Notas de Esperança (Completa)

Capítulo 32 - Final

Nunca estive tão nervosa, quanto ao grande dia em que Leonardo iria estrear a sua regência na Orquestra Sinfônica do Paraná, no Teatro maravilhoso de Curitiba.

Dois anos de muita dedicação ao estudo, lá estava ele, lindo em seu fraque típico de um maestro.

− As flores não param de chegar, amor. – disse me entregando um belo buque de lírios e pela décima vez, se agacha e beija minha barriga de quase nove meses.

− São lindas.

Passei meus dedos pelos cabelos dele, cuidando para não o bagunçar.

− Não chegam a seus pés, Mel. Sério! Esperando nosso filho, você está ainda mais radiante.

Ele se ergueu e tomou meus lábios nos seus. A sensação que ele me causava, cada vez que me tocava, ainda fazia minha cabeça girar.

− Eu te amo!

Declarei assim que ele se afastou.

− Eu a amo. Você me tirou da escuridão, me trazendo luz e ar fresco.

Leonardo abriu seu sorriso lindo, enquanto eu o abraçava.

Leves batidas na porta nos interromperam.

A família toda adentrou, deixando o camarim apertado.

Todos queriam abraçar e desejar parabéns a Leonardo.

Miriam se posicionou ao meu lado sorrindo.

− Ele é perfeito!

− Concordo plenamente... – olhei para ela. – E onde está Pedro?

− Ah, ele preferiu ficar me esperando do lado de fora...

− Mamãe, já se passou tanto tempo... se a senhora está feliz, quem sou eu para ir contra?

Leonardo, ouvindo nossa conversa, foi até a porta puxando Pedro pela camisa e o abraçou.

Pude perceber a emoção nos olhos de Pedro.

− Obrigado, Pedro, por cuidar de nós!

Leonardo manifestou, segurando a mão de Miriam e depois abraçando os dois ao mesmo tempo.

− Nós te amamos, filho.

Mamãe e papai, comovidos com a cena me abraçaram.

− E nós te amamos, filha.

− Ah papai, mamãe, vão me fazer chorar... também os amo, muito! Obrigada por ficarem neste dia tão importante para o Leo.

− Não podia ser diferente, Mel.

Leo havia se aproximado de nós e pegou a mão de mamãe.

− Obrigado Sarah, Richard, por estarem aqui! É muito importante para nós. – Leo beijou a testa de mamãe e ela o abraçou em seguida.

Outra batida se ouviu, interrompendo a onda de emoção dando lugar a expectativa.

− Está na hora, maestro.

Um jovem veio chama-lo.

− Obrigado. – Leo se virou para nós e sorriu lindamente. – Esta noite eu dedico a vocês minha família... o meu porto seguro.

Quatro anos depois...

− Mamãe, quantos avôs eu tenho?

Os pequenos olhos curiosos de Benjamim estavam pousados sobre a foto que tiramos no camarim do Teatro há quatro anos atrás.

Pequei o porta retrato e novamente contei a ele sobre seus três avôs.

− Este é meu pai, este é o padrasto do seu papai e seu outro avô iremos encontra-lo amanhã.

Leonardo iria busca-lo no presídio ao meio dia. Enfim a sentença havia acabado e o grande dia chegara.

− Papai...

Benjamim correu para a porta da frente, assim que ouviu o barulho do carro.

− Oi meu filho, senti saudades...

− Mas, você saiu tinha luz, agora está escuro...

− Mesmo assim, o papai sentiu sua falta... e da mamãe também.

Ele se aproximou me beijando.

− Como foi seu dia?

− Tranquilo, apesar da turbulência em meu estômago... ansioso por amanhã...

Sorriu de lado.

− Imagino, meu amor, pois eu também estou ansiosa.

Miriam acabou se mudando com Pedro, foram morar na Europa, deixando a mansão para nós.

O quarto escuro que antes era o terror de Leonardo, não existia mais.

A reforma foi grande, mudamos muita coisa, era praticamente outra casa, pelo menos no interior.

Suspirei.

Nunca estive tão feliz!

Minha maior riqueza estava ali, Leonardo e Benjamim, os homens da minha vida.

Estávamos libertos das amarras e da amargura que a falta de perdão trazia.

Até a Erik resolvemos perdoá-lo, apesar de nunca mais ter nos procurado. Soubemos por Miriam que ele estava na África.

O amor supera qualquer coisa. Traz luz onde há escuridão.

O amor é uma escolha.

E minha família escolheu amar.

Fim