Eu prometo

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"Estou exausto
Sabe de uma coisa?
Eu só quero ir pra casa"

Home, BTS


— Ana Júlia?

No mesmo segundo que o som daquela voz familiar atingiu os meus ouvidos, congelei no lugar. Alina, a pediatra mais famosa do hospital, minha madrinha e melhor amiga da minha mãe. Elas eram como irmãs, assim como eram como filhas para os pais uma da outra.

Ela não poderia esperar só cinco minutos para aparecer?

— Ana Júlia, é você? 

Respirei fundo e continuei a andar o mais rápido que consegui sem apoio. Não sabia exatamente para onde estava indo, mas dei sorte de estarem passando com duas macas vazias, o que serviu para atrasá-la e por isso tive tempo suficiente para achar e entrar na primeira porta que achei destrancada, dando a imensa sorte de não ter ninguém dentro. Logo que passei, bati a porta e torci para que desse certo e rápido, porque sabia que ela estaria me seguindo. Foi o exato tempo de piscar e estava de volta ao mesmo lugar que estava antes da porta bater no corredor.

Sorri.

— Duck Young, eu descobri como voltar! — me aproximei e segurei sua mão. — Eu vou dar um jeito nisso. É só esperar, eu vou voltar e você vai sair daqui, eu prometo!

Me afastei da cama e caminhei até a porta, parando brevemente para checar se havia alguém no corredor. Quando vi que não havia ninguém, pude finalmente sair de lá e ir até o quarto, torcendo para que Sarah estivesse lá. Demoraria um pouco, pelo fato de ter abandonado a cadeira de rodas no quarto de Duck Young. Demoraria um pouco para acostumar andar sem ela e sem muletas, mas eu daria conta.

Estava me apoiando na parede, em uma tentativa quase falha de andar mais rápido, quando ela virou no corredor, aparecendo bem na minha frente.

— Sarah! 

Tampei a boca ao perceber que gritei.

— Ana Júlia! — disse, e então deu um suspiro aparentemente cansado. A julgar pela respiração, ela estava correndo até um segundo atrás.

— Porta! — dissemos em uníssono.

— O quê? Como descobriu? — questionei.

— Eu estava na lanchonete e de repente a porta de entrada bateu e me ocorreu que essa era a única coisa na sua descrição que poderia significar algo. E você?

— Alguém bateu uma porta no corredor e eu fui parar lá.

Notei que ela arregalou os olhos, mas não tive tempo de questionar o que estava havendo porque logo depois ela abriu a porta que estava do nosso lado esquerdo e me empurrou para dentro, checando o relógio logo depois.

— O que foi isso? 

Questionei enquanto tentava me equilibrar novamente a encarando assustada em busca de uma explicação.

— Policiais no corredor. — ela respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Acho que você precisa ir agora... O que pretende fazer?

— Vou reescrever ou apagar. Vai ser como se nada disso tivesse acontecido. Duck Young vai acordar bem, Frederic nunca vai ter tido essa ideia e aquele ataque nunca vai voltar a acontecer. Agora é só torcer pra dar certo.

—Júlia... — começou e colocou a mão em meu braço. — Por favor, não se esqueça. Eu quero me lembrar...

— Não se preocupe, nós três vamos nos lembrar. — lhe dei um sorriso e ela me devolveu com outro, inseguro.

Quando Tudo Se Torna RealOnde histórias criam vida. Descubra agora