Notas de Esperança (Completa)

Capítulo 31

A música me transporta para um mundo no qual a dor não cessa de existir, mas solta-se e tranquiliza-se.

Marguerite Yourcenar

Depois de passarmos algum tempo conversando, meus avós voltaram para seu quarto, enquanto eu e Leo ficamos na sala e meus pensamentos eram um turbilhão.

Ele segurou minhas mãos e as beijou.

− Sei que amanhã é a sua viagem... falei com Sarah, aliás, foi ela quem me incentivou a vir até aqui hoje.

− Você falou com minha mãe? Com sua...

− Minha mãe?! – sorriu. – Há um mês atrás, enquanto estava na Áustria recebi a visita de seus pais e foi a coisa mais incrível que me aconteceu, Mel. Eu estava amargurado lá, percebi que aquilo que um dia fora um sonho, já não fazia mais sentido. Então tive uma das conversas mais estranhas que já tive em toda minha vida com Sarah e seu pai. – ele riu.

− Puxa... isso realmente é incrível, Leo. Mamãe não me disse nada a respeito. – torci o nariz, fazendo com que ele o tocasse com a ponta do seu dedo indicador.

− Queria te fazer uma surpresa, então pedi para que eles não falassem nada.

− É... e conseguiram. Uma surpresa e tanto... – baixei minha cabeça, lembrando das palavras hostis que ele me disse há um tempo atrás.

− Hei, Mel... fui um completo idiota em pensar e ter dito aquelas coisas a você, a pessoa que mais foi prejudicada em toda esta história. – ergueu minha cabeça para olhá-lo e vi sinceridade em suas palavras.

− Eu só quero levar uma vida normal e acho que estou conseguindo, enfim. – sorri de lado. – Minha vida ganhou sentido, quando levei a Musicoterapia ao Hospital de Câncer.

− Seus olhos brilharam quando você mencionou o Hospital... fico muito feliz e orgulhoso que minha futura esposa com o dom maravilhoso que Deus te deu, usar para ajudar o próximo, levar alegria e conforto. – deu um sorriso lindo.

− Futura esposa? – será que ouvi bem?

− Sei que esta será a terceira vez que faço o pedido, mas não me importa a quantidade e sim que você aceite e me faça o homem mais afortunado deste planeta. Porque sem você, Melody Stuart, minha vida não faz sentido!

Ele segurava firme minhas mãos e seus olhos brilhavam intensamente, aguardando minha resposta.

− Bem... e como fica a Áustria? Eu não posso abandonar as crianças do hospital agora...

− Mel, nunca pediria uma coisa dessas. Ficarei aqui em Curitiba, ao seu lado... tenho mais esta surpresa para você. – olhei para ele intrigada.

– Fui contratado como Regente da Orquestra Filarmônica de Curitiba, não sairemos daqui tão cedo.

Eu mal podia acreditar. Saltei em seu coloco e o abracei com todas as minhas forças.

− Posso considerar isso um sim? – perguntou próximo a minha orelha, me causando arrepios.

− Sim, sim, sim... mil vezes sim!

Nos beijamos mais uma vez com intensidade e só paramos quando ouvimos um barulho no pé da escada.

Sentei-me ao lado de Leo e avistei meus avós nos olhando com curiosidade.