Epílogo

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DOIS ANOS DEPOIS

• Sol de Maria Coulter •


— Meu nome é Maria, sou eu quem manda aqui. — projeto minha voz para frente, para que ela se espalhe pelo ambiente e todos possam me ouvir com clareza — Eu sou responsável pelo seu treinamento de mira e, mais tarde, pelo seu treibamento psicológico. Não será nada invasivo, estou apenas encarregada de mostrar para vocês a realidade das ruas da Margem, mas isso é assunto para outra hora. Agora, eu irei mostrá-los as técnicas necessárias para manusear uma arma, seja ela de fogo ou arma branca. Como limpar, como posicionar, como mirar, como atirar. Devo lembrá-los que, enquanto estiverem aqui, suas atenções devem estar inteiramente aqui. Qualquer descuido, mesmo que mínimo, pode resultar em acidentes graves, assim como na vida real, onde um simples descuido pode tirar uma vida inocente. Não hesitem em me perguntar qualquer coisa, em tirar dúvidas. Estou aqui para prepará-los e é meu dever sanar todas as suas curiosidades. — encerro encarando minha turma — Alguma pergunta?

Os homens e mulheres de dezoito anos que se alistaram me encaram em silêncio. Eu passo o olhar cautelosamente pela sala, me certificando de encarar cada um e aceno ao perceber que ninguém tem nenhuma dúvida.

— Bom, sem mais delongas, vamos começar.

Quando acordei, na manhã após nossa revolução, John Coulter estava morto e todos ao meu redor estavam desmemoriados e sem saber o que fazer. Eric estava preocupado, mas aliviado em me ver viva.
As primeiras semanas foram mais complicadas, com muitos encontros e muita coisa para ser colocada em ordem, mas depois tudo foi se encaixando aos poucos. Passei os primeiros meses morando no meu antigo casebre da Amizade, com Lana e Eric, já que Logan não voltou pra casa. Ele e Lana se perdoaram, mas não reataram o relacionamento que tinham antes. Acho que ela ainda se sente viúva.
Também não demorou muito para que eu descobrisse algo que mudou a minha vida e a vida de Eric para sempre. Os enjôos, o vômito, tudo isso tinha realmente um motivo além do estresse: eu estava grávida. Eric surtou e ficou calado por dois dias, apenas observando o mundo ao nosso redor e perdido em seus pensamentos próprios. Eu fiquei chocada demais para ter alguma reação, mas Lana, Quatro e nossos amigos foram nos ajudando a reagir. Quando eu completei sete meses e estava com a barriga maior que uma bola, acabei caindo da escadaria do edifício Hancock, enquanto estava visitando o apartamento que planejava morar. Perdi o bebê, o que deixou Eric muito abalado, mas seguimos juntos. Ele me pediu em casamento quando eu estava no hospital, mas eu enrolei bastante e nós só nos casamos há uns seis meses.

Assim que meu turno terminou, saí do antigo complexo da Audácia e vi a caminhonete marrom de Tobias parada na entrada. Ele sorriu para mim e eu entrei no carro. Combinei com ele de buscar a Evelyn na fronteira, agora que ela pediu para voltar pra cidade e o governo aceitou.

— E o Eric? — ele pergunta

— Está em sua consulta semanal. Ele tava achando que já podia parar, mas achou melhor seguir.

— O psicólogo tem feito bem pra ele. Fico feliz que ele continue.

— Eu também. — respiro fundo ao sentir o desconforto da caminhonete chacoalhando na estrada — Pode tentar sacudir menos?

— Ah, tá. — ele murmura — Desculpa.

Tobias reduz um pouco a velocidade e tira uma garrafa d'água do porta-luvas, me oferecendo.

— Vai ajudar a melhorar. — ele dá de ombros — Já contou pro Eric?

— Não. — respiro fundo — Ele acabou de aceitar o emprego de instrutor da polícia. Achei melhor esperar.

— Até quando? — ele me olha rápido — Até não conseguir mais passar pela porta?

— Você é ridículo, Tobias. — bato em seu ombro rindo

— Eu sei que você me ama, Sol.

Na fronteira de Chicago há marcas de pneus no chão, mostrando a quantidade de carros que entravam e saíam por ali durante o dia. Descemos da caminhonete e vimos Evelyn parada ali, com uma bolsa pesada no ombro. Ela sorriu ao nos ver e Tobias foi o primeiro a se aproximar, pegando a bolsa dela e a abraçando.

— Quanto tempo! — ela sorri e me abraça

— É verdade. — sorrio e beijo sua bochecha — O que tem feito?

— Nada demais. — ela dá de ombros — E vocês? Chutando muitas bundas por aí?

— Não, eu só treino eles. — digo voltando para o carro

— Eu não uso armas mais. — Tobias diz colocando a bolsa no banco de trás da cabine dupla

— Sei, agora só usa as palavras. — Evelyn ri, nos fazendo rir também — Obrigada por virem me buscar.

— Não há de que. — digo me sentando no banco do carona e observando Tobias tomar seu lugar ao volante, enquanto Evelyn se senta no banco de trás — O que pretende fazer agora?

— Johanna me disse que precisam de pessoas no orfanato da cidade. Funciona onde o antigo setor da Abnegação era, não?

— Exatamente lá. — Tobias confirma dando partida no carro — Acho que você vai se dar bem lá.

— Também acho. — ela dá de ombros e se inclina, ficando entre nossos bancos — Tris não vai mesmo se importar em me receber esses dias?

— Não. — Tobias sorri — Já disse que pode ficar tranquila.

— Você tá tão bonito. — ela sorri o observando e depois passa a me observar — E você tá mais radiante.

— Obrigada. — agradeço

— Disponha.

— Pronta pra recomeçar? — Tobias pergunta

— Pronta.





***

Ouvi o barulho da porta da frente batendo e sorri, abaixando rápido a blusa que uso e saindo da frente do espelho.

— Amor? — ouço a voz de Eric me chamando

— Tô indo!

Me preparo pra correr pra fora do banheiro, mas Eric é mais rápido e me encontra na porta, agarrando-me em um abraço quente. Eu sorrio e o abraço de volta, sentindo-o me tirar do chão. Paramos em frente ao espelho e ele me vira, me abraçando por trás e me fazendo encarar nossos reflexos. Suas mãos tocam a minha barriga e ele beija meu pescoço, me encarando pelo espelho. Pelas suas carícias, tenho certeza de que ele já sabe.

— Tá legal, quem te contou? — pergunto e ele ri

— As facções caíram, mas Lana ainda fala como um hippie. — ele brinca — Ela deu a entender, mas quem me disse com todas as letras foi Logan, em uma visita. Mas o ponto alto foi você ter deixado o teste em cima da pia do banheiro. Você é muito esquecida, Sol de Maria.

Acabo rindo e me virando para ele, puxando-o para mim e o beijando. Eric é meu, inteiramente meu e nada pode mudar isso. Seremos uma família e iremos criar nosso próprio lar.

— Você ainda vai me amar amanhã cedo? — ele murmura ao afastar nossos lábios

— Para todo sempre, querido. — sorrio





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AquelaAutora

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora