Uma carta nunca enviada

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Para ti,

Faz já quatro anos que partiste, e acredites ou não, até hoje eu penso em ti. Bem, eu sempre ouvi dizer que nas nossas vidas irá existir um grande amor, aquele épico e arrebatador! Uma realidade tão absurdamente perfeita que nos faz questionar o que é real. É um sentimento que nos prende a traqueia, dá um nó maciço no nosso estômago e nos rouba o fôlego. Um tipo de sentimento que somente por experiência se poderá acreditar. É o que nos faz ter a certeza que estamos vivos! Parece então que mesmo que por mais que tinha-mos, nunca é suficiente. O amar torna-nos vulneráveis, é como se pela primeira vez o universo à tua volta estivesse realmente a fazer tudo como deve ser. E por acaso tu foste tudo isso na minha vida. Foste o lugar onde eu me encontrei. Desde o dia em que entraste na minha vida que eu me sinto mais eu que nunca. Agradeço ao universo por tudo aquilo que fomos e não fomos. Contudo já cá não estás! Deixaste-me sozinha nesta vida, deixaste para trás dois corpos e levaste contigo duas almas. E eu estou um pouco perdida, isto é, já não tenho a quem recitar a minha poesia caótica. Continuo a assistir ao pôr-do-sol e a declarar o meu amor ao mar, a enterra-lo na areia e a sentir-te em ondas inconstantes. Dou por mim sentada no canto da sala à espera de ouvir o ranger da porta, coisa qual que jamais acontecerá. Espero-te todas as noites, quero-te e desejo-te com cada pedaço de mim. Estou presa pelo teu cheiro na nossa cama, decorei o teu poema favorito, e para além do mais, apenas por ironia, eu que nunca me imaginei fumadora, tenho a minha boca invadida com gosto do teu tabaco favorito. Entretanto, o tempo passa, e sim talvez o mundo tenha razão! Existem coisas que não foram para ser, pois o destino é um grande filho da puta. Tu não estás aqui, e eu sei que a tua partida deste mundo seria inevitável. Mas eu ainda estou aqui, a ler e a reler os versos que me prendem, inspirados por ti, com o teu nome intercalado. Não existe um único dia em que tu não cruzes a minha mente! Mas afinal o que serei eu sem ti? Eu não sei. Quatro anos, e tu és e serás sempre o meu grande amor.

Com amor, 

Lara.

Deixa-me divagarOnde histórias criam vida. Descubra agora