Vai me Dar Banho?

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- Tudo bem? James sussurrou em seu ouvido enquanto a mão permanecia no ombro da garota.

- Claro. Tudo ótimo. Ela sorriu recostando sua cabeça no ombro dele. – Acho que deveríamos ir para casa, estou exausta.

- O dia deve ter sido cansativo. James disse se levantando, ao mesmo tempo que os outros reparavam nos dois. – Estamos indo, Stacy precisa descansar.

- Claro. July concordou dando um beijo na bochecha da amiga enquanto os amigos lhe davam “tchauzinhos" animados.

- Posso te fazer uma pergunta? Promete que não vai se chatear comigo? Stacy disparou assim que James a colocou no carro e estava pronto para virar a chave.

- Você sabe que não ficaria chateado com você. O rapaz afirmou começando a dirigir em seguida.

- Sabe de Gabriel? Ela ergueu a sobrancelha esperando que ele não reagisse bem. – Não quero...

- Ouvi dizer que ele ainda está na clínica. James respondeu despreocupadamente. – Harry conversou com os pais dele, parece que Gabriel voltou a estudar.

- Isso é bom. Ela respondeu sem muita emoção e ficou em silêncio logo em seguida. O namorado olhou para ela esperando mais alguma coisa, mas Stacy sequer abriu a boca.

- Sente ódio dele? Algo assim? James perguntou curioso sentindo a mão dela na sua, ao mesmo tempo que a garota encostava a cabeça no banco do carro.

- Eu só... Queria saber que tipo de vida ele estava vivendo. Não sei se sou capaz de perdoar, mas não espero que ele viva uma vida infeliz. A garota justificou sentindo o aperto da mão de James na sua. – Te amo.

- Também te amo. Muito. O rapaz sorriu seguindo para a casa dela com toda a calma do mundo. James sentia a mesma coisa em relação à Gabriel, ele jamais conseguiria esquecer tudo que fora feito à Stacy, mas sabia que desejar uma vida horrível para ele não seria algo justo. O destino sempre se encarrega dos castigos. Era o que sua mãe costumava dizer e James acreditava completamente naquilo.

- Amanhã os jogos começam. Estou animada. Pode ir comigo? Stacy sussurrou se sentindo um tanto sonolenta assim que o rapaz estacionou em frente à sua casa.

- Claro. Ainda tenho tempo livre. Ele sorriu lhe beijando a mão e encarou a namorada em seguida. – Está tudo bem?

- Só estou cansada, mesmo. Ela sorriu bocejando em seguida. – Não sei porque estou tão cansada. Stacy resmungou um tanto preguiçosa. – De volta aos campos.


1 semana depois


- Você acha que ele vai nos receber bem? Joyce perguntou se sentindo um tanto apreensiva e segurou a mão do noivo com mais força.

- Vai ficar tudo bem. Relaxe. Harry afirmou calmamente enquanto aguardavam na sala em frente à um jardim bem cuidado e cheio de pacientes sentados na grama. – Ouvi dizer que ele está melhor, parece até que está estudando.

- Isso é incrível. A garota sorriu ao mesmo tempo que a figura de Gabriel surgiu nos corredores juntamente com uma mulher branco. Joyce se sentiu um tanto apreensiva ao ver a doutora, mas relaxou instantaneamente ao ver como os dois conversam de modo animado.

- Simplesmente não acredito que conseguiu conversar com ela sem problemas. Anna disse ainda caminhando ao lado do rapaz até seus amigos que o haviam vindo visitar.

- Sou um príncipe praticamente, quem se atreveria a fazer mal à esse rostinho? Ele falou abrindo um de seus sorrisos sarcásticos recebendo um tapa no ombro.

- Você se acha demais, não é? Ela fez uma careta e os dois cortaram a conversa assim que se aproximaram dos amigos do rapaz. – Bom dia. Anna sorriu, mantendo seu tom cordial cumprimentando Harry e Joyce.

-Está é a doutora Anna, ela tem sido meu anjo da guarda aqui. Gabriel disse tocando nos ombros da mulher com carinho e ela o encarou franzindo o cenho. - Vamos bancar os civilizados.

-Quanto tempo! Harry sorriu abraçando o amigo com força. - Que bom ver que você tomou jeito. O homem falou batendo nas costas do amigo suavemente. - Conte como estão as coisas.

-Eu preciso ver um paciente, fiquem a vontade. Anna falou com um sorriso virando-se para o corredor e saiu rapidamente.

-Não diga que está pegando a doutora. Joyce brincou abraçando o garoto e sorriu ao perceber a expressão no rosto dele. - Gabriel...

-Qual é, ela está comigo desde o dia que cheguei aqui... Desenvolvi algo, não é porque é proibido... Se bem que eu curto muito o proibido. O garoto ponderou rindo logo em seguida. - Como vocês estão?

-Estamos bem, mas queremos saber de você primeiro. Harry falou já se sentando na poltrona creme ao seu lado. - Ouvi dizer que está estudando, é verdade?

-Parece tão impossível assim? Ele riu baixinho cruzando os braços. - Comecei a estudar fisioterapia, depois de tudo que aconteceu com Stacy eu fiquei pensando muitas coisas, algumas não tão bonitas, mas Anna realmente me ajudou com muita coisa... Acho que posso recomeçar agora. Vocês têm notícias dela?

-Quer mesmo saber disso? Harry questionou um tanto sem graça lembrando que Tom havia lhe contado por mensagem que ele e Stacy tinham voltado. O rapaz apenas acenou sem parecer muito incomodado na realidade. - Ela voltou à estudar, entrou em um time de cadeirantes e...

-Voltou com o James... Joyce completou vendo que o noivo não conseguiria completar a frase. - Talvez seja duro demais ouvir, mas acho que foi bom para ela. A mulher justificou esperando uma reação exagerada dele, mas não aconteceu.

-Fico feliz que James não tenha a abandonado. O rapaz sorriu e encarou como os dois pareciam perplexos com sua declaração. - Eu sei que ainda sou um completo idiota, mas estou tentando melhorar... Juro. Vocês estão noivos? Ele ergueu a sobrancelha em pura malicia, vendo Joyce concordar.

-Meu garoto! Harry esfregou a cabeça do garoto rindo baixo e suspirou em seguida. - Queríamos ver como você estava, eu tenho um convite para você... Sei que talvez vai ser constrangedor para ambos os lados, mas queríamos te chamar para o nosso casamento.

-Stacy vai estar lá, não é? É melhor que eu não vá... Gabriel respondeu vendo o quão pasmo o amigo parecia. - Ela sequer pensa em me perdoar e vocês acham tudo bem eu ir em um casamento em que ela estará também? É errado.

-Meu Deus, desde quando ele ficou tão sensato? Estou adorando essa doutora. Joyce riu baixo e se aproximou do rapaz. - Vamos noivar daqui algumas semanas, mas o casamento mesmo será daqui um ano. Então acho que você terá tempo suficiente para se redimir. Agora vamos parar com esse chororô todo.

-Ela ficou bem mandona depois que começou a trabalhar com você. Gabriel coçou o queixo divertidamente vendo como a expressão boba no rosto de Harry denunciava todo aquele amor que o mesmo guardara por tantos anos, com medo de estar tomando a decisão errada. Ele brevemente agradeceu a atitude de James e ficou se perguntando o que teria sido dos dois se ele não se sacrificasse pelo amor dos amigos. - Ah parem com esse mela mela, estou ficando enojado só de ver!


-Curtis! Foco na marcação! Uma das garotas do time gritou enquanto movimentam-se ao longo do campo em suas cadeiras. - Tiffany! Aqui! Ela gritou implorando para que a outra lhe passasse a bola e a mesma o fez em seguida.
             Stacy apenas observou como todas elas simplesmente pareciam estar em sincronia e ela ainda estava “aos trancos e barrancos” depois de uma semana inteira de treinos. Talvez aquilo não fosse mais sua praia. Era o que a garota pensava o tempo inteiro. A garota apenas escutou a comemoração das outras e então percebeu que havia se distraído por tempo demais, saiu do campo sorrateiramente ao final do treino. Stacy suspirou alto se lembrando de como as coisas costumavam ser antes de todo o sofrimento que havia passado nos últimos meses e quis muito um abraço de James, mas naquela semana ele tinha um compromisso com os Renegados no Canadá e provavelmente demoraria para voltar. Luísa estava vindo buscar a irmã todos os dias de treino e mesmo estando com sua agenda ocupada, ela buscava um tempo para “distrair” a mente da mais velha, que estava passando por uma estranha recaída nas últimas semanas.

-Como foi o treino? Não quer falar sobre isso? A irmã tagarela perguntou ao entrar no carro e pedir a Carlos; o motorista que James havia contratado, que fosse direto para casa. - Curtis?

-O que foi? Ela ergueu as sobrancelhas como se nenhuma daquelas perguntas tivesse sido feita. - Estou cansada. Só preciso dormir um pouco. Stacy sorriu fraco fechando os olhos levemente ainda escutando todas aquelas vozes gritando em sua mente. Você já não é mais capaz de muita coisa...

-Acho que vai ficar feliz com as notícias... Parece que Yumi vai iniciar uma nova fase na sua terapia. Luísa declarou com um sorriso enorme estampado no rosto enquanto a mais velha seguia de olhos fechados. - Está ouvindo?

-Mas que inferno! Stacy gritou sentindo toda sua cabeça doer. - Por que vocês insistem em ser positivos o tempo todo? Eu estou morta por dentro, não estou feliz. Estou cansada de tentar! Olha a merda que deu no treino de hoje! Eu mal consigo pensar no meio de todas aquelas meninas, elas jogam, sorriem e são felizes, mas eu me sinto uma nada. Continuo fazendo terapia e não vejo diferença, todos vocês acham que eu vou voltar a andar, mas nem eu acredito nisso! Ela exclamou sentindo os olhos lacrimejando, fechou-os em seguida e o resto da viagem foi completamente silencioso. Luísa se sentiu extremamente triste e culpada por algo que nem mesmo ela sabia.

                     Após chegarem em casa, antes mesmo de sair para a editora, ela enviou uma mensagem para James pedindo que o rapaz ligasse para a irmã, talvez ele conseguisse colocar um pouco de alegria na cabeça de Stacy. A editora havia consumido a paciência da garota com sua eterna enrolação na hora de publicar os livros, e agora, finalmente as coisas pareciam que começariam a andar.

-Achei que estivesse com fome... Trouxe um pedaço de bolo... Seu favorito. O pai falou entrando no quarto segurando um prato enquanto sorria na direção da filha, que havia ficado sentada em frente a janela de seu quarto desde que a irmã saíra mais cedo. - Stacy?

-Por que acha que tudo isso aconteceu? Será que eu fui uma pessoa ruim? Isso é algum tipo de castigo? Ela se virou olhando para o pai, ainda com a expressão séria em seu rosto. - Estava tudo bem, mas ai de repente eu comecei a ver o quanto nada disso me cabe mais. Talvez eu já não tenha mais talento pelo futebol... Acreditei tanto quando James me levou até o clube, mas olhe para mim. Isso é ridículo.

-Filha... Taylor sorriu fracamente deixando o prato em cima da cômoda. - Você está passando por um momento ruim. Só isso... Você provavelmente deve saber, mas os remédios mexem com o seu emocional e provavelmente nesse momento, você está toda bagunçada por dentro. O homem acariciou os cabelos da filha e lhe beijou na testa logo em seguida. - Quando eu estava no exército, costumava me sentir culpado pelas pessoas que partiam... Eu achava que a morte deles era culpa minha, por não ser um bom líder... Ou porque eu era alguém ruim. Só que a vida se resume à muito mais que isso minha garota.
Existem coisas que precisam acontecer, e raramente vamos descobrir o motivo de imediato. Então veja esse dia como uma nuvem cinza... Que está prestes a se dissipar. Agora coma esse bolo, antes que seus amigos surjam naquela porta e não reste um pedaço sequer. O homem riu baixo percebendo o pequeno sorriso que se formara no rosto dela. - O mundo agradece seu sorriso. Taylor declarou antes de sair porta afora do quarto da garota.

                               Stacy comeu o bolo deixando as lágrimas que tanto havia segurado escaparem por seu rosto e momentos depois chamou os pais para que a ajudassem deitar na cama, estava completamente exausta que sequer teve vontade de tomar banho. A mente da garota girou várias vezes, pensando em milhares de assuntos que lhe rondavam os pensamentos quase sempre. Em alguns momentos via o rosto de Gabriel e ficava se perguntando como ele se sentia, se a culpa ainda o corroía por dentro e se ele estava pagando pelo que fizera. A garota acordou disposta no dia seguinte, estudou tudo que precisava e ainda reservou algum tempo para passear pela vizinhança. Naquele atual momento ela pouco ligava para o que pensavam de si, já não havia mais espaço para chorar de vergonha ou de medo, ela tinha muito mais apoio do que imaginava e naquela manhã decidiu que iria tentar ser mais forte.

-Com licença moça... Uma mão tocou em seu ombro assim que a voz conhecida lhe alcançou os ouvidos. Era ele. - Acho que perdeu algo... A voz brincalhona do rapaz declarou assim que ela virou a cadeira na direção em que ele estava. - Quase certeza que te pertencem... James sorriu lhe estendendo um buquê de girassóis.

-Já voltou? Ela sorriu pegando as flores com um sorriso enquanto sentia o cheiro que indicava que haviam acabado de ser colhidas. - Me diga que ninguém te implorou para voltar. Stacy declarou já pensando no que a irmã poderia ter feito.

-Não, ninguém me ligou. Acabamos mais cedo, recebi uma mensagem de Luísa quando estava no aeroporto. Achei que você precisava de girassóis. Ele abriu um sorriso brilhante e se posicionou atrás da cadeira, empurrando-a pela vizinhança. - Dizem que os girassóis sempre estão virados para o sol e quando não tem sol... Eles se viram um para os outros. Pode se virar para mim quando não se sentir bem. James falou percebendo o movimento dos ombros da garota; ela havia sorrido.

-Como você sempre tem algo bonito para dizer? Stacy perguntou olhando para o rapaz que agora estava ao seu lado, como se já previsse que ela iria sorrir com sua frase motivacional.

-Eu sou um músico, um conquistador... E você vive caindo na minha. Ele piscou brincando e escutou a risada alta que escapou dela. - Está vendo... Totalmente encantada. O garoto riu beijando os lábios dela rapidamente e se ajoelhou frente a cadeira de rodas. - Você é a pessoa mais bonita desse mundo quando sorri... Então não fique triste, existem alguns dias ruins e muitos bons.

-Te amo. Ela sussurrou segurando na mão do garoto e viu como ele beijou a mesma, sussurrando um “eu também”. - Obrigada.

-Precisamos ir ao hospital... Conversei com meu pai e com o seu... Acho que seus medicamentos precisam ser trocados. Me diga que ainda sente vontade de fazer coisinhas... Ele disse sério vendo como ela pareceu se enfurecer imediatamente.

-James! Ela exclamou irritada, sem saber onde enfiar a cara.

-Está vendo. Isso era um teste... Embora eu gostaria de saber a resposta. Ele riu baixo sentindo a mão dela lhe dar um tapinha no ombro e os dois seguiram para o hospital uma hora depois.

Stacy teve uma pequena reunião com a Doutora Mi So e Tyler, para um novo planejamento em seus medicamentos; ela havia sido a única do grupo que sentira os sintomas e isso estava deixando o Doutor Davies com a pulga atrás da orelha. James insistiu que queria permanecer na sala até o final da conversa, o que resultou em ouvir tudo sobre o cateterismo.

-Você já tentou? Mi So perguntou assim que Tyler havia saído para buscar os novos medicamentos que lhe seriam administrados. - Qualquer coisa eu posso ajudar...

-Estou aqui pra isso. James deu de ombros vendo como o rosto de Stacy pareceu se tornar parte da parede vermelha atrás de si. - O que foi? Ele perguntou de modo inocente tentando segurar a risada.

-Davies... Você já deveria ter saído. Mi So retrucou com os braços cruzados vendo o mesmo seguir sentado no mesmo lugar, como se não fosse com ele.

-Quem melhor que o namorado dela para ajudar com isso? Eu estou sempre ao dispor. Ele piscou para Stacy que lhe mostrou o dedo do meio discretamente e riu em seguida, ainda desacreditada no rapaz.

-Certo. Mi So sorriu sem graça e terminou todas as explicações devidas, um pouco antes de Stacy sair ela tentou uma conversa com James, mas ele apenas justificou que estava ajudando a garota ficar confortável.

-Você faria isso? Stacy franziu o cenho desacreditada no que ele tinha dito pouco tempo atrás. - Quero dizer... É nojento e...

-Bom... Seria bem melhor eu do que ela, afinal, eu conheço você faz um tempo. Ele piscou parando no estacionamento do hospital enquanto aguardavam a chegada de Carlos. - Estou errado?

-Hm... Seria estranho que a namorada do meu sogro me visse sem roupa... A garota ponderou por um breve momento e riu alto imaginando o namorado a ajudando. - Isso é ridículo, não quero tentar de novo tão cedo.

-COMO ASSIM?! James exclamou vendo como ela ria ainda mais. - Não brinque com isso Curtis, eu ficaria triste em perder o trabalho em equipe com você.

-Fiz xixi em você da última vez, não me diga que tem fetiche nisso. Ela sorriu torto ao mesmo tempo que o carro havia acabado de chegar.

-Qual é. Ele riu ajudando a colocar a cadeira da garota no carro e partiram para a casa dos Curtis em seguida. A banda estava voltando a rotina normal de shows e aquilo preocupava um pouco o rapaz, afinal, se ela não estivesse em um estado para se virar sozinha, ele se sentiria mais culpado ainda. James queria estar com ela o tempo todo, mas não conseguia cogitar deixar os amigos na mão, muito menos abandonar um sonho de toda a vida.

-James? Stacy questionou assim que chegaram em casa, vendo como ele parecia distraído, como se estivesse pensativo demais. - Você...

-Está tudo bem, só estava pensando em você. Não queria te deixar sozinha. Terminamos de assinar um contrato para mais uma turnê e estou preocupado. Ele confessou parando a cadeira dela em frente ao banco na porta de sua casa. - Tenho medo...

-Eu queria muito que você estivesse comigo o tempo todo. A garota confessou com um sorriso e acariciou o rosto dele com as pontas dos dedos. - Mas não precisa se preocupar... Só me apoie e eu sei que sou capaz de tudo.

-Essa é a minha garota. Ele sorriu olhando profundamente nos olhos dela; parecia tão cansada, mas ainda sim tinha forças para dizer que não pararia de lutar. - Aqueles remédios te afetaram muito. Vamos entrar, você precisa descansar. James declarou se levantando ao mesmo tempo que ela pegou a mão dele.

-Não. Quero treinar um pouco. Pode me ajudar?

-Sabe que não temos a cadeira adaptada aqui, não é? James colocou as mãos na cintura tentando imaginar em como ajudá-la naquele estado.

-Quero tentar com a normal, aumentar a dificuldade. Afinal, você é um só. Ela sorriu torto e viu a forma como ele sacudiu a cabeça desacreditado na namorada. - Topa? Ou vai ficar com medo de mim...

-Sempre tive medo de você. O rapaz brincou largando o blazer em cima do banco e levou ela até o quintal, onde costumavam brincar antigamente, quando ela ainda andava. - Vamos lá então, se você quer dificuldade... É o que eu vou te dar. Ele sorriu pegando uma das bolas que sempre ficavam no canto do quintal e colocou-a no chão. - Se estiver complicado me avise.
-Sempre está complicado, Davies. Ela riu empurrando a cadeira de rodas até ele e tentou de diversas maneiras empurrar a bola com a cadeira, depois de algumas tentativas, finalmente foi possível empurrá-la com uma das rodas. - Não seja bonzinho comigo.

-Não tenho intenção. James sorriu encarando-a de modo desafiador logo em seguida. Os dois seguiram por horas e horas em uma batalha de cadeira e pernas, tudo em função de Stacy, para fazê-la se sentir melhor. No fim do dia, ele só queria a cama e um banho quente, mas tinha sido confortante ver a alegria no rosto dela, a maneira como finalmente comemorou por ser quem era e não se importar com a atual condição.

-Você não tem ensaio hoje? Luísa perguntou ao ver James entrar com Stacy na sala, enquanto o mesmo apenas negava calmamente. - Mas Tom me disse...

-Ele foi ver a mãe, acho que ela está doente. James respondeu sabendo muito bem porque Tom não havia contado nada para Luísa. A mãe dele não havia abandonado as bebidas fazia muito tempo, tanto que entrar para a banda tinha sido sua válvula de escape, era isso ou terminar seguindo o caminho da mulher. Agora que mal conseguia mover sequer um copo para beber água, ela precisava dele mais do que tudo e o rapaz jamais negaria tal ajuda. - Não se preocupe com ele, trate de agilizar o ensaio da capa do livro... Acho que Stacy vai ficar bem ocupada nos próximos meses.

-O que quer dizer com isso? Ela franziu o cenho vendo a irmã empurrar sua cadeira até a ponta da escada, apertando o botão para conseguir subir até o quarto. - O que vocês vão fazer? Luísa sorriu maliciosa prestando atenção no olhar selvagem da irmã. Ela já o tinha visto antes, significava :Vou te matar.

-Tenho certeza que assim que eu voltar ela vai estar bem entrosada com o time... Praticamente a líder, anote essas palavras. Ele sorriu aguardando a escada voltar aos degraus comuns e subiu atrás da garota logo em seguida. - Quer ajuda?

-Vai me dar banho? Stacy perguntou boquiaberta percebendo que o rapaz acabara de rolar os olhos. - Não entendi.

Fighter: Uma Luta Pela VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora