019

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• Maria •

Marchando pela cidade, o que sobrou da minha facção segue caminho até sua base. Eric, que ainda está desmaiado, é carregado por dois soldados de maneira desajeitada. Tori marcha com uma carranca brava no rosto, mostrando sua raiva pela decisão de não matar Eric.

Quando chegamos no complexo da Audácia, Eric é encaminhado para a prisão e todos nós pegamos armas de paintball. O plano é atirar em todas as câmeras para que a Erudição não possa nos vigiar.
Enquanto atiro nas câmeras da sala de treinamento, me dou conta de que toda a Erudição viu as cenas quentes que Eric e eu protagonizamos aqui, há algumas semanas. Isso faz com que eu fique nervosa.

— Fez um ótimo trabalho, Maria. — Drew diz entrando sem camisa e todo colorido

— Atiraram em você? — pergunto rindo

— A Jessie começou uma verdadeira guerra lá fora. Vim te chamar para ser minha aliada.

Drew era meu melhor amigo, mas nós não tivemos tempo de conversar sobre o que rolou na Amizade, um pouco antes de termos que sair correndo.
Não sei se quero ter essa conversa algum dia e perceber que ele sente alguma coisa por mim. Não quero perder sua amizade e nem que as coisas fiquem esquisitas entre nós.

— É uma boa ideia, já que terminei por aqui. — digo tomando caminho pra saída

— Então vamos. — ele ri e caminha ao meu lado

Quando chego no corredor, vejo Quatro, Tris e Jessie com suas armas apontadas para mim. Eles gritam rindo e estão coloridos de tinta. Eu protejo o rosto e tento correr, mas Drew me segura e então sou alvejada de tinta pelos três.

É bem capaz que, depois de hoje, eu tenha tinta até onde o sol não bate, mas hoje eu também tive a prova do porque eu escolhi a Audácia. Estamos vivos, somos corajosos.

Eu sou a Audácia!






• Eric •

Abri os olhos sentindo-os mais leves, finalmente. Eu não faço ideia de quanto tempo apaguei e nem de como vim parar nessa prisão, mas eu reconheço o lugar. Estou de volta ao complexo da Audácia, mas desta vez as paredes estão com marcas de tiro de paintball e as câmeras estão todas pintadas. Sorrio ao imaginar que Jeanine deve estar se descabelando por não conseguir nos ver mais.
Está muito quente aqui, então eu tiro a jaqueta, jogando-a na cama. Da cela em que estou, não consigo ver o início da ala, então não sei se tem alguém aqui embaixo comigo.
Me sento no chão, com as costas na parede, e passo a mão na nuca, sentindo o exato lugar onde Jeanine me injetou o dispositivo da simulação. Eu não sei como, mas ela conseguia me monitorar, como se eu fosse um boneco de ventríloquo. Sinto ainda mais ódio daquela vaca. Eu seria capaz de apertar minhas mãos em seu pescoço até que ela mudasse de cor.

Não sei exatamente quanto tempo se passa, mas ouço passos se aproximando. Torço para que seja o carcereiro para que eu possa pedir, ao menos, um copo d'água.
Com os olhos fechados, respiro fundo e monitoro os passos. Eles param após um tempo e eu tenho certeza de que a pessoa está parada na minha cela.

— Serviço de quarto.

Abro os olhos ao ouvir a voz familiar de Maria. Ela sorri pra mim e carrega uma bandeja com bolo, duas garrafas d'água, uma maçã e uma quentinha. A prisão da Audácia, assim como todo o complexo, têm uma iluminação singular. Há apenas algumas lâmpadas de led pelos corredores para iluminar as celas. Eu não sei se é dia ou se é noite, mas Maria na minha frente é como uma manhã ensolarada.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora