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E R I C

Vou caminhando pelo corredor mal iluminado e então eu chego numa enorme sala com fitas amarelas de interdição. Há uma parede de vidro enorme que me mostra a pouca luz dos postes do lado de fora daquele complexo. Dentro da sala, vejo cadeiras quebradas e algumas jogadas por cima de outras. Volto pelo caminho que fiz e, devagar, recolho os dois travesseiros da cama destinada a mim e o coberto grosso com o lençol fino. É estranho não ter roupas de cama nas cores da minha facção, mas nos últimos dias nem roupas de cama eu tenho tido.
Quando estou de volta ao salão da parede de vidro, arrebento a parte inferior das fitas amarelas e passo abaixado por ali, vendo a placa onde diz SALÃO DE EMBARQUE.
Franzo o cenho.
Nada aqui parece fazer sentido para mim.
No canto da sala, próximo a parede de vidro, há um muro que esconde a porta do que descobri ser um armário de vassouras. Apóio a roupa de cama em uma cadeira e uso uma das vassouras velhas pra limpar o canto em que planejo me deitar. Feito isso, forro o cobertor grosso no chão e coloco os travesseiros com o lençol ali. Me sento no chão, encostando na quina da parede e fico observando o lugar lá fora. É calmo.

— Também não se sente em casa?

A voz de Quatro preenche meus ouvidos e, com a visão periférica, o vejo ir até a parede de vidro e fazer uma careta ao ver a altura. Dou um pequeno sorriso e, quando ele se afasta, jogo a cabeça pra trás, encostando-a na parede.

— Isso aqui, por acaso, se parece com a nossa casa? — retruco

— Você parece não sentir falta de casa. Trocou a Audácia pela Erudição. — rebate afiado

— Eu troquei a Erudição pela Audácia e faria o que fosse preciso para mantê-la segura.

— Quem foi que inventou que divergentes são ameaças?

— Uma escolha, uma facção. No mínimo era de se esperar que mais de uma aptidão fosse esquisito. — dou de ombros

— Ah, eu não quero conversar sobre isso. — ele diz se sentando em uma das cadeiras, causando o ranger do ferro velho

— Se, no passado, alguém me dissesse que Eric e Quatro trabalharíam juntos, eu seria o primeiro a pagar pra ver. — a voz de Amah preenche o ambiente e eu fecho os olhos, não escondendo minha irritação por querer estar sozinho

— O bem e o mal trabalhando juntos. — murmuro ainda de olhos fechados

— É bom encontrá-los juntos. Assim eu não preciso me repetir na história da minha falsa morte.

— Acho que não faz muita diferença, não é? — ouço Quatro murmurar

— Então vocês não estão curiosos? — ele diz em tom de brincadeira e eu abro os olhos, encontrando os olhos de Quatro em mim. Juntos, olhamos para Amah — Muito bem.

— Não nos deixaram ver seu corpo. — Quatro diz

— Não era o meu corpo. Eles me tiraram da Cidade porque eu era divergente e Jeanine já estava começando a caçá-los. O Departamento fez o possível e conseguiu salvar o máximo que deu. Mas Jeanine é esperta e estava sempre um passo a frente.

— E a mulher que disse ter te visto pulando? — pergunto

— A memória dela foi alterada para me ver pulando e o corpo encontrado não era o meu. Ele estava tão danificado que ninguém notou.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora