Capítulo 18

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Acordo um pouco cansada, dormi de mal jeito e ontem levei uma bronca e tanto da minha mãe por não avisar que sairia. Pego minha típica calsa, e adiciono uma blusa listrada para... Listrar o dia.

Desço as escadas um pouco apressada, pois terminei de ver que estava atrasada - e por acaso não quero ficar de mal com nenhum professor.

- Filha não vai tomar café? - Minha mãe pergunta enquanto passa geléia na torrada.

- Ah... Não mãe estou muito atrasada. - Falo indo em direção a porta.

- Ok! Tenha um bom dia querida! E trate de comer pelo menos uma maçã! - Mamãe fala, sempre com aquele típico costume de uma nutróloga.

- Está bem! Só hoje! - Já disse que detesto maçã?

Passo pela porta e vou até a calsada esperar o ônibus escolar - parece que minha mãe desistiu de me levar à escola.

Quando o ônibus finalmente chega corro para o fundo do mesmo e me sento. Fico olhando fixamente para o lado de fora, vejo que todos aqui tomam muito cuidado com a aparência de suas casas.

Chegando a escola, ando um pouco sem rumo pelos corredores. Não sei o que fazer, hoje meu ritmo aparenta estar solitário (muito mais pelo fato de Isa ter ficado doente e me abandonado nesta zona). Sozinha e tediosa seria o adjetivo correto para se falar de minha... Que dia é hoje mesmo? Acho que devo comprar um calendário...

- Psiu! - Escuto alguém.

- Ahm? - Pergunto para o nada sem entender o que acontece.

- Aqui na sala do zelador, Alice! - A pessoa fala e me deparo olhando para ninguém menos do que Éric.

- Ah claro! - Falo indo até o pequeno quartinho. - O que foi desta vez? - Indago aos sussurros.

- Você não me disse que queria me ajudar em relação a... Você sabe! - Ele responde da mesma maneira.

- Ah é mesmo! - Falo ao me lembrar. - Mas também, havia me esquecido, você nunca mais apareceu! - Concluo.

- Desculpa, é que eu estava ocupado procurando isto! - Ele fala tirando do bolso uma foto de uma casa.

- Que casa é essa? - Indago sem entender.

- É a minha antiga casa! Dããããããã! - Fala debochando de minha lerdeza.

Se aproveitam de minha nobreza.

- E o que você planeja? - Pergunto mais uma vez. Parecia que ele já tinha tudo na sua mente.

- Bem... Se você quiser... Quero dar uma olhada por lá e ver o que aconteceu. - Ele solta as palavras.

- Mas... Deve ter gente lá!

- Eu pesquisei, e a casa está totalmente do mesmo jeito que era a muitos anos atrás. Ninguém queria morar numa casa onde houve assassinatos e suicídios. - Ele diz e vejo que tem razão.

- E quando vamos?

- Que tal agora? - Indaga e eu arregalo os olhos.

- Por que não? - Falo e o pucho para fora da cabine e vamos correndo para a saída. Digo ao porteiro/guarda, que esquecemos um trabalho importantíssimo em casa e ele nos permitiu sair.

- Está ficando boa com mentiras... - Éric diz com um sorriso no rosto.

Sento na garupa da moto e: partiu casa misteriosa.

(...)

Finalmente chegamos a rua correta - de acordo com o GPS. Saio andando um pouco a frente enquanto Éric estaciona a moto.

- Aqui! Eu acho! - Éric fala me alcançando.

- Interessante como a polícia não teve o mínimo de preocupação em deixar a casa exatamente como antes. - Falo examinando a pintura sem vida da casa a nossa frente. - Tem certeza que é aqui? - Pergunto.

- Absoluta. Me lembro exatamente deste lugar. - O pobre garoto confirma, e sinto uma tristeza invadir o meu interior.

- Desculpe! Devo estar sendo indelicada até demais. - Digo eu envergonhada.

- Não há maneira de ser delicado numa situação como esta Alice. - Ele diz me deixando perplexa com tal frieza.

- Ok! Vamos adentrar ao local agente Éric? - Brinco.

- Ah claro... Agente Alice. - Fala me deixando mais chocada. Imaginava que me deixaria em um vácuo eterno e nem ligaria para a minha brincadeira fora de hora.

Entramos na casa, e como eu disse: Tudo estava no seu devido lugar.

Infelizmente era doloroso ver o rosto do Éric ao entrar naquele pequeno cômodo. Ali onde sua mãe havia tido sua morte forjada.

- Cara, podemos voltar outro dia... - Digo, mas sou interrompida.

- Não! Não se preocupe. Vamos ao escritório procurar algo comprometedor e depois saímos daqui, certo? - Indaga.

- Ok!

Fomos até uma sala enorme que dava ideia de ser o tal escritório do Mr. Hupsel. Fomos em silêncio até a pequena mesinha que havia e olhamos gaveta por gaveta.

- Éric olha isso! - Falo ao olhar um contrato. - ...Drásticos valores às dívidas que nosso querido amigo nos deve. - Leio em voz alta as minúsculas letras do contrato.

- É a assinatura do meu pai! - Éric fala eufórico. - E no início da folha... Olha! Ronny Keniton. Esse nome não me é estranho. - Ele fala analisando o papel.

- É melhor irmos embora! - Digo e ele afirma.

Saimos com êxito do nosso primeiro dia de investigações. Quando já estamos saindo da casa, vemos um carro preto chegando lentamente, até que uma janela se abre e um homem começa a atirar.

- VAMOS! - Éric grita.

- Onde está sua moto? - Falo com medo enquanto corremos.

- Estacionei um pouco longe daqui caso alguém achasse estranho... AI! - Ele fala mas logo vejo que levou um tiro no ombro.

- Vamos. Você consegui. - Falo o levantando e continuamos a nossa corrida.

- Ali está a moto! - Ele fala apontando para a mesma. - Sabe dirigir uma? - Pergunta eufórico e cansado enquanto corremos sem fôlego.

- Tenho só um pouco de prática, mas nunca dirigi uma! - Falo já sem ar.

- Existe uma primeira vez para tudo. VAI SOBE! - Ele fala e então subo na moto e dirijo.

O carro então para de nos seguir e podemos seguir em paz... E cambaleando. Droga nunca dirigi uma moto antes!

- Vamos ter que ir ao hospital.

- Sou obrigado a concordar. - Ele fala mostrando o rastro de sangue que se fazia na estrada.

Sem mais nenhuma palavra nós fomos ao hospital e lá ele foi tratado. Depois cada um voltou para casa e tudo ocorreu bem... MENTIRA! Minha mãe descobriu que faltei aula e que eu sai com um garoto que depois foi baleado. Graças ao hospital Albert Falue.

Peguei um castigo e tanto, além de uma bronca daquelas. Mas tudo valeu a pena.

Só que uma pegunta não saía da minha cabeça.

Quem eram aqueles caras, e o que eles queriam?

Garoto Misterioso (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora