A final

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- Gabriel... Stacy chamou indo atrás do rapaz e o encontrou do lado de fora respirando pesadamente, como se seus pulmões tivessem parado de funcionar.
- Pode me deixar sozinho? Nos vemos no campus... Ele disse de olhos fechados e a garota lhe tocou o rosto completamente preocupada.
- Me desculpe. Eu só queria te ajudar... Ela disse mordendo o lábio com força e se sentiu um tanto culpada. – Vou para casa... Stacy sussurrou se virando ao mesmo tempo que a mão dele lhe agarrou o pulso.
- Está tudo bem. Gabriel disse em uma voz fraca e a abraçou forte logo em seguida. Os dois ficaram em completo silêncio antes de ele lhe sussurrar no ouvido: - Obrigado.

                   Os dias seguintes se passaram rapidamente, faltava menos de três semanas para o Natal e Stacy estava completamente animada. Iria viajar para casa em dois dias e mal podia esperar para vê-los outra vez, comer os deliciosos biscoitos da mãe e até mesmo escutar as estórias de Luísa. Gabriel ainda estava um tanto estranho e chegava tarde as vezes, mas ela admitiu para si mesma que tudo se tratava das sessões no AA e também da pressão para as finais do time que estavam marcadas para o mesmo dia da viagem da garota. Seria comemoração em dobro. A garota pensou com um sorriso no rosto antes de partir para o treinamento.

- Quero que seja daqui a dois dias. Iria resolver muito meu problema, Clark. Gabriel falou carregando a moto para o galpão que já havia se tornado familiar. Assim como seus novos amigos. Clark era o careca mal-encarado do bar, Joseph era o loiro irritado e convencido, Carl era o negro de jaqueta azul que adorava bebidas fortes e tinha também Antony, que era basicamente o chefe da gangue. O homem tinha a cabeça infestada de tatuagens e vários piercings no rosto.
- Por que dois dias? Carl perguntou abrindo as portas de madeira do galpão e se sentou em uma das velhas poltrona ali dispostas.

                     O galpão não possuía mobília alguma além de uma poltrona e dois sofás velhos em frente à uma mesa cheia de bebidas. Era o melhor lugar para guardar as motos sem que ninguém soubesse o que faziam durante a noite. Joseph tinha tomado o lugar para si depois que fora abandonado por um grupo de comerciantes.
- É a mesma data de um evento que preciso escapar. Confio em vocês para me ajudarem com isso. Ele falou firmemente imaginando que poderia se livrar do jogo com uma corrida contra o filho do empresário do contrato. Que por feliz acaso também gostava de rachas.
        Burt Collins era o filho do maior empresário agenciador de times e ironicamente esse homem aceitara sem questionar quando Gabriel propôs ao garoto que se ganhasse o racha, ficaria livre da obrigação do contrato. Se perdesse, seria obrigado a jogar e dar sua moto para ele. Mesmo sendo arriscado, Gabriel aceitou sem nem pestanejar.
- Vou conversar com Burt hoje a noite. Aposto que ele vai adorar isso. Joseph falou pegando uma garrafa de seu tradicional Jack Daniels.
- Ótimo. Ele sorriu ligando um velho rádio que havia na mesa e o som daquela banda tosca ao qual os Renegados abriram o show uma vez tomou conta do galpão.
            Aquela cena se repetia quase todas as noites, eles apostavam, corriam, voltavam para se embebedar no meio da bagunça e Gabriel tentava voltar para casa com a melhor aparência possível, as reuniões do AA sequer haviam estado em sua agenda. Quando Stacy lhe perguntava se estava indo, ele confirmava e algumas vezes até contava casos que lera na internet. Tudo para que ela não se irritasse, nem se sentisse mal com a atual situação do rapaz.
- Vamos ganhar uma grana enorme quando você ganhar. Ninguém está apostando no riquinho. Clark falou fumando um charuto enquanto sentava no velho sofá em sua melhor pose de chefe da máfia. – Perder é tão ruim assim?
- Quando você passou por muita coisa como eu... Perder é a morte. Gabriel declarou mudando a música e se jogando ao lado de Joseph. – Eu não vou permitir isso...


- Por que não pega o voo com a gente na sexta? Harry perguntou analisando algumas papeladas ao lado de Joyce enquanto Stacy escutava uma das faixas que os garotos gravaram para o novo CD.
- Já comprei as passagens. Stacy disse tirando os fones de ouvido e entregando para Tom, que estava totalmente orgulhoso do trabalho que tinham feito.  – E ainda tem o jogo do Gabriel.
- Tinha me esquecido disso. Nós podíamos ir todos juntos. Harry sugeriu vendo o brilho no olhar dos rapazes da banda. Quem não gostava de uma partida de futebol?
- Seria ótimo. Ele está precisando disso. Ela falou com um sorriso e olhou ao redor do estúdio. Parecia tão vazio sem Guilherme e James. – James deu notícias? Stacy perguntou vendo o olhar de todos sobre si. – O que foi?
- Não esperava que perguntasse. Johnny disse com um sorriso torto e deu de ombros em seguida. – Ele parece estar curtindo bem a Tailândia. Mas volta antes do Natal. Combinamos de fazer algo no bar do Harry.
- Isso é ótimo. A garota disse com um sorriso de empolgação. – Vocês poderiam tocar também. Talvez uma música nova.
- Acho que mais alguém poderia trabalhar na banda. Joyce disse rindo baixo ao perceber a expressão no rosto de Harry. Como não tinha pensado naquilo?
- Você já está convidada, Curtis. O homem respondeu anotando a sugestão da garota como se fosse algo prioritário, comparado à tudo que estava fazendo.
- Uma honra. A garota riu baixo e pegou o celular ao perceber que o mesmo vibrava no bolso da calça. – Gabriel? Ah sim... Claro. Estou indo. Ela sorriu e desligou a ligação em seguida. – Preciso ir.
- Cheiro de sexo. Jeffrey repetiu no mesmo tom de voz que Julie costumava usar. Enquanto Stacy lhe mostrava o dedo médio e gargalhava para fora do estúdio.

Fighter: Uma Luta Pela VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora