009

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• Maria •

Senti a claridade incomodar minhas pálpebras, mesmo elas estando fechadas. Virei o rosto para o outro lado e senti um cheiro de homem, sexo, menta e cigarro.
Abri meus olhos.
Havia um rosto branco amassado contra o travesseiro. Eric estava deitado de bruços, o lençol fino cobria parte de seu quadril, deixando a maior parte de seu corpo exposta. Ele roncava baixinho, vez ou outra.
Olhei no relógio em meu pulso e vi que ainda não eram nem mesmo seis da manhã. Com medo do que viria caso Eric acordasse, decidi sair dali o quanto antes.
Estiquei as pernas, sentindo meu corpo todo protestar. Minhas coxas estavam doloridas, minha intimidade estava ardida, os braços doloridos. Olhei para o meu corpo e percebi que eu estava com as pernas enroladas na coberta, deixando meu corpo nu bem visível. Haviam marcas de cinco dedos em meu braço direito e eu, por incrível que pareça, acabei sorrindo com a lembrança que aquilo me trouxe.

Eu o senti dentro de mim. Inteiramente dentro de mim. Era como se pudéssemos nos tornar um só a qualquer momento.
Eram sensações únicas. Ele sabia exatamente onde e como me tocar. Parecia que conhecia todos os os segredos mais obscuros do meu corpo.

Sentei na cama, sentindo meu corpo ainda protestar e passei o olho pelo apartamento de Eric. Minhas roupas estavam no chão, emboladas. Respirei fundo e comecei a me vestir. Primeiro a calcinha, depois a saia, blusa e comecei a calça as botinas. Eu precisava dar o fora dali o quanto antes e torcia para que Eric tivesse deixado a porta destrancada quando, no meio da noite, foi até o corredor atender um chamado de Max.
Respirei fundo e vesti as peças de roupa que faltavam, me levantando da cama e dando uma última olhada em Eric. Ele parecia muito mais sociável dormindo, por mais irônico que isso seja.
Caminhando em passos muito leves, eu fui até a porta e vibrei internamente ao vê-la se abrir assim que tentei. Devagar, saí do apartamento de Eric e fui me esgueirando pelos corredores até o elevador.

Depois do elevador, torcendo para que agora houvesse uma troca de plantão na sala de controle — para que assim eu passasse despercebida nas câmeras —, eu praticamente corri até o dormitório, onde todos estavam largados em suas camas. Alguns roncos altos eram ouvidos. Aproveitei que estavam todos dormindo e fui para a ala dos chuveiros, onde tomei um banho rápido e foquei na lavagem da minha intimidade que estava um tanto grudenta. Havia um fino fio de sangue misturado aos fluídos que ainda estavam em mim.

Assim que saí do banho, vesti uma calça preta, uma blusa de mangas compridas preta, sequei os cabelos da melhor forma que pude com a toalha e me joguei na minha cama. Antes de pegar no sono de novo, olhei para a cama do lado e fiquei encarando Drew, que dormia de lado, com um dos braços pendurados encostando a mão no chão. Seu rosto estava muito inchado, provavelmente pelo confronto com Eric, e ele tinha cortes e pontos roxos no rosto. Meu coração se apertou. Drew era meu amigo desde meu primeiro minuto como membro da Audácia e eu me senti mal por ter passado a noite com quem o causou tantos danos.

Faz parte do jogo, Maria.

Com a voz de Eric ecoando em minha mente, acabei pegando no sono de novo.

***


— Não te vi quando fui deitar. — Jessie comenta — Onde estava?

— Eu? — pergunto mastigando meu hamburguer

— É, você. — Ali afirma

— Na certa, estava treinando. Obcecada. — Sam revira os olhos

— É. Isso mesmo! — confirmo

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora