Capítulo 29

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NARRADOR

Pobre menino Éric. Tão jovem, mas tão azarado! A vida já fez tanto mal à suas custas, que a pergunta era se desta vez ele aguentaria como nas outras vezes, de cabeça erguida.

Na sala de cirurgia, o clima era de: preocupação e tristeza. E o mesmo do lado de fora da mesma. Os médicos se perguntam se o garoto baleado sobreviveria. O local atingido era muito frágil, e com toda a certeza, não seria nada fácil o retiramento da bala.

Ao lado de fora, a tensão era maior do que na sala de cirurgia. A pequena Alice chorava, o máximo que conseguia. Suas lágrimas mostravam a falta de esperanças em relação ao seu melhor amigo.

Ah... Curtinney, nunca em seus quinze anos de vida, se quer sonhara com tal angústia. Os pais de Alice também estavam presentes. Suas expressões faciais, mostravam o quão triste se encontrava ambos os corações.

O choro no momento era inevitável, será que ele sairia vivo desta vez?

ÉRIC

Acordo atormentado. Lembro-me que tinha me jogado na frente de Alice para salva-la de Keniton. Mas, agora não sei o que faço neste lugar, ele não condiz com o ambiente que estava, ou que eu deveria estar. Me encontro naquela ponte onde levei Alice uns tempos atrás, porém desta vez ela não está acabada e enferrujada. As dúvidas só fazem surgir mais e mais. O que faço aqui?

- Éric! - Escuto uma voz me chamar de repente. É claro! Nunca me esqueceria desta voz.

- Mãe? - Falo me virando e meu olhar se bate com o da mulher mais importante da minha vida. - MAMÃE! - À chamo alegremente, enquanto corro ao seu encontro.

- Que saudades de você meu bem! - Ela fala me abraçando, sinto tanta falta da minha mãe...

- O que faço aqui? - Indago me desvencilhando do abraço. E agora a mulher de branco, ajeita seus cabelos negros, agora soltos, e me olha.

- Não vai querer que eu te explique? - Escuto novamente uma voz familiar, mas desta vez não era da minha mãe.

Me viro e logo estou nos braços de meu pai. Também sentia muita saudade dele.

- Agora é sério, o que vocês fazem aqui? O que eu faço aqui? - Pergunto agora me preocupando.

- Filho... Você está inconsciente por enquanto. Isto é só uma chance de você nos ver, mas bem rápido. - Ele fala, suspira e, põe sua mão sobre meu ombro. - Você tem que reagir entendeu?

- Mas, eu quero ficar com vocês. - Faço birra.

- Meu amor, ainda não é a sua hora. Você tem que voltar, nós sabemos nos cuidar. Aliás, Curtinney não está preparada para ficar sozinha, ela só é uma menina. E muito menos Alice, que sofrerá muito com sua perda. Pense nelas! Pense na vida que você irá construir. Querido, nós já encerramos nossa vida, um dia teríamos que morrer. Já construímos nossa vida, já vivemos bastante. Já você, ainda não provou do sabor da vida. Infelizmente você não pode ficar conosco, mas sempre estaremos com você. - Minha mãe fala e, logo me abraça. Não me aguento e deixo lágrimas caírem.

- Agora vá! - Meu pai fala.

Quando já estava indo me lembro:

- Ei! Vocês conhecem algum Michel? - Pergunto e eles sorriem.

- Michel! - Minha grita. - Vem cá docinho.

Logo então, um menininho aparece muito feliz.

- Hey cara, sou amigo da sua irmã Alice, sabia? - Pergunto e ele assente.
- Você pode dizer para ela que eu a amo muito? - Ele indaga com um sorriso envergonhado.

- Claro garotão.

- Agora você tem que ir, depressa! - Minha mãe grita.

- Amo vocês!

- Também te amamos.

Eles então se viram de costas e, saem de mãos dadas com Michel à brincar. Minha visão começa a ficar embaçada e, então acordo numa sala de cirurgia, vejo que tentavam fazer uma reanimação em mim.

- É um milagre! - Uma mulher disse parecendo surpresa.

- Agradeça muito a Deus por isso garoto. - Outra pessoa disse.

- Ei! Deixem ele descansar, o impacto foi muito forte, e ele necessita de uma soneca. - Um cirurgião fala.

Logo após, uma enfermeira foi avisar à todos que eu estava bem. Estou tão cansado! - Penso comigo. E por fim o sono vence a guerra entre ele e meus olhos abertos.

Garoto Misterioso (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora