Há-de existir um dia em que vamos perder o rasto, havermos de perder o rasto de todos os nossos sorrisos e lágrimas. Num destes dias eu já não me vou lembrar de como me referia a ti como minha amiga. Tristemente tenho a certeza, eu tenho a certeza que não estaremos na vida uma da outra eternamente. Não veremos os filhos uma da outra e decerto que não saberemos explicar como uma e a outra se apaixonaram, eu não saberei acerca da morte da tua tia ou do teu acidente, e tu não saberás explicar o que aconteceu nos meus 18 anos, tu não estavas lá. Tristemente existirá um dia em que já não seremos amigas, sorriremos de um lado ao outro na sala, mas decerto que já não nos lembraremos do segundo nome uma da outra. A minha mãe já não será tua tia e o meu irmão já não será teu amigo, aquilo que fora a amizade de uma vida foi devorada pela erosão do tempo. E sim, quando esse dia chegar quero que saibas que tens todo o meu amor, quero que sejas feliz, mesmo que seja sem mim. Espero que continues a gostar de massa e que dances de toalha na cabeça, espero que sorrias quando vês uma criança e que continues a rapariga incrível que conheci. Mesmo que percamos o caminho, mesmo que o mundo nos afaste, tu estarás sempre no meu coração. Várias foram as tardes que rimos até a nossa barriga doer, vários foram os dias em que limpaste as minhas lágrimas e dançamos como se nunca fôssemos morrer. Vários foram os dias em que planeávamos os nossos futuros, achando que estaríamos sempre na vida uma da outra. Mas aqui estamos nós, de frente uma para a outra, e eu não me lembro do dia em que já não eras minha amiga. Já não me lembro das feições da tua mãe ou de como nos conhecemos, da última vez que te vi ou do teu último nome. Tristemente o dia chegou, o dia em que o mundo nos afastou e não nos deixou se quer dizer adeus. Portanto escrevo esta carta às duas raparigas que julgavam ser amigas para sempre, que tinham o mundo todo nas suas mãos e eram tão inocentes. Escrevo esta carta às raparigas que somos hoje, ao quanto crescemos e ao quanto vivemos. Tristemente já não somos meninas, somos crescidas e eu não sei verdadeiramente onde erramos, eu não sei quando é que o mundo nos separou. Tristemente chegou o dia, tristemente escrevo-te esta carta, mas com ela entrego-te os melhores anos da minha vida e um amor incondicional, espero que estejas bem e que o mundo seja bondoso para ti, afinal seremos sempre intemporais, seremos sempre nós. Obrigada por teres passado pela minha vida, obrigada por teres feito parte de mim, a ti entrego-te todo o meu coração.
Com amor,
Lara.
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Deixa-me divagar
PoesíaEste livro é junção de corações partidos, aventuras incríveis, amores e amizades épicas, questões de identidade, loucuras das quais nunca falei, dias inesquecíveis e uns quantos que quero esquecer. Este livro, inacabado por agora, os 56 poemas e ca...