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• Evelyn •

A barriga pesada me impedia de andar depressa, mas eu fazia o possível. Em direção ao prédio abandonado onde eu me escondida com Harry, eu caminhava me apoiando nos muros e rezando baixinho pedindo a Deus que segurasse meu filho dentro de mim mais um pouquinho. As dores já me consumiam e as contrações tinham um espaço mínimo entre elas.
Em determinado tempo, não aguentei e, com dificuldade, me sentei no chão, encostando as costas em um muro. Eu suava muito e sentia uma pressão descomunal entre minhas pernas. Subi o vestido amarelo sujo e coloquei a mão em minha intimidade, me assustando ao sentir o inchaço e o líquido viscoso saindo dali. Meu bebê iria nascer ali, em um beco sujo da cidade. Isso era muito perigoso.
Eu não podia gritar, pois ninguém poderia me ver. Se alguém me visse e me reconhecesse, eu estaria acabada e destinada a voltar para os braços de Marcus e seus abusos.
Tirei meu casaco cinza e coloquei a manga na boca, mordendo o pano com força enquanto empurrava o bebê pra fora de mim. Foram incontáveis minutos até que eu ouvisse seu choro e sentisse o alívio me tomar.
Com cuidado, enrolei meu bebê no casaco e o peguei no colo, vendo que se tratava de uma menina. Sorri feliz ao imaginar como Tobias reagiria se tivesse uma irmãzinha. Ele sempre foi tão mandão e protetor.

— Theresa. — sorri baixinho ao lhe dar tal nome

Tobias e Theresa, as duas melhores coisas que eu fiz na minha vida.

— Foi fácil achar você. — ouvi a voz de um homem e me assustei

Na entrada do beco onde eu estava caída, haviam um grupo de homens com trajes azuis e pretos.
A Audácia estava aliada a Erudição?
Apertei a bebê em meus braços enquanto o grupo caminhava até mim. Reconheci o líder deles. John Coulter.

— Deixe-me ajudá-la. — ele se abaixa perto de mim

— Sai de perto de mim. — rosno

— Fique quieta, Evelyn.

Ele sabia quem eu era.
Em silêncio, ele abriu a maleta que carregava e tirou uma tesoura dali, usando-a para cortar o cordão umbilical que ainda unia minha menina e eu. Com uma gaze molhada, ele limpou minhas coxas e me olhou nos olhos. Seus companheiros estavam um pouco longe de nós, talvez não pudessem nos ouvir.

— Me dê ela. — ele pede

— Por que? — sinto minha garganta se fechar com a vontade de chorar que crescia dentro de mim

— Para que ela possa viver.

— Na Erudição? — pergunto com raiva

— Eu prometo que a Erudição não irá encostar nela, Evelyn. — ele diz me olhando nos olhos — Ninguém sabe que você ainda está viva. Me entregue esta criança.

Eu penso nas dificuldades que os Sem-Facção passam. Não há certeza de que acordaremos. Podemos ser mortos enquanto dormimos, o futuro não é certo.

— Logan está na Amizade agora, você sabe.

— Logan e você são lacaios da Jeanine.

— Não mais. — ele garante — Me dê a criança, Evelyn.

Hesitante, eu passo minha menina chorona para os braços dele. Os dois homens de azul que estão com ele me jogam um cobertor e eu me cubro na noite fria. Os dois soldados da Audácia fazem sua escolta.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora