Sob Controle

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[...]

— Filha, acorda meu amor.— Ally ajeitava a pequena na cama enquanto retirava sua calça para trocar sua fralda.— Amor, hoje você tem escola.— Camila baubuciava algumas coisas enquanto um biquinho surgia em seus lábios.

— Conseguiu amor? — Dinah se aproximou e beijou os lábios da loira. — Pelo visto ...— Dinah sorriu e se sentou ao lado da morena que continuava de olhos fechados. — Little Monkey, abre os olhinhos, queremos ver a razão da nossa felicidade de olhos abertos. — Dinah passou a beijar o rosto da pequena forcando a mesma a acordar e logo seu chorinho e resmungo, fizeram Normani e Lauren se aproximar das outras duas.

— Nana — Um bico enorme e algumas lágrimas estavam na face da pequena.— Mila tê Nana.— Camila agarrou o ursinho e coçou os olhinhos.

— Oh meu amor! — Lauren se aproximou e acariciou os cabelos da pequena.— Mas hoje você tem escolinha amor, vamos uh? Vai ser legal — Afirma a morena.

— Inhao..— Camila se agarrou a negra ao seu lado, Normani sentiu seu coração se quebrando, todas sabiam que seriam difícil a adaptação da escola, mas era algo necessário, a alguns dias haviam recebido uma ordem do juiz, que deixava expresso que Camila precisava frequentar a escola, ou estariam sujeitas a perder a guarda da pequena. — Zuda Mila, nu deixa Mila ir, Mila tem medo...— O soluço veio alto, tanto da pequena quando das mães que também estavam se segurando para não chorar ao ver o desespero da pequena.

Normani agarrou o pequeno corpo que soluçava e demonstrava fragilidade, se levantou e passou a caminhar com ela pela casa, e mesmo com seu coração em pequenos fragmentos, a Negra e as outras deram banho na pequena e a trocaram para ir a escola, Camila estava chorando por quase duas horas, nada que as mulheres faziam conseguiam acalma-la e faze-la entender que não iriam abandona-la, que ela não ficaria sozinha e que todas estavam sofrendo com aquela situação, mas era extremamente necessário.

— Karla...— Jane suspirou e as três encararam a mulher.— Camila está assustada, com medo e machucada, ela já deveria ter aparecido...— Os olhos da loira marejaram.— Se ela não apareceu e porque as duas estão do mesmo jeito, elas estão sofrendo droga...— Jane bateu a mão sobre a mesa e Lauren a abraçou por trás beijando seu ombro.

Calma, ela vai se adaptar, e só a primeira tentativa, é o primeiro dia.— Lauren suspirou.— Manibear e Allycat estão tentando acalma-la, se ela te ver nervosa desse jeito, será pior meu amor.— Concluiu a morena acariciando o corpo da mulher.

— E, eu sei morena.— Suspiro.— Eu só não queria ter que fazer isso, não queria obrigar nossa filha a fazer algo que não quer, ela está com medo e vai nos odiar se a obrigarmos a ir ...— Lágrimas caiam de seus olhos assim como de Lauren, as duas se abraçaram tentando se acalmar.— Ela vai nos odiar ...

Sabe que não temos outra opção Cheche! — Lauren suspirou e logo a porta foi aberta com uma Camila mais calma, mais ainda sim completamente abatida e o medo estava estampado em seus olhos, fazendo as duas mulheres franzirem o cenho assim que Normani pegou a mochila da pequena e a chave do carro.

Vamos amores. — Normani falou calmamente enquanto dava passagem pra loira menor passar com Camila no colo.

O que vocês fizeram? — Lauren questionou ao sair de mãos dadas com a loira mais velha.

— Falamos a verdade, que não tinhamos opção e que se ela não fosse, ela teria que ir embora ...— Suspirou  e Dinah franziu o cenho.

— Isso foi um tanto cruel...— Falou ao passar pela porta e Normani a encarou seria.

— Ok, porque não fez melhor então? Que droga Dinah, não temos opção, ao menos que você convença a merda do juiz a deixá-la ficar sem ir a escola ela precisa ir.— Lauren estava no meio das duas, Ally estava próxima ao carro e Camila que até então estava em silêncio levantou o rosto pra ver as mães.

— Porque está gritando? Eu só falei que foi cruel falar pra nossa filha que teríamos que deixa-la, e o mesmo que obrigar a menina a ir por nossa causa, mas você está certa, eu não faço nada direito mesmo né? — Dinah bufou e se encostou na parede.

— Quer parar vocês duas? Isso não deveria ser algo pra se discutir no meio da rua e ainda mais na frente da nossa filha.— Lauren bufou.— O que vocês duas tem? Caramba, vocês encostam e dão choque, eu sei que está pesado que tem muita coisa acontecendo, mas somos uma família e ... e... E não resolvemos as coisas na base do grito e de cabeça quente.— Normani encarou a esposa no canto da parede e sentiu seu coração pesado, não deveria ter gritado com ela, sabia o que se passava na cabeça da loira, ainda mais depois da noite anterior onde lembraram do passado doloroso e repleto de preconceito, sabia que a mulher só estava assustada e que Jane com seu extinto protetor, estava em uma luta entre fazer o que era certo, e o que seu coração desejava.

Ta tudo bem mamãe.— Karla agarrou o corpo da loira que estava de olhos fechados, fazendo Dinah abrir os olhos e encarar a filha.— Eu ...Eu vou ficar bem...— Os olhos da pequena marejaram.— Mom e a Mama falaram que eu vou fazer amigos ... E que ... E que se eu quisesse voltar pra casa vocês me buscariam, não briga mais não, eu ... Eu vou ficar bem mamãe...prometo.— Jane e Normani trocaram olhares e a loira se ajoelhou passando a mão sobre o rosto da filha.

— Desculpa a Ma Little Monkey, e que dói ver você crescendo ... Eu não estou pronta pra te soltar  ... Eu só estou com medo que você se machuque ...— Ally, Lauren e Normani se aproximaram da mulher que se levantou com Karla nos braços.— Nao temos escolhas, e eu juro que se pudéssemos, você não iria pra lá.— Karla passou a mão no rosto da mãe e agarrou o escapulário que estava em seu pescoço.

Vocês estaram comigo.— Afirma.— Sempre estiveram, e eu já passei por coisas piores que a escola.— Dinah beijou a testa da pequena emocionada e as três se abraçaram.— Eu ... Eu ... Eu vou tentar não deixar Camila aparecer ...— Karla estava assustada e foi abraçada pelas quatro, que nada falaram, já que o olhar trocado entre elas, já diziam tudo.

[...]

As quatro mulheres dirigiram até a escola, Karla estava no banco de trás deitada sobre o colo de Lauren e segurando a mão de Normani, Dinah dirigia e Ally estava ao seu lado, e assim que o carro parou em frente ao colégio, o coração das cinco praticamente pararam de bater, respirando com dificuldade todas saíram do carro e Karla sorriu fraco, vendo inúmeros alunos conversando, mechendo em seus celulares e fazendo graça, o sol já estava saindo devido ao horário e Karla se virou encarando as mães.— Ficarei bem mamães, eu prometo — Afirma mais pra elas do que para si mesma.

— Qualquer coisa não exite em nós ligar.— Normani beijou a testa da pequena que sorriu.

— E... Eu coloquei leite na sua mochila filha ...— Ally falou envergonhada, sabia que com Karla as coisas funcionavam diferentes mas pro espanto da mulher, Karla a abraçou fortemente e fungou, demonstrando que ela não estava tão segura quando aparentava.— Se você não se adaptar, daremos um jeito bonequinha.— Ally secou uma lágrima solitária que escorreu pela bochecha da pequena.— Nunca mais irá se separar de nós quatro, sempre lutaremos por você.— Completa.

— Sim filha.— Jane completou se abaixando e ajeitando a roupa da pequena.— Se alguém mexer ou falar qualquer coisa com você, eu quero que tente se manter sobre controle, não queremos que se machuque ... Promete tentar? — Todas as quatro aguardaram ansiosamente a resposta da pequena, já que todas estavam com o mesmo medo e receio.

Karla era impulsiva e o controle que ela havia adquirido era apenas quando estava com suas mães, ou seja sem uma delas para acalma-la, a coisa poderia ficar feia.— Eu prometo tentar ...— Sussurou olhando ao redor.

— Se cuida meu amor, buscamos você assim que a aula acabar. — Lauren beijou a testa da filha e o sinal soou, indicando que já estava na hora de ir.

— Também amo vocês mamães.— afirmou abraçando as quatro e passando a caminhar junto com os outros alunos, Karla olhou pra trás e acenou.

— Eu prometo tentar... Mas tentar e conseguir, são duas coisas diferentes.— Afirmou pra si mesma, seu olhar antes amêndoados e meigos, foram substituídos por um olhar frio e calculista.— Eu estou no inferno e aqui é uma questão de sobrevivência.— Um sorriso se formou, e a morena ajeitou o uniforme, soltou uma alça da mochila, carregando a mesma de lado, ergueu a cabeça e passou a caminhar recebendo olhares de algumas pessoas.

— Cansei de ser pisada, vou mostrar quem e Karla Camila, portanto que vença o melhor.— Suspirou e sorriu.— Que os jogos comecem.




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