ABUSIVO

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Ao término das aulas, sei que Henrique estava no portão da escola à minha  espera.
E como faço todos os dias, vou me despedir da galera antes de sair, mas dessa vez, Henrique havia entrado e me esperava próximo a quadra de esportes.
Não tinha o visto.
Fui então em direção aos  meus amigos e cumprimentei a todos.
Mas como sempre, ao cumprimentar Cristian, ele segurou por uns instantes minha mão e fez um carinho. Um singelo carinho. Tinhamos um pequeno passado e ainda o amava muito como amigo, por isso nunca deixei de demonstrar o contrário. Após isso, vou então em direção ao portão, mas ouço meu nome ao longe.
Era Henrique.

Henrique: Ei, Ana, vamos!
Ao olhar para ele,percebo que meus sentimentos ainda estavam confusos, senti saudade, tinha uma pontada de decepção ao me lembrar de tudo, mas como sempre, ao me aproximar, esqueço todas as coisas ruins, e só consigo ver aquele olhar, e aquele lindo sorriso.
Eu: Ei amor, vamos?
Caminhamos até o portão, e Henrique me abraça, não entendo mas correspondo.
Henrique: Amor você promete que é só minha?
Continuo sem entender suas atitudes.
Eu: O que está acontecendo Henrique?
Henrique: Só me responde. Você promete que é só minha?
Mesmo sem entender o que levava aquela pergunta, respondo sem dúvida alguma.
Eu: Claro amor sou só sua. De mais ninguém.

Seguimos para minha casa e sinto que Henrique ainda estava incomodado.
E continua assim a noite inteira, me enchendo de beijos, e sempre perguntando se eu era só dele.

A noite passou e com seu término veio o fim de semana.
Amava os sábados. Era dia de cuidar de mim, fui ao mercado logo cedo, precisava comprar umas coisas para mim. Mas como sempre estava com pouca grana, o problema de meu pai e o fato dele ficar afastado do emprego nos deixou mais apertado que nunca.

Compro minhas coisas e vou embora para casa, estava decidida e precisava começar a trabalhar. Precisava fazer algo nem que fosse um estágio.
Meus pais não gostavam da ideia, mas permitiram, contanto que isso não me atrapalhasse nos estudos.

Vou para casa, e para o meu dia de mulher, aqueles dias que fazemos unhas, cabelo, e damos um trato na sobrancelha. Adorava isso, e precisava começar à trabalhar para manter isso.

Quando chega à tardinha e Henrique chega em minha casa. Aos sábados e domingos a gente aproveita e namora um pouquinho mais.
Aproveito para contar minha nova decisão.
Eu: Amor, estou pensando em trabalhar.
Percebo que Henrique não concorda pelo seu olhar confuso.
Henrique: Trabalhar?
Mas você ainda estuda Ana.
Eu: Eu sei amor, quero fazer um estágio. Não sei onde pedir ainda, mas preciso arrumar um estágio.
Ficamos conversando horas sobre isso, de certo Henrique não concordava, mas não se opôs, ele sabia qua a grana estava curta. Aliás aquele dia ele não iria se opor a nada. Estava feliz demais pois íamos sair juntos. Era dia de festa na empresa em que ele trabalhava, e por nossa sorte meu pai me deixou ir.
Henrique: Amor eu vou lá em casa  tomar um banho  e volto, vai se aprontando aí, não vamos nos atrasar por favor.
Eu: Tá bom amor pode deixar.

Certamente Henrique não conhecia Carla direito, aquilo sim era se atrasar.

Vou me arrumar e sabia como fazer, modéstia à parte minhas maquiagens ficavam lindas, e eu sabia me produzir. Lavei os cabelos, sequei, fiz cachos na prancha.Estavam com brilho Impecável por causa da massagem com meu mais novo creme.

Era hora de escolher a roupa, como sempre, tiro umas quinze peças do guarda-roupa.
Indecisa que só, experimento uma por uma, até achar a perfeita.
Dessa vez não foi difícil, escolhi uma blusa branca de manga, uma saia preta e salto fino para dar acabamento ao look.
Coloquei meus brincos de argola, eram meus preferidos.
Não abusei da maquiagem, não queria parecer mais velha do que sou.

-Ufa 19:00horas, logo logo Henrique buzina para que eu desça.

Após 10 minutos escuto o barulho do portão, era Henrique.
Ele sabia que meus pais não estavam em casa, e que ele não podia subir.
Eu: Oi amor pensei que você fosse buzinar, já estou pronta.
O que achou?
Pergunto dando uma voltinha, com sorriso de orelha a orelha.

Henrique me olha com uma cara super séria.
Henrique: Ana você pensa que vai assim?
Pergunta ele me deixando totalmente sem graça.
Eu: Ué eu vou!
Digo dando de ombros.
Henrique: Não Ana desse jeito comigo você não vai, eu não quero que todo mundo fique te olhando, esta parecendo uma qualquer.

Aquelas palavras entram como facas em meu coração, não tive reação alguma.

Não sabia o que fazer, não queria perder a festa,  não queria perder a noite.
Eu: Amor por favor, me deixe ir assim, foi tão difícil me arrumar.

Henrique me segura pelo braço, parecia ter voltado a ficar zangado.
Henrique: Já disse que não Ana, desse jeito você não vai.
Tento segurar as lágrimas que insistem sair do canto de meus olhos.
Eu: Amor eu coloquei até uma blusa mais comportada, já que a saia é um pouco mais curta.
Henrique: Blusa branca Ana?
Em uma festa que vai ter um monte de homens?
Não!

Vou para o meu quarto, tento achar algo, mas minhas roupas condiziam com minha idade.
Uma adolescente de 15 anos, não teria roupas de senhora em seu guarda-roupa.
Consigo achar uma camisa preta, uma calça jeans, que eu não  gostava de usar, me visto e vou para sala.
Eu: Essa está bem?
Pergunto de cara fechada.
Henrique: Essa está bem melhor. Pode colocar o salto para não ficar tão parecida com um homem.
Diz já descendo as escadas.

Nunca havia sido tão humilhada.
Seguimos para a festa, e após passar longas horas, tenho a certeza de que se estivesse em casa estaria mais feliz.
Minha noite havia sido um verdadeiro desastre.
Mas Henrique parecia não se lembrar de nada, estava feliz e carinhoso.
Ao término da noite ele me deixa em casa e segue feliz para sua casa.

O INÍCIO DA METAMORFOSE 🦋💜Onde histórias criam vida. Descubra agora