Você.

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- Você disse o que? Guilherme gritou enquanto todos saiam do estádio um atrás do outro. – Ela não respondeu? Tinha barulho de Carro... Meu Deus pode ser um acidente.  O amigo falou desesperado ao mesmo tempo que Harry ligava para o celular de Gabriel, esperando que os dois estivessem juntos e a salvo.

- Ele também não atende. Nós deveríamos procurar os dois. Talvez se nos dividíssemos... O empresário falou vendo Tom negar rapidamente.

- Não precisa. O garoto disse abrindo um software de rastreio no celular. – Quando ela fugiu de casa no primeiro ano, Grace me fez prometer que eu sempre saberia aonde ela estava. Vamos ver... Tom sussurrou enquanto todos ao seu redor pareciam apreensivos. – Achei. Vamos logo. Ele ordenou ao partirem para o estacionamento.

- Isso não é nada bom. Jeffrey sussurrou apontando para o lado de fora onde uma fileira enorme de carros se amontoava.

- Ela está parada. Isso é estranho, não é? Tom ergueu a sobrancelha vendo Julie respirar de modo acelerado. Ela costumava entrar em pânico fácil.

- Considerando esse trânsito. Johnny apontou para o lado de fora da janela. – Talvez ela só esteja presa em um táxi. Aí amigão. O que aconteceu? O garoto perguntou para o guarda que estava tentando colocar ordem no trânsito.

- Um acidente aconteceu na principal. Deve haver uns sete feridos. O homem disse em tom sério e seu comunicador chiou informando o que havia acontecido:

Uma van e uma moto ultrapassaram o sinal vermelho. Sete pedestres sofreram escoriações e uma mulher está gravemente ferida. Os passageiros do carro estão bem. Ele e o motorista da moto estão com suspeitas de estarem alcoolizados.

- Ei colega. Johnny gritou para o homem que tentava escutar o que seu comunicador dizia. – Tem alguma outra rota para chegar na principal?

- Só andando. O homem falou entediado e voltou sua atenção ao trânsito.

- Dê meia volta. Tom ordenou sentindo um aperto enorme no coração. – Vamos seguir por ali. Ele apontou para uma rua vazia e uma sucessão de atalhos foi informada para Guilherme, que dirigia com os nervos à flor da pele. No fim de todos aqueles atalhos eles foram obrigados a parar pela polícia. Haviam faixas amarelas lacrando todo o local e todos desceram do carro rapidamente.
              Harry não levou muito tempo para reconhecer a moto de Gabriel amassada contra uma van preta e a cena seguinte deixou todos apavorados. A equipe de resgate estava tirando Stacy debaixo do carro, o rosto estava coberto de sangue, as pernas da calça pareciam dilaceradas. Julie desmaiou imediatamente, Guilherme a levou de volta para o carro enquanto os outros iam em busca de informações com a equipe de resgate.


- Isso é uma tragédia. Tom sussurrou com as mãos na cabeça enquanto seguiam para o hospital, acompanhando a ambulância. Ele mesmo ficara encarregado de avisar a família de Stacy, mas simplesmente não conseguia dizer uma palavra.
Johnny não conseguia parar de chorar, embora fosse o Durão do grupo somente pelo estado que tinham visto o corpo dela ser retirado debaixo do carro, não dava muitas esperanças. O garoto sentou junto dos outros em frente à sala de operações e se sentiu totalmente apreensivo.

- Que merda você fez? Harry gritou entrando no quarto enquanto Gabriel permanecia sentado na cama com alguns curativos no corpo. O médico havia solicitado que ele ficasse ali por pelo menos 12 horas para verem se não havia acontecido nada devido a batida.

- Eu só... O rapaz começou em uma voz fraca e parou em seguida.

- O que tinha na cabeça para entrar em um racha, Gabriel? Ainda por cima bêbado. Tem merda na cabeça?! O homem esbravejou se lembrando de Stacy sendo retirada da cena do acidente.

- Harry, a culpa não foi só minha. Gabriel justificou se lembrando da van preta que surgira em seu caminho.

- Não justifica. Você estava bêbado. Dirigindo em alta velocidade. Machucou pedestres. E sabe quem estava no meio? Stacy! Ele esbravejou tentando silenciar sua raiva, mas falhando miseravelmente. – Agora não sabemos se ela sequer vai sobreviver.

- Stacy... Ela... Gabriel gaguejou olhando para Harry com olhos perdidos e seu coração se partiu em milhares de pedacinhos. – Meu Deus... Ele sussurrou cobrindo o rosto e lágrimas rolaram por sua face. O que tinha feito?

- Vai ter que sofrer as consequências pelo seu ato estúpido. Reze para que ela fique bem ou as coisas vão piorar muito para você. O homem disse saindo do quarto em seguida.
                Os garotos seguiam esperando junto da sala de operações. Mais sete pessoas haviam sido atingidas, mas não estavam gravemente feridas, apenas alguns arranhões e escoriações. Ainda assim, o estado de Stacy era o mais comentado, o motorista da van estava sendo interrogado pela polícia e Gabriel seria o próximo. Os exames de ambos acusavam álcool no sangue, Harry tinha tomado as rédeas da situação e avisado para a família de Stacy sobre o acidente, estavam todos apavorados e se prontificaram a viajar no mesmo dia para ver o estado da filha. O empresário só ficara preocupado em avisar James, ele sabia muito bem que o mesmo não reagiria com sensatez naquela situação.
             Os Curtis chegaram na manhã seguinte, estavam em um estado crítico com os nervos à flor da pele. Nenhum deles buscou explicação sobre o acontecido, apenas queriam conversar com os médicos para saberem o estado atual da garota. Stacy havia passado a noite na sala de operações e sido encaminhada para a UTI durante a madrugada, mas mesmo assim não houveram muitas notícias sobre seu estado. Apenas que era um momento crítico. Julie havia finalmente se recomposto e chegou no hospital com Guilherme na manhã seguinte, todos esperavam ansiosamente que o doutor dissesse algo sobre o estado da amiga, que ela estava bem e nada aconteceria, mas não foi o que se sucedeu. Gabriel teve sua alta logo cedo e conseguiu não topar com os Curtis naquela manhã, mas seu destino era outro. A polícia queria saber por que ele estava embriagado e participando de um racha em alta velocidade.
Mais vinte dias se passaram com Stacy desacordada, a família começara a se desesperar ainda mais e os amigos se esgotavam cada vez mais aguardando notícias que nunca chegavam. Então finalmente, no vigésimo primeiro dia o médico surgiu para eles com uma expressão boa no rosto. A primeira que eles achavam ter visto.

- Ela foi para o quarto. Ainda está sobre efeito dos medicamentos então pode não lembrar nomes, o que aconteceu ou entrar em confusão. Vou liberá-los para que entrem de dois em dois, não quero abusar dos avanços que ela tem feito. O homem de jaleco branco e olhos cinzentos falou passando a mão por sua cabeleira suada. – Se me permitem...Vou fazer um lanche antes da próxima cirurgia. Ele disse se afastando dos familiares e todos sentiram uma pontada de alívio; uma luz.

Fighter: Uma Luta Pela VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora