Fighter: Uma Luta Pela Vida

Xadrez?

-Então você se decidiu mesmo? Anna ergueu a sobrancelha vendo Gabriel sentado na sala da diretora da clínica. Ela havia sido chamada para acompanhá-lo, pois o rapaz a havia nomeado sua guardiã.

-Sim. Eu quero estudar, talvez não seja contratado por ninguém, mas quero mudar minha vida. O garoto respondeu com um sorriso e a doutora mal conseguia conter sua alegria com aquela declaração. - Ouvi falar que tem uma ótima faculdade aqui especializada em fisioterapia... Estive lendo as regras e parece que posso sair para estudar, desde que tenha uma guardiã que vai me acompanhar durante as aulas.

-E por que eu? A mulher perguntou observando o rapaz à sua frente.

-Porque parece ser a única que realmente acredita em mim. Ele confessou ao mesmo tempo que a porta da sala principal se abriu e a Diretora Foster surgiu com uma expressão séria no rosto. A mulher devia estar por volta dos seus 40 anos de idade e quase nunca tinha um sorriso em seu rosto, aparentava ser muito rabugenta, mas quem a podia culpar? Só haviam problemas acontecendo nas últimas semanas.

-Então, Senhor Johnson, qual a reclamação da vez? Ela questionou apontando para o interior de sua sala, fazendo com que os dois se encaminhassem até as cadeiras rapidamente. A diretora e qualquer um sabia da má vontade do rapaz em colaborar com as sessões, não interagia com outros pacientes e parecia que iria fugir à qualquer momento.

-Eu... O rapaz abriu a boca para falar e foi rapidamente interrompido pela doutora.

-Gabriel quer estudar. Queremos pedir um passe para estudos, serei a guardiã dele. Anna explicou se sentindo estranha imediatamente. A diretora havia sorrido?

-Você finalmente quer se encaminhar na vida? A mulher seguiu com o sorriso no rosto encarando Gabriel com os olhos preenchidos de um brilho orgulhoso. - Eu irei enviar a papelada para o juiz. Tudo ficará preparada o mais rápido possível, não me desaponte garoto. A diretora Foster disse em um tom ameaçador, ainda sorrindo daquele modo estranho.

-Não farei isso. Gabriel respondeu com um aceno de cabeça e se levantou em seguida. - Preciso ir, fiquei encarregado de cuidar do jardim. O rapaz disse antes de partir rapidamente pelos corredores.

-O que você fez? A diretora ergueu a sobrancelha para Anna, que se sentia tão surpresa quanto sua chefe. - Prometeu alguma coisa à ele?

-Acho que ele finalmente acordou. A mulher declarou com um sorriso no rosto e pigarreou. - Preciso voltar ao trabalho. Obrigada diretora.

Anna mal conseguia conter seu sorriso estúpido que fazia suas bochechas doerem de felicidade, ela jamais esperaria aquele tipo de atitude vinda de Gabriel. Ao passar pelo corredor principal, onde estavam ocorrendo as reuniões com a psicóloga, a mulher pôde ver Gabriel conversando animadamente com uma garota de cabelos negros na altura das orelhas. Os dois pareciam estar conversando sobre algo muito engraçado enquanto retiravam plantas secas, regavam outras e consertavam alguns problemas no jardim, ele realmente não estava mentindo. Algo tinha mudado. A primeira coisa que passou na mente de Anna foi avisar aos pais do rapaz, provavelmente ele não iria contar nada e fazer tudo em completo segredo, mas depois de tantos problemas, ela tinha certeza que eles mereciam algo bom.

-Por favor, o Sr Johnson? A mulher perguntou sentando-se em sua cadeira no escritório de reabilitação.

-Ele mesmo. Quem gostaria? O homem perguntou em um fio de voz, mas o burburinho denunciava que ele estava trabalhando, em algum momento de suas conversas, Gabriel havia contado que o pai era diretor em uma escola em Los Angeles.

-Sou a doutora Anna, da clínica de reabilitação... A doutora se identificou escutando um suspiro vindo do outro lado, parecia que o homem já esperava notícias ruins. - Sei que talvez seja contra a vontade do paciente, mas achei justo vocês saberem da decisão que ele tomou recentemente...

-O que aquele garoto fez agora? O pai questionou preocupado e ao mesmo tempo irritado, como se estivesse pronto para pegar um voo até a Transilvânia para castigar Gabriel.

-Ele decidiu voltar a estudar, estamos preparando toda a papelada... Só queria dar uma notícia boa a vocês. Ela se justificou se sentindo extremamente sem graça ao ouvir o silêncio que se seguiu por dois minutos.

-Eu nem consigo acreditar nisso... David falou com uma voz esganiçada e uma série de agradecimentos foi disparada em seguida, o pai finalmente parecia sentir algum orgulho de seu filho novamente. E fazer parte daquela missão secreta, deixou Anna sorridente pelo dia todo.