Isso Não é Amor

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-E o que ele disse? Ela perguntou curiosa vendo a garota dar de ombros, encostando as pernas na mesa de centro.

- Ele parecia ressacado. E sem dúvidas com a mínima vontade de ter vindo aqui. O que você disse para ele? Luísa questionou olhando para a irmã, enquanto Stacy se pegou pensando naquilo, ele deveria ter se magoado pelo conselho dela.

-Nada. Só que não deveria ter bebido. E o que o papai tem haver com o diretor Johnson? A garota ergueu a sobrancelha, escutando a risada da irmã

-Fato engraçado, diretor Johnson já foi do exército e disse o papai que ele era exatamente como Gabriel.

-Um bêbado maluco? Stacy sorriu de lado enquanto a irmã concordava sem dizer mais nada. - Então tá... Stacy deu de ombros disfarçando não se importar com o assunto e se levantou do sofá. -Eu vou para a cama, amanhã tem treino. Aonde papai e mamãe estão? Ela ergueu a sobrancelha olhando a casa vazia e viu o sorriso no rosto da garota á sua frente.

-No cinema, papai quer recuperar o tempo perdido. A garota respondeu pegando um de seus costumeiros livros que habitavam a mesa de centro e o abriu, pronta para esquecer de todo o resto ao seu redor.

-Isso é bom, não vá dormir muito tarde. A mais velha disse sorrindo e subiu as escadas em seguida, arrancando os sapatos dos pés e se deitou na cama, imaginando o que havia acontecido com Gabriel e o quão furioso ele deveria estar com a atitude do pai.
        Stacy estava quase caindo no sono quando seu telefone começou á tocar, era James. Ela até havia estranhado como ele estava demorando para ligar. -Curtis falando... A garota disse sonolenta, escutando a risada do outro lado, ele deveria estar em algum tipo de festa pois, era possível escutar risadas e música ambiente tocando.

-Eu devo ter acordado você, as vezes eu esqueço da diferença nos nossos horários. O garoto disse em tom de desculpa enquanto ela se virava na cama, puxando o cobertor encarando a mesa de cabeceira.

-Eu nem estava dormindo. Stacy retrucou escutando outra risada vinda do garoto.
-Eu conheço quando alguém estava no meio termo entre dormir e ficar acordado Curtis. Queria saber de você, como esta, como foi seu dia... O que fez... James disse ficando distante de todo o barulho de festa que ela escutara antes e a garota descreveu seu dia, principalmente a parte do karaokê. -Você sabe que isso é um ultraje não é? Ele retrucou segurando o riso e suspirou em seguida. -Vou deixar você dormir, amanhã prometo que ligo, sem falta. Em algum horário que você não esteja tão cansada...

-Isso vai ser quando você estiver... Stacy concluiu com um sorriso e bocejou sentindo os olhos pesarem de sono. -Boa noite James.

-Boa noite Stacy.

-Stacy! Acorda! Luísa chacoalhou a irmã insistentemente. -Vamos logo ou Guilherme vai acabar com o café.

-Guilherme? A garota bocejou esfregando os olhos e se sentou na cama com certa preguiça.

-Ele veio te buscar para ir a escola e agora está devorando tudo que tem na mesa. Ela reclamou de braços cruzados e olhou para a irmã impacientemente. -Vamos! Levanta!

-Preciso de mais amigos com modos... Stacy retrucou levantando da cama e trocou de roupa, descendo para a cozinha em seguida. Guilherme estava sentado confortavelmente na  mesa, comendo uma vasilha de cereais como se estivesse na própria casa.

-Ei Rockstar. Achei que não fosse levantar hoje... Ele disse com um sorriso no rosto enquanto Stacy pegava um sanduíche de atum em cima da mesa e acertava um tapa na cabeça do garoto em seguida.

-Você está abusado demais Mendes. A garota riu ao mesmo tempo que Guilherme levantara incomodado por ser interrompido no café da manhã.

-Eu sou de casa, sua mãe mesmo disse. Ele deu de ombros rindo enquanto os dois iam porta agora, caminhando pela rua. Guilherme acendeu um de seus cigarros e baforou para o lado, com um sorriso no rosto. -Luísa me contou que Gabriel esteve na sua casa.

-É. Esteve. Stacy respondeu sem querer muito entrar no assunto, e colocou as mãos nos bolsos olhando para a frente.

-Tem alguma coisa acontecendo com você. O que é? Ele disse olhando para a garota ao seu lado e ela apenas negou.

-Não é nada. Você... Acha que o James vai se incomodar com... Aquilo? Stacy ergueu a sobrancelha vendo o garoto abrir a boca e fechar novamente.

-Não acho. Ele é um cara legal. Guilherme respondeu sorrindo em seguida e acertou o ombro no da garota. -Você não tentou de novo, depois daquele dia?

-Foi horrível. Stacy riu percebendo que Guilherme fazia o mesmo, concordando com a cabeça. -Eu sei que você tentou mas, eu não consegui pensar em fazer de novo.

-Eu sinto como se tivesse falhado com você. O garoto falou ao chegarem na entrada da escola.

-Você sabia o que fazer, eu não. Ela disse dando de ombros e sorriu em seguida. -Mas você estava bêbado.

-Eu sabia o que estava fazendo. Guilherme retrucou ofendido e jogou o cigarro longe ao entrarem na escola. -Mas não importa o que aconteceu. Não significa que vai ser igual com o James.

-O que vai ser igual com o James? Julie perguntou curiosa, surgindo ao lado do namorado.

-Stacy no karaokê. Guilherme disfarçou com um sorriso e beijou a namorada rapidamente. -Quando ele voltar, eles vão cantar que nem a Stacy fez com o Johnny ontem.

-Stacy cantou com Johnny? A garota perguntou boquiaberta e a amiga protestou franzindo o cenho.

-Eu estou aqui. Ela disse vendo Gabriel em seguida, ele parecia irritado e o rosto estava fechado em uma carranca, enquanto caminhava pelos corredores apertando a alça da mochila com força. -Já volto. Stacy falou se afastando dos amigos e correu até Gabriel, que havia acabado de abrir o armário. -Ei. Como você está?

-Desde quando isso te interessa? Ele rebateu ainda sem olhar para ela, o garoto bateu a porta do armário com força e encarou-a em seguida. -O que você quer Curtis?

-Bom, eu estava sendo educada e perguntando como você está mas, estou vendo que foi uma péssima ideia. Ela retrucou dando um passo para trás, vendo o sorriso amargo no rosto dele.

-Não seria uma das primeiras que você teve. Gabriel disse se afastando dela enquanto Stacy gritara sem nem perceber.
-Isso é por causa do sábado? A garot
a ficou esperando uma resposta mas, tudo que ele fez foi lançar um olhar mortal na direção dela antes de sumir pelo corredor.

-O que você fez com o garoto no sábado? Julie disse se aproximando mas, Guilherme ficou em silêncio. Como se estivesse dizendo mentalmente. Você vai me contar depois.

-Nada. Stacy respondeu já irritada e caminhou para a sala de aula.

Stacy havia acabado de entrar na sala, Gabriel tentou ignorar a presença dela ali e ficou se perguntando se realmente estava com raiva por ela ter chamado seu pai quando ele passara toda aquela vergonha, ou era pelo simples fato de que ele havia chorado na frente dela. O garoto passou metade da aula tentando não ficar olhando para ela, Stacy parecera tão irritada quanto ele estivera mais cedo. Ele ainda não sabia o porquê de a ter procurado quando tinha se embebedado, e ficou mais irritado ainda quando chegou em casa e se deparou com a mãe desfazendo as malas no quarto do pai. Gabriel se lembrava de ter xingado o pai de nomes não tão atraentes enquanto o homem gritava com ele, chamando-o de irresponsável e mimado.

-Você trouxe o trabalho? A voz de Stacy interrompeu os pensamentos do garoto e ele franziu o cenho, olhando para ela sem entender do que se tratava a pergunta.

-O que? Gabriel disse desnorteado e parte dele ficou esperando que ela sorrisse divertida mas, ela pareceu perder a paciência.

-A droga do trabalho Johnson.
-Claro. Está aqui. Ele respondeu de má vontade, jogando o trabalho na mesa dela e voltando sua atenção ao caderno.

-Se eu soubesse que você era esse monstro nem tinha aceitado trabalhar com você. Stacy retrucou e se levantou, entregando o trabalho para a professora.

                   As aulas foram extremamente lentas, ele pode escutar as garotas gritando no ginásio enquanto treinavam e ignorou a vontade de ir lá e pedir desculpas para Stacy. Quando Gabriel chegou no estacionamento, parte dele se perguntou se deveria mesmo ir para casa, e o que esperar quando olhasse para o rosto da mãe que parecia ter esquecido todo acontecido do passado. No fim de semana ele havia se trancado no quarto por horas, só saindo ao ser obrigado pelo pai, que o levou até a casa dos Curtis para pedir desculpas. Gabriel agradeceu mentalmente por Stacy não estar lá, toda aquela situação já havia sido vergonhosa o suficiente para ele, o garoto ligou a moto e foi direto para o bar de Harry, ele pouco se importava com as regras ou com as broncas do pai, parte dele não sabia se viver com os pais juntos outra vez era algo que ele já havia sonhado em algum momento. O garoto acelerou enquanto se aproximava do destino traçado e estacionou a moto na frente do bar, caminhando rapidamente para dentro.

-Gabs. Joyce exclamou aliviada de trás do balcão e sorriu para o garoto que acabara de sentar na banqueta. -Fiquei preocupada com você.

-Preocupada? Comigo? O garoto riu baixo apontando para uma garrafa de cerveja que estava na prateleira atrás dela. -Por que? Gabriel franziu o cenho enquanto a garota colocava a cerveja em cima do balcão e sorria torto, sem acreditar nas palavras dele.

-Você saiu daqui cambaleando. Eu tive que brigar com você para não pegar a moto, te joguei em um táxi sem nem saber notícias suas. E você acha isso normal? Joyce disse incrédula enquanto guardava algumas garrafas de volta no lugar.

-Eu estou inteiro. Não aconteceu nada. Para que tanta preocupação? Gabriel sorriu tomando um gole da cerveja enquanto Joyce lhe lançava um olhar de desaprovação.

-Sempre um idiota.

-E você sempre caindo na minha. O garoto sorriu torto e se inclinou sob o balcão. -Quando você esta livre? Eu adoraria sair de novo.

-Sexta. Ela respondeu rapidamente servindo um copo de água gaseificada para um garoto que sentou no outro canto do balcão.

-Não posso esperar até sexta. Gabriel resmungou se levantando da banqueta e sorriu para ela divertidamente.

-Não se atreva. Joyce sussurrou enquanto ele derrubava a garrafa, e passava pela portinhola do balcão.

-Olhe só, vai precisar limpar isso. Que desastrado eu sou. Gabriel sorriu de lado quando a garota lhe lançou um olhar furioso e caminhou para os fundos do bar, em busca de uma vassoura e a pá.

-Mas que diabos! Joyce exclamou percebendo que Gabriel já estava com as mãos na cintura dela, beijando seu pescoço e deixando algumas mordidas em sua pele.

-Eu senti saudade disso. O garoto sussurrou no ouvido dela, empurrando-a contra a parede enquanto Joyce corria as mãos até os botões da camisa do garoto, abrindo-os rapidamente e lhe tocava o abdômen marcado e bronzeado, como se admirasse uma obra de arte.

-Gabs... A garota arfou envolvendo seus braços ao redor dele e sugando os lábios do garoto com força, as mãos de Gabriel desceram pelo corpo dela alcançando à perna da garota e a puxou para mais perto de si, acariciando a pele exposta pela saia e deixando chupões no peito dela, enquanto afastava a camiseta do uniforme de Joyce. Ela sorriu apreciando toda aquela bagunça que estava acontecendo e pode ouvir a sineta do bar tocar repetidamente.

-Mas que droga. Gabriel retrucou inconformado enquanto Joyce se afastava dele, arrumando suas roupas e correndo de volta para o balcão. Assim que ele voltou ao bar, pode ver que a sineta havia sido tocada pelos garotos que andavam com Stacy, ele reconhecia Guilherme, que o encarava com o maxilar travado enquanto falava com Joyce sobre um show que aconteceria no sábado. Gabriel olhou na direção deles mais uma vez antes de largar o dinheiro no balcão e sair porta afora subindo na moto em seguida.

              Meia hora depois ele havia chegado em casa e ficara parado em cima da moto, decidindo se iria ou não entrar. A mente de Gabriel rodava enquanto ele tentava entender como a mãe havia conseguido perdoar tal deslize por parte do pai, como ela tinha decidido voltar para casa. Respirando fundo, ele pegou a chave da moto e caminhou lentamente para casa, como se estivesse contando mentalmente a distância de cada um de seus passos.

-Gabriel? A mulher chamou ao escutar a porta se abrir, ele tentou abrir um de seus costumeiros sorrisos mas, falhou na tarefa de ser convincente.

-Oi mãe. O garoto disse acenando para ela, que estava sentada em frente à janela de entrada pintando um quadro de flores que ele presumira serem petunias. -Esta ficando ótimo. Ele falou se aproximando dela, que sorriu enquanto a luz do sol invadia o cômodo e tocava os cabelos dela, que eram de um marrom café, ondulados até os ombros. A mulher olhou na direção dele com aquele par de olhos azuis á qual ele já havia se acostumado tanto e franziu o cenho curiosa.

-Você bebeu? Ela perguntou erguendo a sobrancelha e ele se sentiu  envergonhado em tentar mentir para ela.

-Bebi. Gabriel afirmou sentando ao lado dela e ficando em silêncio.

-Você não entende, não é? Jessie falou parando de pintar e acariciou o rosto do filho, com as pontas dos dedos pintadas de azul e roxo. -Eu sempre amei seu pai Gabriel. Sei que pode parecer loucura depois de tudo que aconteceu mas, eu decidi tentar de novo.

-Até ele aprontar mais uma vez e você acordar. O garoto retrucou mal-humorado vendo a mãe permanecer imóvel no mesmo lugar. – Isso não é amor.

- Filho... A mulher sussurrou pegando o braço dele mas, ele já havia levantado e estava de pé ao lado dela, negando incessantemente.

-Isso não é amor. Gabriel repetiu antes de sumir de volta para o quarto.

Fighter: Uma Luta Pela VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora