Poeta do não saber

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Não sei o que te dizer,

 O que te escrever, 

Se desespero, 

Choro, 

Sufoco, 

Ou grito. 

Eu não sei. 

Contudo sei que jamais seremos para lá destas palavras, 

Jamais estaremos junto do mar, ou olharemos a lua de novo. 

 E tu nunca me entenderás, 

Para ti eu serei eternamente somente mais uma poeta , 

Um lugar bonito para descansar. 

Eu sou madrugadas de prazer, 

Chamadas não atendidas, 

As cinzas do teu cinzeiro, 

Para ti eu sou o esquecimento inevitável. 

Não sei o que somos, 

Quem somos, 

Se somos de facto o que quer que seja. 

Mas por enquanto eu não sei,

Divago e prossigo, 

Continuo a rodopiar nestas frases sem sentido, 

Continuo a tentar entender-te.

Procuro respostas no teu peito masculino que outrora fora partido,

Procuro calor no teu respirar ofegante para escapar aos horrores gelados deste mundo, 

Procuro conforto em ti, 

Em ti que és homem que não ama. 

Portanto o que sei eu? 

 Sei que és homem que não fica, 

És homem que tira, 

Que se alimenta da noite e de caras bonitas, 

 Sei que destróis,

 Consomes, 

Arruínas. 

 Em simultâneo tu levas-me à loucura, 

Fazes com que estas palavras sejam palavras de pura insanidade. 

Fazes com que eu seja insana. 

Logo eu,eu que sempre soube tudo ou achei saber, 

Hoje não sei rigorosamente nada. 

Portanto diz-me o que eu não sei, 

Conta-me histórias absurdas, 

Destrói-me, 

 Consome-me,

 Arruína-me. 

Resolve este enigma, 

Resolve ou desaparece. 

Pois eu estou cansada, 

Sou poeta de muitas palavras, 

Sou poeta do não saber. 

 E Sinto-me ansiosa e acabada, 

Sinto-me completamente apavorada. 

Como tal, 

 Hoje deito a cabeça no teu peito e procuro saber,

 Procuro o que escrever. 

Hoje descanso no teu ser mesmo sabendo que amanhã já terás partido. 

Tu que és homem de cigarro na mão, 

Acendes-me a alma e fazes-me descer aos confins do mundo, 

Tu que jamais ficarás. 

E eu ainda não sei, 

O que escrever,

 O que dizer, 

O que sentir, 

Eu apenas não sei, 

Enquanto isso deito a cabeça no teu peito e faço me poeta do não saber.  

Deixa-me divagarOnde histórias criam vida. Descubra agora