"Não se iluda, pequena, não fique esperando na janela o passado voltar. Se foi é porque teve de ir. Se foi, é porque não era pra ficar."
La Lua Cantante
Depois de deixar Andréa a par de toda a história trágica da minha vida, ela não permitiu que eu fosse me encontrar sozinha na casa de Erick.
Então marquei aquela fatídica conversa em minha clínica as dezoito horas.
− Estarei bem ali, na recepção, ok?!
O olhar de amiga super protetora que ela me lançava me fez rir.
− O que acha que ele pode fazer comigo? Me sequestrar? Me matar?
− Não ria, Mel! Nunca se sabe o que um ser daquele é capaz!
Pensando bem, ela tinha um pouco de razão, contando tudo o que Erick fez. Suspirei e olhei as horas no relógio de parede, constatando que se aproximava das dezoito horas.
O interfone tocou exatamente no horário marcado. Nisto Erick sempre foi exemplar.
Ouvi Andréa o tratar com profissionalismo e o levou até minha sala.
Ele estava lindo de camisa de mangas curtas e calça jeans desbotada. Sorriu ao me ver, mas não consegui retribuir.
− Boa noite, Erick, por favor, sente-se. – indiquei a poltrona em frente à minha mesa.
− Boa noite, Melody. – sentou-se sem tirar seus olhos de mim. – Soube do que houve em São Paulo e sinto muito, mas meu querido primo não permitiu minha presença.
Não conseguia ver sinceridade em suas palavras, não depois de toda mentira e sua conotação exalando falsidade.
− Vamos direto ao assunto: por que me fez acreditar que éramos noivos? – cruzei os braços como se aquilo fosse me proteger de mais mentiras e também para esconder a palpitação em meu peito.
− O que? Eu... eu... – passou suas mãos pelos cabelos suspirando.
− A verdade... pelo menos uma vez na sua vida, me diga a verdade!
Ele se levantou e passou a andar de um lado para outro, encarando seus próprios pés e então voltou a se sentar.
Eu não desviava meus olhos dele.
− Tudo bem, você merece a verdade. – disse estendendo sua mão para a frente, visivelmente abalado.
− Estou ouvindo.
− Naquela noite... – limpou sua garganta antes de continuar. – Eu fui até o hospital temendo que a tinha perdido de vez. – apertei meus olhos, tentando entender o que ele queria dizer. – Sim, Melody, eu sempre a amei, sempre a desejei... quando Leonardo a apresentou no dia do seu aniversário, eu quis você para mim. Então, depois do acidente, eu não saí de perto de você, acompanhava todos os boletins médicos, conversava com você enquanto estava em coma... e então em uma noite de visita você acordou. – sorriu de lado, soltando uma respiração pesada. – Você me olhou e apertou minha mão que segurava a sua. Melody, foi o dia mais incrível da minha vida! Lá estava você, viva e me olhando com ternura. O mais incrível, Melody, foi que você me reconheceu, chamou meu nome.
Eu não sabia o que dizer. Erick parecia ser sincero, mas aquilo não diminuía seus erros.
− Eu fiquei tão feliz, tão feliz que saí pelos corredores atrás do médico e logo o encontrei, então fomos correndo até seu quarto e lá estava você, acordada e sorrindo. – o doutor a examinou e fez algumas perguntas, as quais você não se lembrava, nem seus pais você reconheceu, apenas se lembrou de mim e como eu a amava, induzi você a pensar que éramos noivos... eu sinto muito, Mel... eu não devia...
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Notas de Esperança (Completa)
Ficção GeralMelody Stuart, uma musicoterapeuta, não imaginava que a sua vida mudaria drasticamente, depois de conhecer seu possível cliente, Leonardo Mello: um maestro, pianista e cego. Ela vê nele um grande desafio em sua carreira, mas o primeiro encontro frus...