontem. Pude jurar ter visto uma sombra de medo na face do chefe de guerra. – Meus caros Amadeus e Madred. Preciso que me expliquem algo.

Guardiões. - Orion. O caçador. #Cte2018Onde histórias criam vida. Descubra agora