Capítulo 18

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  "Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por elas."

Leonid Pervomaisky

Enquanto Melody dormia no leito da Clínica, fui até meu apartamento buscar uma roupa e sua bolsa, pois me foi solicitado seus documentos.

Eu estava atordoado e com o coração esmagado de saber o diagnóstico. Sabia da gravidade e das sequelas que ela poderia ter.

Mais uma vez eu chorei, sem me importar com meu motorista que calado nos conduzia ao apartamento.

Subi as escadas e entrei no quarto de hóspedes. Os pertences de Melody estavam sobre a cama. Peguei uma roupa confortável no closet, sua escova de dentes e a bolsa que estava aberta.

Não me passaram despercebidas algumas fotografias em seu interior.

Analisando elas, meu estômago revirou e a vontade que eu tive era de matar meu pai, se ele ainda estivesse vivo.

Eram fotos muito antigas, que mudariam drasticamente a história que me foi contada desde a minha infância.

Fico imaginando a confusão na cabeça de Melody...

Peguei algumas delas e deixei outras.

Teria de dar o máximo de atenção agora para o amor da minha vida e cuidar dela.

Depois que Melody se recuperar, verei o que farei com aquelas informações contidas nas fotos. As imagens tinham muito a dizer.

Voltei para a Clínica e Melody já estava acordada, mas ainda sob o efeito da medicação.

− Oi, meu amor. – aproximei beijando-lhe a testa.

− Oi... vc... me chamou... de... meu amor? – ela sorriu abrindo e fechando seus olhos.

− Chamei... porque é isso que você é para mim... meu amor! Agora descansa e amanhã conversaremos.

Beijei-lhe os lábios com ternura e ela imediatamente adormeceu.

Neste tempo meu celular tocou e o identificador me dizia que era de São Paulo.

− Leonardo Mello falando.

− Boa noite, meu caro, me desculpe ligar a esta hora, mas precisava falar com você urgente!

Reconheci a voz do outro lado.

− Grande Maestro Rafael Bortenho, que honra receber sua ligação, como está?

− Estou bem, espero que você e a senhorita Melody estejam bem também...

− Não, meu amigo...

Depois de relatar os últimos acontecimentos, depois do nosso encontro no restaurante, ele fez questão de vir até a Clínica.

Encontramo-nos no hall de entrada.

Ele me deu um abraço e me segurei para não derramar mais lágrimas.

− Que maravilha que sua visão voltou, Leonardo... isso é incrível! E como ela está? – perguntou preocupado.

− Está dormindo, por conta dos remédios, mas está bem. Ela ainda não sabe do seu diagnóstico e sinceramente... não sei como lhe dar a notícia... bem... o Doutor Guimarães irá falar com ela, mas estou tão perdido meu amigo...

− Calma, Leonardo, tudo vai acabar bem! Sei que as circunstâncias não são boas no momento para a proposta que tenho, mas talvez possa te animá-lo. – sorriu esperançoso.

Notas de Esperança (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora