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• Eric •

Ver Jeanine me pedir socorro enquanto morria, mesmo sabendo que eu a queria morta foi um golpe duro pra mim. Seria ela capaz de sentir algo por mim? Amor? Carinho? Compaixão?
Não.
Nunca!
Ela não amava o meu pai, ela amava a inteligência dele e o fato dele sempre fazer tudo que ela queria. Ela não tinha consideração alguma por mim. Se tivesse, não teria me colocado na porra de uma simulação e ter me feito caçar a mulher que eu amo.
Eu estava atônito. Por um momento, tudo o que eu enxergava era minha mãe morrendo e ela beijando meu pai, sem se preocupar com isso. Nem mesmo a voz de Maria era capaz de me acordar desse transe. Nem mesmo seu Sol era capaz de clarear as profundezas da minha escuridão.
A mão gelada de Jeanine ainda estava no meu pé quando eu caí de joelhos e tombei pra frente, sendo amparado por Maria. As frestas de luz começaram a surgir, fazendo com que a escuridão dentro de mim se dissipasse e fosse embora. Levando a fera dentro de mim a nocaute e a colocando pra dormir.

— Tá tudo bem. — ela disse acariciando meu rosto molhado — Vai ficar tudo bem, meu bem.

— Você não tinha o direito de matá-la! — Quatro grita com o lacaio de sua mãe que atirou em Jeanine

— Meu filho, se acalme! — Evelyn pede enquanto seus soldados começam a destruir informações — Foi um sacrifício que precisou ser feito.

— Não pense que você me engana! — ele grita com a mãe — Magnus não puxou esse gatilho sozinho.

As informações entram no meu cérebro e demoram para serem processadas. Eu me sinto livre das garras de Jeanine, mas ao mesmo tempo, sinto medo. Antes, eu podia colocar minha culpa nela e nos traumas que ela me causou, pelas merdas que eu fazia. E agora? Quando eu errar, quem vou culpar?

No telão do laboratório, o rosto de uma mulher de cabelos pretos e curtos aparece. Franzo o cenho e olho para Quatro. Ele conseguiu a informação principal que queria. O vídeo é liberado e todos franzem o cenho. Maria, apesar de estar abaixada ao meu lado, me amparando, vira o rosto para assistir.

— Olá, meu nome é Amanda Ritter. — a mulher do vídeo diz — Neste arquivo, revelarei apenas o que vocês precisam saber.

— Quem foi que colocou isso no ar? — Evelyn grita

— Senhora, parece que todos os telões da cidade estão reproduzindo o vídeo. — Therese diz

— Sou a líder de uma organização que luta por justiça e paz. Durante as últimas décadas, esta luta tem se tornado cada vez mais importante e, consequentemente, quase impossível. A razão é esta.

O rosto da mulher desaparece do vídeo, dando lugar a cenas terríveis. Cenas que, em todos os meus anos de Audácia, eu nunca havia visto. Homens, mulheres, crianças morrendo, se suicidando, explodindo. É perturbador.

— Vocês não se lembram de nada disso, mas se pensam que estes são atos de um grupo terrorista ou de um regime tirânico, estão parcialmente corretos. — a imagem da tal Amanda volta — Metade das pessoas nestas fotos, cometendo atos terríveis, eram seus vizinhos, seus parentes. A batalha que estamos travando não é contra um grupo em particular, mas sim contra a própria natureza humana. — ela suspira — Ou, pelo menos, o que ela se tornou.

— Quem é esta mulher? — Evelyn pergunta, mas ninguém responde

— É por isso que vocês são tão importantes. Nossa batalha contra a violência e a crueldade está apenas tratando os sintomas de uma grave doença e não curando.

— Somos doentes? — Maria franze o cenho ao murmurar baixinho

— Vocês são a cura. — a mulher do vídeo diz quase instantaneamente, fazendo com que Maria e eu nos encaremos — Para mantê-los seguros, desenvolvemos uma maneira de separá-los de nós, da nossa estrutura societária. Construímos a sociedade de vocês de uma maneira particular, com a esperança de que vocês descobrissem o sentido moral que a maioria de nós perdeu. Com o passar do tempo, esperamos que vocês comecem a mudar, de uma maneira que a maioria de nós é capaz de fazer. Estou deixando esse arquivo para que vocês saibam quando chegar a hora de nos ajudar. Vocês saberão quando houver muitos cujas mentes parecem ser mais flexíveis.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora