Capítulo 4

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"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende."

Arthur Schopenhauer

Vários vestidos estavam sendo jogados em cima da minha cama. Um após outro, depois te testá-los.

Por que estava com tanta dificuldade em escolher um deles? Por que estava tão nervosa? Seria porque tinha um encontro marcado com a pessoa que estraçalhou meu coração?

Aquilo era mais um erro.

Peguei o meu celular, decidida a digitar o número do Erik e cancelar, mas eu era covarde. Droga! Que bela enrascada fui me meter.

− Você nunca aprende, Melody?! – disse para mim mesma vendo meu reflexo no enorme espelho do closet.

Peguei o vestido preto, estilo tubinho, que realçava minhas curvas e vesti-o. O que vi diante do espelho: uma mulher desesperada, tentando seduzir o ex-noivo.

Arranquei-o e coloquei um mais discreto, também preto, mas sem muitos decotes e soltinho abaixo da cintura. Prendi meu longo cabelo num coque e fiz uma leve maquiagem. Um salto alto preto e uma pequena bolsa complementava meu look gótico.

Dei um longo suspiro. O porteiro interfonou avisando que um motorista, contratado por Erik, estava a minha espera. Ele não poderia vir pessoalmente me buscar, pois estaria ocupado demais com os últimos detalhes para a grande noite. Olhei meu reflexo pela última vez e sai rumo ao teatro.

O lugar estava lotado, mas ao me identificar na recepção, uma moça muito bonita e elegante me conduziu a um acento em um dos camarins próximo ao palco, acima da plateia. Uma vista privilegiada.

Olhei para baixo, visualizando os músicos já prontos para receber o maestro da noite.

− Senhorita Stuart, cortesia do Maestro Erik Molinos.

Um rapaz de terno e gravata borboleta, muito elegante, surgiu no camarim com um buquê de rosas vermelhas e perfumadas.

− Oh! Muito obrigada! – corei.

O rapaz foi embora e abri o pequeno cartão preso ao buquê.

"− Para a mulher mais linda da noite! Feliz Aniversário! Com amor, Erik."

O que Erik pretendia? Eu não posso cair nos seus encantos novamente.

Cheirei mais uma vez as rosas e as coloquei em cima de uma mesinha lateral.

Quando estava me recuperando daquela surpresa, dois outros rapazes apareceram com uma bandeja contendo taças e champanhes.

− Com licença, senhorita. O Maestro deseja que aprecie a apresentação desta noite.

Agradeci com um sorriso.

Peguei uma das taças e beberiquei do champanhe.

− Hummm, delicioso! Mas por que as outras taças? – perguntei a um deles.

− Aguardamos os outros convidados do Senhor Molinos. Com licença, senhorita.

Retiraram-se e eu fiquei imaginando quem seriam os "outros convidados".

Os pais de Erik já haviam falecido há muito tempo. Ele tinha uma tia que nunca me apresentou, pois eram brigados. Talvez tenham se reconciliado e seja esta a quem mencionou sobre o jantar.

Notas de Esperança (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora