Ainda não acabou

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-O que você pensou que estava fazendo Gabriel? Você tem noção do que fez? David esbravejou irritado vendo o garoto se largar na cadeira, despreocupadamente como se sumir com o carro do pai no meio da noite fosse normal.

-Eu só fui à uma festa. Nada demais. Só por que eu não pedi o carro emprestado? Por isso todo o estardalhaço? Ele ergueu a sobrancelha vendo o pai se irritar ainda mais.

-Um dia você ainda vai matar alguém garoto. Já cansei de te falar para não dirigir bêbado.

-Eu não estava bêbado. Gabriel protestou, sabendo que aquilo era mentira e viu quando o pai tirou uma garrafa de Vodca já vazia, debaixo da mesa dele.

-E o que essa garrafa estava fazendo dentro do meu carro? Eu não bebo isso. Será que foi um fantasma? O homem perguntou irônico enquanto o garoto se levantava da cadeira.

-Parece que nunca fez nada errado na vida, não é? Isso é algum tipo de castigo? Gabriel esbravejou ficando frente à frente com o pai.

-Eu tenho feito meu melhor, tenho tentado te dar o melhor. Mas nunca parece o suficiente para você! David falou se sentindo já sem força.

-Tentou seu melhor quando traiu a minha mãe também? O garoto perguntou sentindo um nó desatando na garganta -Se você não me queria por perto, poderia ter dito. Eu estava bem feliz lá na Transilvânia. Sem ninguém pra me dizer o que fazer ou como fazer, não se preocupe. Não vou pegar mais seu carro precioso. Não me espere para o jantar. Ele retrucou saindo porta afora e foi direto para o estacionamento, de encontro a sua moto que ali estava estacionada. Irritado, o garoto dirigiu furiosamente até o outro lado da cidade, onde seu amigo Harry tinha aberto um bar chamado "Curse." Gabriel ia todas as noites naquele bar depois que sua mãe descobriu a traição do pai. Ele se embebedava por horas, se agarrava com algumas garotas no banheiro e ia embora, dirigindo perigosamente.

-O que vai querer Gabs? Joyce perguntou apoiada no balcão enquanto o garoto sentava na banqueta sem delicadeza alguma.

-Gin, muito Gin. Ele falou dando uma espiada no decote da garota e se lembrou quantas vezes havia deslizado as mãos pelo corpo dela, as vezes que havia emaranhado os dedos na cascata de cachos chocolate e aquele sorriso radiante que de alguma forma lembrava Stacy.

-Você quem manda. Ela sorriu dando de ombros indo pegar a garrafa na prateleira. A mente de Gabriel vagou para Stacy, a garota dos cabelos loiros dourados e olhos castanhos escuros, que pouco se importava com ele ser o filho do diretor, e tinha muito talento com futebol. E aquilo o fazia se lembrar dele mesmo, de como tivera chegado tão longe e se perdera no caminho, Gabriel havia jogado tudo para o alto quando descobriu que o pai traíra a mãe com a tia distante da Austrália. Ele havia sido o melhor filho que podia e mesmo assim, quando tudo aconteceu, ele se sentiu como se nada fizesse sentido. -Gin. Joyce disse deixando o copo em cima do balcão e pegou um folheto, pendurando um cartaz de um festival na semana que vem.

-O que é isso ai? Ele apontou curioso vendo ela dar de ombros, ainda com a atenção na tarefa

-Vai ter um concurso de bandas semana que vem. Harry está super animado, já vendemos mais de oitenta entradas.

-Ei Joyce. Uma garota de cabelos avermelhados cumprimentou a garçonete enquanto se sentava do outro lado de Gabriel. -Já comprei meus ingressos, ela disse olhando para o panfleto que Joyce pendurara junto do balcão.

-Vai ser uma loucura, tenho quase certeza que vamos lotar. Ela disse passando uma flanela em cima do balcão, limpando rapidamente.

- Eu quero muito ver os Renegados. A garota falou empolgada tomando um copo de suco de frutas

Fighter: Uma Luta Pela VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora