Gabriel abriu os olhos um tanto incomodado e tentou olhar ao redor, sentindo algo preso em sua mão. A cabeça doía quando percebeu uma mulher toda de branco aplicando algo em seu braço.
- Quem é você? A voz rouca do rapaz sussurrou vendo um sorriso brilhante surgir no rosto da mulher.
- Sua nova acompanhante nessa jornada, mas só porque fui com a sua cara pode me chamar de Ana. A doutora sorriu aplicando mais uma dose de medicamentos no braço do rapaz.
- Que porcaria de lugar é esse? O garoto resmungou tentando se sentar na cama, mas o efeito dos remédios ainda era grande sob si. – O que estou fazendo aqui?
- Está aqui para se limpar. Largar o que te trouxe para cá. Ela disse de modo incógnito e sorriu pegando a ficha dele, analisando o caso que tinha sido entregue em suas mãos.
- Eu deveria ter morrido. Gabriel confessou se lembrando do rosto de Stacy e de sua expressão quando ele dissera que não aguentava olhar para ela. Era um monstro. Se sentia como um. – Aonde é esse lugar?
- Transilvânia. Aposto que vai amar a hospitalidade. Ela sorriu observando o garoto enquanto segurava a prancheta.
- Conheço bem a área. Quero que me deixe em paz. E quem me colocou aqui... Que vá para o inferno. Ele retrucou carrancudo, escutando a mulher rir baixo e concordar enquanto caminhava para a saída.
- Cuidado anjinho. As coisas aqui são bem difíceis, se quer saber. Ana explicou fechando a porta e deixando-o ali, encarando aquele conjunto de paredes e cortinas brancas. A mente de Gabriel voltava vez ou outra para Stacy, lembrando da figura dela na cama, sabendo que não voltaria à andar, que a futura liga não seria um sonho próximo e que ela o devia odiar agora. O rapaz se sentou na cama tentando analisar o ambiente ao seu redor, mas tudo que lhe foi possível visualizar foram as grades nas janelas e uma paisagem verde à certa distância. Estava mesmo muito longe de casa e sem dúvidas, o pai tinha lhe internado naquela clínica esperando se livrar de toda a confusão. Uma garota de cabelos negros na altura dos ombros entrou no quarto com uma bandeja nas mãos e sorriu cordialmente, mesmo percebendo o mau humor do paciente.
- Trouxe seu almoço, Sr Johnson. Depois que comer, esperamos que venha para o quintal aproveitar um pouco do ar puro. Ela sorriu deixando a bandeja na cabeceira da cama e partiu em seguida, sem esperar resposta. A comida não estava com uma das melhores caras, mas Gabriel estava faminto e mal se importou com o gosto. Não levou muito tempo até a mesma mulher surgir na porta convidando-o para segui-la para fora. Como não se lembrava do tempo que ficara dormindo e nem aguentava mais olhar para aquelas paredes, ele aceitou a proposta da mulher.
O pátio da clínica parecia uma floresta particular, totalmente arborizado, com várias esculturas pelo caminho e uma pequena fonte de água em formato de jarro. Gabriel encarou o ambiente e respirou fundo sentindo todo aquele ar preencher seus pulmões. Talvez ficasse ali para sempre. Ninguém sentiria sua falta mesmo. Ele pensou com um sorriso e acompanhou a mulher, que caminhava calmamente pelas trilhas de ladrilhos vermelhos alcançando um círculo de pessoas sentadas no chão. Todas vestidas de branco, pacientes.
- Vamos começar. A mulher sorriu batendo palmas de modo excitado e o garoto rolou os olhos imediatamente. Sentou-se a contragosto e encarou os rostos ali presentes. A maioria se tratava de jovens assim como ele, Gabriel apenas ficava imaginando se algum deles teria feito uma besteira tão grande quanto ele.
- Alguém quer compartilhar algo? A mulher perguntou olhando para todos, que se mantinham em silêncio. Tão relutantes quanto Gabriel, ele se sentiu feliz por um mínimo momento.
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Fighter: Uma Luta Pela Vida
RomansaA vida tem suas batalhas diárias e cada problema pode parecer o fim do mundo, mas quando o fim de um sonho chega, o que se deve fazer? Stacy Curtis sonha em entrar para um grande time de futebol, com o apoio de seus amigos da banda Renegados, ela se...