Garoto Misterioso (EM REVISÃO)

Capítulo 20

A manhã de sábado se passava aos poucos. A vida está bem complexa, ainda mais para mim, uma garota de 15 anos que só com essa idade já provou do mais amargo sabor da vida.

Estava no meu sótão, analizando fotos minhas bem antigas. Muitas vezes apareciam fotos do casamento dos meus pais, outras minhas bem pequena... Passado muitos minutos naquele poço do passado, uma foto se demonstra sugadora de toda a minha curiosidade. Nela estava toda a minha família, nos encontrávamos em uma praia ensolarada.Em tal foto se encontrava: Eu - aparentando uns 4 anos - minha mãe ao lado do meu pai (bem juvenis), e um garotinho desconhecido, com um sorriso forte na face.

Quem seria ele? Era o que a minha mente indagava.

- Filha! O que faz no sótão? - Minha mãe pergunta entrando no cômodo empoeirado.

- Estava só dando uma olhada em umas fotos... E a propósito! A senhora sabe quem é essse garotinho? - Indago virando a foto à mostrando, e assim posso ver algo escrito. - Marta, William e Alice ao lado de seu irmão Michael... Como assim? - Indago confusa.

- Filha vamos conversar.

- Acho melhor mesmo. - Digo grosseiramente sem querer.

(...)

- Filha... Esse na foto é seu irmão... Michel! - Meu pai falava calmamente, ele se demonstrava um pouco abatido ao pronunciar o nome do meu suposto irmão.

- Mas como eu não me lembro dele? Por que vocês não me contaram? - Falo em meio as tremedeiras das minhas mãos.

- Querida! Seu irmão... Vou contar do início. - Mamãe disse convicta. - Alguns anos atrás, um pouco depois do meu casamento com o seu pai, tivemos um garotinho, e o chamamos de Michael. - Minha mãe fala e respira fundo. - Nós morávamos no Alabama, a vida era normal e feliz! Três anos depois você nasceu. Éramos tão felizes... - E assim deixou seu choro que antes estava preso, sair livremente.

- Eu continuo querida. - Meu pai fala. - Quando você já tinha completado cinco anos, estávamos afundados em dívidas mal conseguiamos comer direito. Até que recebi uma proposta de um empréstimo bem tentador. Neguei tudo, não queria me meter em mais dívidas e as coisas... Estavam melhorando! - Meu pai falou eufórico. - Então um mês depois, tivemos um acidente de carro... Havíamos tido alguns problemas pessoais com o ex da sua mãe também. Não sei como aconteceu, estava tudo certo sem nada fora do lugar... Somente os freios cortados. Eu e sua mãe tivemos simples arranhões... Já você e Michel foram os piores! Pensei que os cintos de segurança de vocês estava firme, mais se soltou facilmente. Michel morreu na hora! - Disse com a voz embargada. - E você passou uma semana em coma. Foram os piores momentos da minha vida! Quando acordou novamente, havia se esquecido completamente de seu irmão, vimos aquilo como uma dádiva de Deus para que você não sofresse com a perda.

- Quando aconteceu o tiroteio em que seu amigo foi baleado, eu e seu pai discutimos sobre você está passando perigo. Até hoje não sabemos quem! E por quê! Fez isso! - Minha mãe disse e não aguentei subi correndo as escadas sem ouvir mais nada.

Como eles esconderam isso de mim tanto tempo? As lágrimas caiam como chuva em uma tempestade. Meu peito doía como se eu estivesse levando uma facada no coração.

Plim!!!!!

O som de novas mensagens chegava aos meus ouvidos e quando pego o celular vejo quem era. Éric!

On

- Oi Alice! Esse negócio de Fecebook até que é legal! :)

Não sabia se o respondia. Mas resolvo que sim, não é por que tenho problemas que devo dar problemas aos outros.

On

- Que bom!

- O que foi?

- Nada só uns problemas...

- Se quiser conversar... Estou aqui!

- Sim! Se não for dar trabalho!

- Daqui a trinta minutos estarei na pracinha perto da escola ;)

- Ok, até lá.

Off

Acho que não é uma má ideia desabafar com alguém. Como Isa está doente e Jessi foi cuidar da padaria do pai dela, o Éric é um bom plano 'b'.

Já estou saindo de casa quando vejo pela última vez meus pais na cozinha tomando um chá. Aviso a eles que vou sair e eles me olham preocupados, porém deixaram eu ir.

(...)

Já estou a vinte minutos na praça esperando o Éric. Estou naqueles balanços com a tinta morta, que todas as crianças de cem anos atrás amavam brincar. A característica que se encaixa para mim hoje é confusa. Confusão é o que se encontra na minha mente. É difícil superar uma notícia inesperada dessas, a gente só pensa em desbafar ou guardar para si, e com o meu jeito extrovertido com certeza escolhi a primeira opção.

Hoje o dia está ensolarado, perfeito para quem está em um dia feliz, ao contrário do meu, é claro.

- OI! - Escuto alguém chamar, então vejo que é o Éric estacionando sua Harley-Davidson.

- Ah... Oi! - Digo.

- Então qual é o problema?

- Bem... Como posso dizer... - Balbucio.

- Respire! - Ele manda e eu o faço. - Agora fale. - Ele diz então começo.

- Eu estava olhando umas fotos antigas minhas, daí eu encontrei uma foto da minha família, só que lá havia um garoto. Conversei com meus pais e eles me disseram que ele era meu irmão Michel. E disseram que tivemos um acidente de carro que pareceu forjado. E agora estou aqui inquieta e confusa.

- Nossa! Nunca pensei que isso pudesse acontecer.

- E antes disso meu pai tinha recebido uma oferta, muito tentadora pelo que ele me disse, só que ele negou. - Falo o que me restava.

- Alice! Já parou para pensar que esse cara que deu a tal proposta, pode ter sido o mesmo que o meu pai aceitou a mesma, mas não pagou. - Ele fala e minha mente se abre. - E se ele faz esses negócios, e quem não paga se ferra no final?

- Mas meu pai nem aceitou a proposta! - Repondo.

- Talvez você tenha razão! - Ele fala e encara o chão. - Mas... Eu te entendo, eu sei a sensação de perder um irmão! - Ele fala e isso faz seus olhos se encherem de lágrimas, e os meus também. Então o abraço. O abraço forte, o mais apertado que posso. Ele retribui, e esfrega sua mãos pela minhas costas como um gesto de carinho.

E assim o meu sábado se encerra, com mais um problema a carregar. Mas pelo visto, sempre terei amigos que estarão ali, para me entender e não me julgar, e sim me dar um abraço caloroso e apertado.