"Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por elas."
Leonid Pervomaisky
Enquanto Melody dormia no leito da Clínica, fui até meu apartamento buscar uma roupa e sua bolsa, pois me foi solicitado seus documentos.
Eu estava atordoado e com o coração esmagado de saber o diagnóstico. Sabia da gravidade e das sequelas que ela poderia ter.
Mais uma vez eu chorei, sem me importar com meu motorista que calado nos conduzia ao apartamento.
Subi as escadas e entrei no quarto de hóspedes. Os pertences de Melody estavam sobre a cama. Peguei uma roupa confortável no closet, sua escova de dentes e a bolsa que estava aberta.
Não me passaram despercebidas algumas fotografias em seu interior.
Analisando elas, meu estômago revirou e a vontade que eu tive era de matar meu pai, se ele ainda estivesse vivo.
Eram fotos muito antigas, que mudariam drasticamente a história que me foi contada desde a minha infância.
Fico imaginando a confusão na cabeça de Melody...
Peguei algumas delas e deixei outras.
Teria de dar o máximo de atenção agora para o amor da minha vida e cuidar dela.
Depois que Melody se recuperar, verei o que farei com aquelas informações contidas nas fotos. As imagens tinham muito a dizer.
Voltei para a Clínica e Melody já estava acordada, mas ainda sob o efeito da medicação.
− Oi, meu amor. – aproximei beijando-lhe a testa.
− Oi... vc... me chamou... de... meu amor? – ela sorriu abrindo e fechando seus olhos.
− Chamei... porque é isso que você é para mim... meu amor! Agora descansa e amanhã conversaremos.
Beijei-lhe os lábios com ternura e ela imediatamente adormeceu.
Neste tempo meu celular tocou e o identificador me dizia que era de São Paulo.
− Leonardo Mello falando.
− Boa noite, meu caro, me desculpe ligar a esta hora, mas precisava falar com você urgente!
Reconheci a voz do outro lado.
− Grande Maestro Rafael Bortenho, que honra receber sua ligação, como está?
− Estou bem, espero que você e a senhorita Melody estejam bem também...
− Não, meu amigo...
Depois de relatar os últimos acontecimentos, depois do nosso encontro no restaurante, ele fez questão de vir até a Clínica.
Encontramo-nos no hall de entrada.
Ele me deu um abraço e me segurei para não derramar mais lágrimas.
− Que maravilha que sua visão voltou, Leonardo... isso é incrível! E como ela está? – perguntou preocupado.
− Está dormindo, por conta dos remédios, mas está bem. Ela ainda não sabe do seu diagnóstico e sinceramente... não sei como lhe dar a notícia... bem... o Doutor Guimarães irá falar com ela, mas estou tão perdido meu amigo...
− Calma, Leonardo, tudo vai acabar bem! Sei que as circunstâncias não são boas no momento para a proposta que tenho, mas talvez possa te animá-lo. – sorriu esperançoso.
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Notas de Esperança (Completa)
General FictionMelody Stuart, uma musicoterapeuta, não imaginava que a sua vida mudaria drasticamente, depois de conhecer seu possível cliente, Leonardo Mello: um maestro, pianista e cego. Ela vê nele um grande desafio em sua carreira, mas o primeiro encontro frus...