Guardiões. - Orion. O caçador. #Cte2018

XXV - O caçador vira a caça.

Ouçam a música pliase, quando vi a tradução só conseguia ver o Orion na letra. 

***

Já havia sentindo uma miríade de emoções desde que Zaniah retornou para minha vida, e estava confiante de que as surpresas nessa área delicada de meu ser tivessem acabado. Aparentemente estava redondamente enganado. Aquela luta parecia estar ganha, a loba nitidamente brincava com seu adversário e ele não dava sinais de ter percebido isso. Era uma questão de tempo para o combate terminar; no entanto as coisas mudaram de figura. O tal do Ulfric vendo seu precioso clã se voltar contra si encheu-se de coragem e pegou Ziah de surpresa.

Fiquei petrificado assistindo Zaniah sucumbir sobe o aperto dos braços do lobo, minha garganta fechou dificultando a passagem de ar, meu estomago revirou ao vê-la tombando para trás enquanto Ulfric a apertava ainda mais. Os olhos amarelos sempre muito vivos estavam ficando desfocados conforme a inconsciência chegava. A face alva se tingia de vermelho e sua boca abriu sem emitir nenhum som. Fechei as mãos em punhos as sentindo dormentes, tinha certeza de que minha máscara de indiferença não existia mais a muito tempo. Pela primeira vez em minha existência estava experimentando o que era o pânico e regido por esse sentimento gritei chamando por ela. Se Zaniah não reagisse iria parar aquela luta sem me importar com mais nada; mas ela recobrou a consciência e mais uma vez ganhou meu respeito.

Quando acabou a única coisa que queria era tirá-la dali o mais rápido possível, mas ela tinha que receber o que era dela por direito. Teria saboreado por mais tempo a incredulidade e o ego ferido do Alfa, mas Ziah precisava de cuidados. Tratei dos ferimentos dela respeitando seu silencio.

- Pronto. Só precisa descansar agora. – Prendi a faixa em torno de sua cintura para aliviar a dor das costelas machucadas. A loba não me respondeu, analisei sua face triste, sabia que ela queria que o pai demonstrasse nem que fosse discretamente que estava orgulhoso. Quis ir bater um papinho com aquele lobo velho, mas resistiria a essa vontade meu lugar era ali com ela. – Ziah... – Queria fazer algo para mostrar que estava com ela para apoiá-la.

- Ele continua me odiando, tinha a ilusão de que depois que vencesse o desafio meu pai me aceitaria, mas estava errada. – Os olhos marejados dela me fizeram mais uma vez querer quebrar a cara daquele alfa.

- Seu pai é um tolo arrogante. E sinceramente ele não merece uma filha como você. É boa demais para ele ou para qualquer lobo desse clã. – Sabia que era péssimo com palavras e que muitas vezes parecia que tinha o emocional de uma colher de chá. Era mais fácil fingir que não tinha sentimentos, que o coração não passava de uma pedra, ser o caçador e não a caça. Minha máscara evitava que eu sentisse toda essa confusão de agora, mas queria mostrar de algum jeito o que sentia por ela. Agindo quase por impulso toquei a face delicada dela esperando ser afastado, como isso não aconteceu tomei coragem para ir mais além e fiz o que não sabia que ansiava tanto até tocar os lábios dela com os meus.

O que senti a seguir era semelhante ao ataque de pânico de minutos atrás, só que... bom. A adrenalina percorrendo por minhas veias era indescritível e me fazia querer mais. Segurei sua face entre as mãos e aprofundei o beijo, Ziah agarrou-se a minha camisa e passou a travar uma disputa comigo buscando pelo controle da situação. Podia aguentar mais a falta de ar, mas sabia que a loba não tem a mesma resistência que a minha. Afastei-me apenas o suficiente para que pudéssemos respirar.

Zaniah abriu os olhos como se fosse a primeira vez que estava me vendo, não sabia se o rubor em sua face era vergonha, ou se resquício da excitação do momento anterior. Iria falar algo para quebrar aquele silencio que começava a se tornar constrangedor, mas ouvi passos do lado de fora da barraca. Não houve tempo para nos afastássemos, alguém entrou.