Já se passaram alguns meses desde quantos vimos pela última vez. Já se passaram alguns meses desde que partiste da minha vida, e hoje eu escrevo te uma carta que nunca hás de ler. A verdade é que tu cruzas a minha mente ás vezes, penso em ti bastantes vezes, mais do que aquilo que eu queria. Quando vejo um casal a sorrir um para o outro com a maior das intensidades, quando me sento à beira rio, ou até mesmo quando apanho o eléctrico. A verdade é que tu cruzas a minha mente mil vezes ao dia. E hoje escrevo-te para te contar e falar acerca do lugar em que estou. Desde que partiste apenas penso no quão escuro está, tu apagaste a luz do meu coração. Levaste contigo qualquer Rosa ou empatia, e agora sento-me de frente para o rio a ver as gentes lisboetas na pressa total e reparo que me faltas tu. Penso em tudo o que ficou por fazer, na viagem de autocarro na qual nunca chegámos a embarcar, nas danças que ficaram por dançar, nos cafés que não chegamos a entrar e em todas as ruas na quais não nos perdemos. Hoje olho para o mundo sem ti, pergunto me onde estás e porque raio o mundo haveria de ser tão cruel. Portanto deixa-me contar-te, deixa-me ler-te os milhares de poemas que escrevi na tua ausência e todas as canções que nunca ouviste. Muitas foram as insónias e as noites que passei em branco, numa espera eterna que as pintasses. Ainda estou à espera que me venhas pintar de novo. Espero constantemente, espero imensamente por ti. Mas a verdade é que tu nunca voltarás, nunca mais voltarás para casa. Para debaixo do sol de Outubro que nos embalou em tardes de caos ou até mesmo uma cama de solteiro mal feita. Tu nunca voltarás e eu não sei qual será o caminho, não sei qual será o próximo passo a tomar. Portanto hoje sento-me numa janela qualquer e rezo, rezo da forma mais irónica que sei, rezo por tudo o que perdi. A verdade é que eu não sei, eu não sei o que fazer, e escrevo te uma carta de não saber. Passados tantos meses escrevo te para te dizer que me partiste o coração, para te dizer que eu não sei. Não sei onde nos perdemos, não sei onde te encontras, não sei como não escrever acerca de ti. Pois já se passaram alguns meses mas eu continuo aqui, aqui sem saber. Não sei mais o que dizer, despeço-me de ti com todo o meu não saber.
Com amor,
Lara.
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Deixa-me divagar
PoetryEste livro é junção de corações partidos, aventuras incríveis, amores e amizades épicas, questões de identidade, loucuras das quais nunca falei, dias inesquecíveis e uns quantos que quero esquecer. Este livro, inacabado por agora, os 56 poemas e ca...