Todoroki Shouto era um rapaz intrigante.

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  Já eram exatas 2:30 da manhã, e eu iria recuperar aqueles cadernos como se minha vida dependesse disso, o que de fato depende, coloquei o capuz do moletom e uma máscara cirúrgica que encontrei. Sai pela porta deixando um recado em cima da cama, dizendo que se eu não voltasse provavelmente eu estaria sendo preso.

  Caminhei até as escadas de emergencia e fui até o terraço. Abri a porta e senti o vento gelado bater no meu rosto, peguei meu celular do bolso, e liguei a lanterna, olhei para baixo envolta do prédio e agradeci por ela morar num bairro cheio de casas e apartamentos que por sorte ficava perto da minha casa. Com muito medo, pulei do terraço e cai no telhado de outro sentindo um leve dor no pé, não é minha culpa se nunca fui bom em esportes! Corri um pouquinho para a beirada e então refiz o ato anterior pulando por cima de casas e prédios, até que um dos prédios era o meu.

  Entrei na escada de emergencia e corri até o 6 andar. Abri um pouco a porta de emergencia para olhar em volta. Puxei o capuz e abri a porta por completo vendo o corredor livre. Fui em direção a minha antiga casa e abri a porta com uma chave que eu tinha, caminhei em passos lentos e cautelosos até meu quarto, abri a porta tentando fazer o mínimo de barulho, peguei uma mochila e coloquei os cadernos, eu peguei também alguns cadernos novos, afinal minha mãe sempre comprava mais e mais cadernos pra mim. Peguei algumas canetas que eu gostava e uma foto minha e da minha mãe, e então dobrei ela ao meio deixando apenas minha mãe, guardei também o meu dinheiro que tinha conseguido da mesada. Abri a gaveta com cuidado e peguei um bloquinho tirando uma folha, escrevi que provavelmente nunca mais nos veríamos e disse que ficaria bem, assinei e colei no meu despertador. Abri a janela que tinha no meu quarto e peguei num cano que passava ali do lado, e então fui descendo os seis andares, ao chegar lá embaixo caminhei até a avenida.

  No caminho pude ver alguns postos ligados e algumas lojinhas 24 horas, entrei em uma delas é tirei um pouco de dinheiro da mochila e pedi por algumas latas de energético.

  Paguei e sai de lá, caminhei até o apartamento, agora eu tenho que pensar, como eu vou entrar? Se eu for pela porta da frente, o porteiro não vai permitir minha entrada afinal ele nem me conhece e teria que ligar para ela.

  Olhei um beco do lado do prédio, e por incrível que pareça, tem uma escada de incêndio do lado. Agradeci as forças maiores e puxei a escada de mão logo subindo até o terraço do prédio, abri a porta de incêndio e desci até o 3 andar, e então entrei no apartamento pegando a chave que tinha em baixo do tapete. Clichê, eu sei, mas não me culpe, culpe a dona da casa!

  Fui até o meu novo quarto e tirei as latinhas de dentro da sacola colocando em cima da mesinha, fechei as cortinas do quarto e liguei o abajur, peguei uma caneta e comecei a escrever sobre o garoto com que esbarrei hoje.

  Todoroki Shouto, ele não parecia ser tão ruim como o pai, era perceptível o sofrimento em seus olhos, o que me fez estranhar agora que me lembro sobre isso. Ele tem a minha idade e cursa a sala de kacchan aparentemente. Tem metade dos cabelos de vermelho e a outra metade era de cor branca, seus olhos eram heterocromados tento o lado de cabelo vermelho da cor ver água e o outro um cinza escuro. E tinha aquela cicatriz. Uma cicatriz que pelo o que pude notar era de queimadura.

  E isso era tudo o que eu tinha. Fiquei um pouco irritado com a falta de informações, e então com um pouco de sono, abri uma latinha e bebi metade num gole só.

  Peguei meu celular e pesquisei pelos eventos da Yuuei, eu queria mais informações, não, eu precisava de mais informações.

  Até que eu lembrei, daqui a algumas semanas teriam o festival. Onde eu poderia ver as individualidades e tirar minhas conclusões sobre os heróis da nova geração. Mal posso esperar.















  Não esperava que eu teria essa...aparência. Não é minha culpa se eu estive trabalhando dia e noite com meus cadernos, mas até que as olheiras profundas e meus cabelos mais escuros e mais lisos estava me dando um ar... novo?  Sai da frente do espelho e entrei no banheiro do quarto, tomei um banho rápido, até por que com olheiras tudo bem, mas eu não iria aguentar ficar todo fedorento e grudento. Escovei os dentes, e sai do quarto e fui para a cozinha, olhei ela lá, seus cabelos loiros estavam soltos como de costume, seus óculos que mesmo sendo maiores que o necessário a davam um charme especial, e seus dois caninos afiados a deixava incrivelmente fofa.

  — Ah! Izuku! Bom dia! —falou me olhando dando um sorriso, sentei na cadeira da mesa e a encarei.

  — Bom dia, Toga! —respondi dando o um pequeno sorriso sem mostrar os dentes. Ela então preparou o café. E como não tinha mais o que fazer, afinal eu provavelmente já escrevi sobre todos os heróis existentes no Japão, liguei a televisão da sala. Fui passando os canais até encontrar o noticiário, fazia tempo que não assistia, por que não?

  A apresentadora do jornal falava sorridente sobre esportes, e então falou sobre famosos e alguns heróis. Até que ela começou a falar de mim.

  — Até hoje o paradeiro do assassino Midoriya Izuku está desconhecido, as autoridades procuram por pistas mas até agora nada. Algumas pessoas que caminhavam horas depois do assassinato deram testemunho de ter visto o adolescente vestindo uma camisa social branca com umas das mangas ensanguentadas e um colete da escola indo até um beco, e então nunca mais saiu de lá. Caso você olhe alguém com essas características, por favor falar com os policiais para ajudar com a investigação. —apareceu uma foto minha, e então, como se ela não tivesse acabado de falar sobre assassinato, ela voltou a falar de esportes e celebridades.

  — Hm... está todo mundo atrás de você huh! —falou Toga com uma voz e depressão divertida.

  — Verdade... —respondi e então voltamos a comer. Horas depois Toga saiu pro trabalho.

  Entrei no quarto, e sentei na cadeira da mesa de estudo que lá tinha. Dobrei os braços em cima da mesa e apoiei a cabeça dando um suspiro, agora eu nunca mais vou poder sai andando por aí. Isso tudo por culpa daquele cara! Se ele tivesse me deixando sozinho, ele estaria vivo, para minha infelicidade, e eu poderia ir fazer as coisas que gosto de fazer! Como... não sei, tomar um sorvete de morango! Tudo culpa dele!

  Abri minha mochila amarela e de lá peguei as 14 edições dos meus cadernos de individualidades, fui passando as páginas até encontrar a página dele, olhei algumas anotações que eu tinha deixado na borda, e então comecei a ler. A individualidade dele não era lá muito interessante, ele podia fazer todos os membros de seu corpo cair e colocar outros no lugar, como... uma lagartixa. Ele também tinha uma língua pontuda mas nada que mudasse sua aparência humana. Era realmente inútil. Muito inútil.

  Então me lembrei do dia em que eue disse que queria ser um herói. Pelo o que soube ele até foi para a prova de entrada da Yuuei, mas falhou miseravelmente na segunda prova, que o burro que sou não perguntou para kacchan do que se tratava. Mas acho que simplesmente ficar desmembrado e depois conseguir novos seja útil pra batalha, ao não ser que você queria dar um tapa num monstro e não quer usar suas mãos. Use as dos outros!

  Sem muito o que fazer, me levantei deixando o caderno aberto ali mesmo, e fui em direção a cama, me joguei nela achando que eu simplesmente capotaria num sono profundo e longo, mas o resultado não foi tão esperado. Eu não estava com sono, eu estava entediado. Me ajeitei na cama e me cobri por completo com o cobertor macio. Abracei os joelhos e fiquei pensando.

  Até que meus pensamentos chegaram nele.

  Eu estava realmente intrigado com a expressão que aquele garoto tinha, um olhar sofrido e dolorido, um olhar de alguém que se sentaria bateria a mão na mesa e falaria "CHEGA!". Um olhar de quem não aguenta mais a vida que tinha, um olhar parecido com o meu. Todoroki Shouto era um rapaz intrigante.

Os beep's de uma bomba interna  [DEKU VILÃO] [TODODEKU] Onde histórias criam vida. Descubra agora