Guardiões. - Orion. O caçador. #Cte2018

XXXVI - Aceitação.

            Jamais imaginei que iria gostar tanto de passar a noite dentro de um saco de dormir, claro que com a companhia certa tudo fica muito melhor. Logicamente esses dois itens não andavam de mãos dadas em minha longa existência. Pelo menos não antes de começar a ver as coisas de maneira diferente. Logicamente que Zaniah tem uma boa parcela nesse meu novo jeito de ver as coisas. Tinha que dá o braço a torcer e admitir que a solidão não mais me apetece. Agora me via em um novo dilema, como nós dois vamos dividir um mesmo teto sem que saiamos no tapa todo dia? Mais do que ninguém, sabia o quando posso ser irritante e pode ser totalmente proposital. Para o bem ou para o mal a loba aprendeu isso comigo e agora erámos farinha do mesmo saco.

Pelo menos não podíamos dizer que não daríamos certo por incompatibilidade, Ziah agora era o ar que enchia meus pulmões, a essência que preenche meu ser e admito sem nenhum pudor que ela é o desejo que arde em minhas veias. Céus me transformei no que mais temia, no meu irmãozinho Sky. Ri internamente daqueles pensamentos tão discordantes. Não fazia o meu gênero ser romântico, mas para ela eu queria ser o melhor que conseguia. Não era perfeito nem de longe, mas tentaria ser; porque ela não merecia menos que isso.

Sentindo-me diferente e ao mesmo tempo eu mesmo a abracei e me permiti dormir sentindo o perfume suave de seus cabelos. A manhã chegou mais depressa do que deveria, quando os primeiros raios solares atravessaram as copas das arvores resmunguei não querendo acordar; logicamente já era bem tarde. Meu cérebro estava ligado e operante, mesmo se quisesse não voltaria a dormir. Resignado me contentei em continuar abraçando a loba. Nunca foi de desperdiçar oportunidades, não iria começar agora, após algum tempo Zaniah finalmente deu sinais de que estava acordando.

- Bom dia. – Afastei uma mexa de cabelo que caia sobre sua face.

- Dia... – Ela murmurou em meio a um bocejo.

- Dormiu bem? – Tinha algum problema em ganhar mais um pouco de tempo?

- Muito. – A senti enterrando a face em minha camisa. – Temos mesmo que ir?

- Sim. – Coloquei meu desejo debaixo do tapete, queria muito ficar ali e esquecer a confusão que estava a nossa volta, mas não podia e nem iria. Zaniah também não faria isso, então trabalho primeiro diversão depois.

Partimos depois do café da manhã e seguimos o mesmo ritmo do dia anterior e as mesmas raras paradas. Era cansativo, mas pelo menos a noite nos recompensava e mais uma vez dividimos o mesmo saco de dormir. No meio do terceiro dia de viagem avistamos em uma colina a grande construção que era o castelo de alterf. Não havíamos tido nenhum contratempo pelo caminho o que me fazia esperar que encontrássemos alguma resistência para falar com o guardião; a final as coisas nunca eram assim tão fáceis e quando eram, era uma emboscada.

Cavalgamos até o início da estradinha que levava para o portão da fortificação e como imaginei fomos parados por uma dupla de guardas que cruzaram suas lanças bloqueando nossa passagem.

- Alto! Quem são vocês e o que fazem aqui? – O que parecia ser o chefe tomou iniciativa.

- Viemos trazer informações valiosas para o senhor desse castelo. – A loba não se abalou com a tentativa de nos intimidar.

- Ninguém passa sem ter uma audiência previamente marcada. – Porque um babaca sempre tem de cruzar meu caminho?

- Escuta aqui. – Inclinei-me sobre a sela aproximando meu rosto do rosto coberto por um elmo. – Se não quiser que eu chute esse seu traseiro enlatado até o trono do seu senhor é melhor nos deixar passar. – Pelo canto do olho vi o outro soldado se preparando para nos atacar. – Creio que isso aqui. – Tirei o colar de asas de dentro da camisa. – Sirva melhor que uma audiência previamente marcada, claro que vocês podem tentar a sorte, acreditem vou gostar bastante disso. A decisão é de vocês.