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• Eric •

O rosto sereno de Maria me fez relaxar e sair do pânico. Segundo Matthew, ela apenas dormia e estava se recuperando da briga feia que participou. Seu nariz tinha as entradas machucadas, seus lábios estavam cortados e ela tinha hematomas nas maçãs do rosto e nos supercílios, mas ela parecia bem e, o mais importante de tudo, respirava.
Havia um monitor conectado a ela para marcar seus batimentos cardíacos e a máscara de oxigênio ainda estava em seu rosto, para ajudá-la a purificar seus pulmões mais rápido, mas ela estava bem. Muito bem, para alguém que respirou o soro da morte.

No leito ao seu lado, John se retorcia em seus últimos minutos. Como ele usava a roupa especial para retardar os efeitos do soro, a quantidade de soro que ele aspirou estava agindo lentamente, fazendo-o ficar fraco e tossir repetidamente.

Lana, ainda muito chocada com todas as descobertas da noite, se juntou a mim na ala médica e se colocou ao lado do leito de Maria, a observando com cautela e amor. Ela também carregava suas marcas, marcas dos golpes que Magnus deferiu nela para fazê-la falar sobre nós. Mas isso não parecia importar para ela, no momento.

— Ele não precisa fazer isso sozinho, menino Eric. — a ouço murmurar e só então percebo que estou de pé, entre os leitos, observando John tossir dolorosamente

— Ele escolheu isso. — desvio o olhar para Maria — Ninguém o obrigou a se sacrificar.

— Mas ainda assim ele fez. Não só porque acreditava em um sistema melhor, mas também porque queria que você tivesse um bom lugar para se regenerar e ser diferente dele. — ela me olha e eu a olho de volta — Eu não sei o que aconteceu entre vocês, Maria apenas me disse que seu lar não era bom.

— E não era.

— Mas a parte boa de ser adulto é poder construir seu próprio lar ideal, com suas regras, seus sentimentos.

— O que você sabe sobre um novo lar? — franzo o cenho

— Eu nem sempre fui essa mulher tranquila da Amizade e, confesso, ter sido bem difícil na minha fase de adaptação. Parte do processo de regeneração é o perdão, para os outros e para nós mesmos.

— Eu nunca vou conseguir me perdoar por me permitir ser usado.

— Uma coisa de cada vez, menino. — ela diz paciente — Tudo é fase e, de repente, para você chegar na fase do perdão próprio, precise passar pela fase do perdão ao outro. O que você quer fazer agora?

A pergunta dela ecoa na minha mente e eu volto a olhar para John, que está deitado de costas para nós e treme por inteiro. Ele murmura a frase estou bem o tempo inteiro, mas nós sabemos que isso não é verdade.
Eu me aproximo do leito dele e então a cena da minha mãe morrendo me vem nítida na minha cabeça. Depois de ver meu pai e Jeanine se agarrando ao lado dela, fiquei com ela até o fim, segurando firme sua mão. Ela não pôde dizer muito antes de ir, mas o pouco que disse mexeu comigo.

★★★

— Se ele tivesse feito diferente. — murmuro sentindo lágrimas quentes de raiva saindo dos meus olhos — Se ele não fosse como é, nada disso estaria acontecendo.

— Não há nada que seu pai pudesse fazer, Eric. — ela diz debilitada

— Não o defenda! — elevo o tom de voz, bravo — Ele não merece isso. Ele errou e vai pagar muito caro por isso, mamãe. Eu te prometo.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora