Já basta.

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  — Ne, Kacchan! Me espera! —falei vendo o garoto de cabelos marfim e olhos vermelhos a minha frente ainda com o uniforme de sua nova escola.

  — Cala a boca seu Deku inútil! Não é minha culpa se sua mãe pediu pra minha pra te acompanhar até metade do caminho! —berrou com sua voz tipicamente zangada e grossa. As vezes me pergunto se esse cara vai conseguir alguém na vida, ai eu lembro da mãe dele.

  O nosso caminho era o mais rápido, eu estava terminantemente proibido de sair atoa de manhã como sempre fazia, e agora eu era forçado a ir com kacchan até a frente da Yuuei ver todos aqueles aspirantes a herói medíocres esbanjando individualidades, até que, um quarteirão depois chegar na minha escola simples onde tem individualidades estranhas como tirar os próprios olhos.

  — Então kacchan! O propósito dessa baboseira criada por nossos pais é a minha segurança! —ah e como que eu vou tirar proveito disso, ah mas como eu vou!— Então espere! —falei.

  Graças ao seu orgulho, kacchan nunca deixou com que eu andasse lado a lado dele, era sempre eu vendo suas costas, como se isso o fizesse o maioral, e eu o mero servo que anda em sua sombra.

  — Tch! —parou de andar, e quando eu estava a um passo de distância do seu lado, ele voltou a caminhar.— Cuida! —falou.

  Confirmei e logo chegamos a Yuuei, o lugar cheios de pessoas medíocres que tem heróis profissionais como professores e aprendem a ser verdadeiros heróis, ou como eu gosto de definir, pessoas que não sabem nem ser heróis querendo brincar de dar aula para adolescentes que aprendem apenas para fazer o trabalho que mais da metade do planeta já faz. Pra que querer ser um herói se nem originalidade você vai ter? Vilões pelo menos são mais estilosos, os considero como pessoas que veem o mundo de maneira diferente.

  Olhei bem para os rostos dentro da escola aproveitando o fato de kacchan estar na minha um pouco mais à frente fazendo com que aquele enorme portão não se fechasse.

  — Ah é, você, um sem individualidade queria vir pra cá huh! —falou Kacchan, ah que vontade insana de soca-lo!

  Beep

  — Era apenas um sonho de criança, não era como se eu realmente pudesse vir pra cá! —falei tentando ser gentil, afinal, violência gera gentileza e deboche. Vi kacchan torcer o nariz irritado, mas... por que?— Por que se irritou, Kacchan? Não era você quem destruía meus sonhos?

  Beep beep

  — Calado Deku. Entenda, eu nunca serei como você, sempre estava fazendo você acordar pra vida! Você, o Deku inútil, nunca poderia ser um herói.

  Ja basta. Agora, um surto.

  Comecei a gritar com o garoto a minha frente como se não ouve-se amanhã vendo a cara de impressionado dele.

  Qual é? Só estou fazendo o que você geralmente faz comigo!

  — ..E VOCÊ É APENAS UM EGOÍSTA! —terminei respirando forte, e quando olhei pros lados tinham varias pessoas vestindo os uniformes da academia, fiquei envergonhado por chamar tanta atenção, então apenas escondi meu rosto, não queria olhar pra cara de mais ninguém, apenas me virei e fui caminhando pra ir embora daquele lugar, mas como eu não via nada, acabou que eu esbarrei em alguém.— Ah, desculpa! —abri uma brexa para ver quem era, e lá estava na minha frente o filho do herói mais miserável da terra, Todoroki Shouto.

  — Ah, não... —tentou responder mas eu já estava saindo dali, atravessei a rua e lá estava a minha escola, entrei com calma sem chamar atenção e fui em direção a minha sala, fui lá para o fundo e coloquei meus fones de ouvidos sentindo mais vergonha a cada minuto que se passava.

  Até que vejo uma mão batendo fortemente na minha mesa. Levanto o olhar para encarar o dono da mão, era um dos ex-amigos de kacchan. Retirei os fones e pausei a música com o mesmo.

  — Ei Deku! Fiquei sabendo que você foi atacado por um assassino! —riu— Você é mesmo tão inútil! Até os assassinos querem acabar com essa sua inutilidade na terra! —deu mais uma risada. Dei de ombros e peguei um caderno abri numa página aleatória e comecei a rabiscar.— Oe! Não me ignore Deku idiota!

  Ah qual é! Já tem o kacchan pra me atazanar toda manhã, e então vem você! O universo só deve me odiar!

  — Tem como ir embora, está me atrapalhando. —respondi, de onde mesmo que veio essa coragem toda?

  — Quem você pensa que é? Seu bastado! —berrou chamando um pouco de atenção, ótimo!

  — Midoriya Izuku. —falei sem tirar os olhos do caderno e então anotei meu nome.— Se escreve assim!

   — Quer morrer! —berrou mais alto. Eu já estava me estressando mais, levantei um pouco o olhar que se escondia um pouco nas minhas mechas verdes e o encarei serio.

  — E você? Quer? —perguntei enfiando a mão no meu estojo.

  — Está me desafiando? —gritou.

  — Não! Você que está. —falei normal tirando a mão de dentro do estojo e levando o objeto diretamente ao pescoço do garoto.— Sabe, compassos são incrivelmente perigosos. Cuidado da próxima vez, ah é, não terá próxima vez. —falei vendo seus olhos aos poucos perder aquele brilho de vida, enquanto sentia o sangue espirrar contra minha mão (que já estava completamente encharcada) e o uniforme.

  Puxei o compasso de volta e vi seu corpo cair no chão fazendo um barulho alto ecoar na sala silenciosa.

  Olhei pro lado e encarei os outros alunos presentes que me olhavam assustados. Tirei o blaze preto que vestia, deixando amostra apenas a camisa social branca com uma das mangas pingando com o colete preto por cima. Desliguei meu celular e removi o chip, coloquei o compasso completamente sujo no bolso. Dei um passo pra frente e vi todos os alunos correndo assustados para um canto, dei mais passos calmos até chegar a porta, abri a mesma e depois a fechei com cuidado, e como se nada tivesse acontecido, eu sai de lá.

  Comecei a caminhar perdido em pensamentos, até que cheguei naquele beco, olhei pra ele, e então e entrei. E por coincidência lá estava aquela mulher.

  — Ah, Izuku! —exclamou ao me ver, jogou a sacola preta que segurava dentro do lixo e me deu um sorriso, depois de matar aquele herói bastardo que a chantageava, nos dois viramos "amigos", e o fato de nos dois não termos individualidades só nos aproximou mais, lembro que depois de sairmos da delegacia, nos fomos a um café próximo, e mesmo com roupas completamente vermelhas de sangue conversamos naturalmente como se nada tivesse acontecido.— O que faz aqui? Não era pra você estar na escola? —perguntou me repreendendo, após aquele dia nos mantemos contato, e descobri um pouco mais sobre ela a cada dia, e acabou que ela me trata como um filho pois graças a sua falta de individualidade nenhum homen quis de fato ficar com ela e então ela nunca teve a chance de ter uma criança.

  — Bom ah...preciso que você me esconda... —falei olhando pra ela.

  — Eh? Por que? —perguntou e logo expliquei pra ela. Ela me pediu pra esperar do lado de fora então me escondo atrás de uma caçamba, afinal os policiais e heróis já devem estar me procurando. Não é todo dia que um aluno mata outro com um compasso.

  Quando ela voltou ela vestia uma calça jeans e uma camisa manga longa, já estava sem seu jaleco do laboratório, ela me jogou um moletom da cor azul escuro. Tratei de colocá-lo, ele tinha ficado um pouco grande, puxei o capuz e escondi meu rosto.

  — Pedi pra sair mais cedo. Vem! —ela pegou minha mão e me levou até um carro. Entrei na frente mesmo e logo ela foi pro lado do volante e começou a dirigir.
 
  Passaram-se alguns minutos e então ela estacionou o carro na frente de um prédio, descemos do carro e entramos, ela deu um bom dia para o homen da recepção que me olhou um pouco estranho e logo sorriu. Entramos no elevador e logo estávamos no terceiro andar, ela abriu a porta e entramos, o apartamento era grande e confortável. Ela me levou até um quarto e disse que eu poderia fazer o que quisesse com ele, afinal ela nunca o usaria, agradeci e então, quando ela saiu do quarto fechando a porta, bati a mão fortemente na testa.

  A porcaria dos meus cadernos ficaram na minha casa! O que eu farei pra sobreviver agora?

Os beep's de uma bomba interna  [DEKU VILÃO] [TODODEKU] Onde histórias criam vida. Descubra agora