Realmente era estranho. Duck Young parecia um confuso, é claro, e um pouco surpreso, mas ainda era diferente de como eu estava me sentindo. Então as coisas começaram a fazer sentido. A confusão era porque ele de repente foi parar no mundo real e sem saber como, não exatamente por existir um mundo real.
— E não pensou que deveríamos conversar sobre isso? — Cruzei os braços.
— Eu pretendia falar, Júlia, pretendia mesmo! Só não sabia como, nem quando. É tudo tão confuso. — suspirei.
— Parece que eu sou quem menos sabe...
— Quem menos sabe? — bufou uma risada sem humor. — Você sabe sobre tudo aqui! Até mesmo quando ainda não sabe. Não é justo!
— Não me deixou terminar frase! — respondi firme.
— Então termine. — hesitei.
— Eu vou dormir, Duck Young! Boa noite para você. — disse, caminhando para o quarto.
— Você vai assim? Não vai mesmo me responder?
— Não.
— Está certo então, boa noite! — Sua voz que antes era apenas firme, foi embargada pela raiva, deixando transparecer a irritação.
— Boa noite! — respondi com tanta raiva quanto ele.
Fui para o quarto e me aprontei para dormir. Dizer que consegui pegar no sono rápido é a última coisa que poderia fazer, uma vez que não foi assim. Pensei em minha família e na loucura que estava acontecendo, ou seja, tudo que evitei pensar na noite passada. Fiquei no silêncio angustiante do quarto por quase uma hora até conseguir dormir.
O dia seguinte estava ainda mais frio do que os anteriores, então vesti uma roupa quente o suficiente e desci para tomar café. Não havia ninguém por perto e somente um lugar na mesa então caminhei até a cozinha e encontrei Dong Yul guardando mantimentos nos armários.
— Oh, bom dia Ana Júlia! — desejou, sorridente. — A mesa ainda está posta esperando por você.
— Bom dia — respondi. — O Duck Young já saiu?
— Já sim. Ele tem uma sessão de fotos hoje e à noite é a première do novo drama dele. O elenco se reúne para ver o primeiro episódio, é sempre assim! Temo que não consiga vê-lo hoje...
— Ah, entendo... — respondi, um leve tom de decepção na voz. — Eu vou comer, quer se sentar comigo?
— Já comi, mas obrigada. — ela sorriu.
Depois de comer fui para a sala de televisão onde passei grande parte do dia, este que foi dividido em assistir TV, jogar no celular, comer, conversar com Dong Yul e pensar em uma forma de voltar para casa.
Por volta das seis da noite ouvi o barulho da porta da frente abrindo e corri para a ver. Ele havia chegado, estava sério e trazia consigo uma sacola branca grande que aparentava ter algo pesado dentro.
— Oi. — cumprimentei.
— Ah, oi... — respondeu com indiferença.
Eu queria terminar a conversa da noite anterior e perguntar o que exatamente ele sabia mas pelo visto nenhum dos dois estava disposto a ceder depois da discussão da noite anterior. Ele subiu e foi diretamente para o quarto, sem dizer nem mais uma palavra. Suspirei em decepção e voltei para a sala. Quando o filme acabou precisei ir ao quarto buscar o carregador do celular e encontrei uma caixa em cima de minha cama. Era grande, branca e tinha um enorme laço vermelho em cima. Park Duck Young era mesmo fã de embrulhos com laços.
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Quando Tudo Se Torna Real
FantasyAna Júlia é uma jovem universitária brasileira, que escreve como uma forma de lidar com certas frustrações da vida e, principalmente, de se livrar do tédio. Ela cria um mundo fictício, espelhando-se no mundo real e em seus entes queridos. Júlia te...