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• Maria •

“A estadia de Eric Coulter nos campos da Amizade está com os dias contados.
Em nome de Evelyn Johnson, convoco o ex-líder da Audácia a comparecer ao Eixo para responder a um julgamento justo pelos crimes de traição, conspiração e assassinato.
O julgamento ocorrerá em dois dias!
O descumprimento desta ordem está sujeita a penalidades severas!

Therese Kyle”

Amassei o papel em minhas mãos e bufei ao ler o bilhete mais uma vez. Antes, cada facção julgava seus criminosos e os casos mais graves eram passados para o Conselho da cidade que os julgavam e avaliavam da melhor forma possível. Antes o Conselho era liderado pela Abnegação, onde o perdão era a palavra chave.
Agora o Conselho era Evelyn, Therese, Quatro e os lacaios de Evelyn. Eu sei que ela foi da Abnegação, mas o perdão não faz parte da sua vida.
Eric estará marchando para a própria morte dentro de dois dias. Eu preciso fazer alguma coisa!

— Não vai acreditar no que aconteceu. — Eric diz entrando no meu quarto revoltado — Evelyn fez uma cerimônia ridícula agora, na cidade, e destruiu todos os recipientes da Cerimônia de Escolha. Foi um festival de louça quebrada, água jorrando, terra. — ele parecia afobado, gesticulando enquanto falava — As brasas da Audácia foram jogadas no rio!

— Como ficou sabendo disso? — franzo o cenho

— Lana realmente fala demais. — ele comenta — Ela estava na cidade, fazendo uma entrega e viu tudo.

A ideia dos Sem-Facção arrebentando e destruindo os recipientes da Cerimônia de Escolha faz com que meu coração se aperte, pois me lembro da minha Cerimônia, onde Jeanine foi a oradora. Ela parecia tão acolhedora naquele dia, pena que eu já sabia a fingida que ela era.

— Acabou! — Eric bufa sentando na cama — As facções acabaram de vez, Maria. E agora? — ele me olha parecendo abalado — A Audácia se foi e tudo o que eu sou é a Audácia! O que vai ser de mim agora?

— Calma, Eric. — me aproximo e faço carinho em seus cabelos — Vai ficar tudo bem, vamos dar um jeito.

— Ah, é fácil pra você me pedir pra ter calma. — ele se irrita e se levanta, se afastando do meu carinho — Você é divergente, Maria! — ele diz alterado — Você se encaixa em qualquer porra que te colocarem. Olha pra você, a Audácia acabou e você ainda pode se esconder aqui.

— Eric! — o chamo para fazê-lo prestar atenção — Vamos dar um jeito.

— Como? — ele explode — A maluca da sua mãe está mandando e desmandando na cidade, eu estou a caminho da morte e você não pode fazer nada pra mudar isso, merda!

Ele grita e joga tudo da minha cômoda no chão. Os porta-retratos, os brincos que Lana fez pra mim e o último filtro dos sonhos que meu pai fez.
Eu o olho irritada e então me abaixo perto de onde as coisas caíram, pegando o filtro dos sonhos. Pra sorte dele, não havia estragado. Caso contrário, eu seria capaz de matar Eric.
Coloco o filtro dos sonhos dentro de uma das quatro gavetas e começo a catar as outras coisas em silêncio, deixando Eric de lado. O porta-retrato que tem uma foto do meu pai sorrindo enquanto segura a eu de 5 anos está rachado. Respiro fundo controlando meu estresse. Sei que Eric não fez por mal.

— Ei, desculpa. — ouço Eric dizer — Desculpa, me perdoa. Eu não queria fazer isso. Eu sou um idiota. Me desculpe!

Nem mesmo o olho, mas Eric se ajoelha ao meu lado e começa a catar as coisas. Eu arrumo tudo de volta em cima da cômoda e respiro fundo, encarando Eric. Ele tem os olhos vermelhos e me olha envergonhado.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora