Capítulo 10

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Leonardo Mello

Eu sinto raiva! Apesar de ter dito a Melody que era um sentimento extremo.

É uma raiva que consome meus dias que são na completa escuridão!

O acidente tirou-me muitas coisas, mas não o desejo de vê-la sofrer pelo que fez.

Aquilo tornou meus dias obscuros e me fechei para o mundo. Sair de casa era o meu tormento, o qual evitava a todo custo.

As idas até a Clínica era o máximo que conseguia realizar.

Mas a música ainda era o meu refúgio, além do quarto, onde me alimento da vingança.

Tocar trazia-me paz, mas a solidão foi a minha escolha. Todos os meus amigos se afastaram, não por que quizeram isso - eu os afastei.

A única pessoa que permaneceu por dois anos, por insistência de minha mãe, foi Patrícia.

Filha do Dr. Hugo, que cuidou de mim durante os meses em que fiquei internado.

Patrícia é uma excelente pediatra e passou a me visitar sempre que estava de plantão.

Ela me viu acordar do coma, me ajudou em minhas dificuldades pela perda da visão. Sou muito grato a ela, mas eu nunca a amei.

O amor só conheci com ela – Cristina. Esse era o seu nome. – sorri, mas de amargor com as lembranças que ainda povoavam minha mente.

Bem, Patrícia e eu, iniciamos um relacionamento que acabou do mesmo jeito que começou – inesperado.

Hoje somos grandes amigos, apesar dela ainda dizer que sente algo por mim.

Eu não poderia atrapalhá-la, com minhas limitações. Tão jovem e cheia de vida! E como estava obcecado pela vingança, nem percebi o dia em que acabou.

Simplesmente ela deixou de aparecer. Viajou para o exterior e retornou há pouco tempo.

E num belo dia, eis que surge Melody Stuart - a Musicoterapeuta.

Menina petulante e teimosa que conseguia me deixar confuso e esquecer-me do desejo em arruiná-la.

Meu primo Erik só é uma peça neste jogo, mas preciso tomar cuidado com suas garras sobre Melody.

Muita coisa aconteceu durante o coma, que minha mãe contou meses após voltar para casa, o que aumentou minha sede por vingança.

Erik não sabe, mas ele também está no pacote. Vai se arrepender pelo que fez.

Enquanto isso... vou me divertir um pouco mais com a senhorita Stuart e não vou esperar pelo próximo encontro.

Olhei-me no grande espelho do banheiro. A visão ainda era turva, mas ninguém poderia saber disso.

Melody

Na manhã seguinte, estava um caco.

Não tinha pregado o olho e minha cabeça latejava. Tomei o analgésico que já era meu aliado e fui tomar um banho para acordar, pois a busca por respostas começaram.

Meu celular começou a tocar e no visor denunciava que era mamãe.

− Olá mamãe.

Notas de Esperança (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora