Apaixonada por um anjo - Segundo livro da trilogia Anjo

5

"E a tempos são os jovens que adoecem! "

(Legião Urbana)

♥

  O vestido de princesa era muito quente, mas não atrapalhava a dançar. Tinha crianças ali em estado terminal de câncer, mas elas conseguiam rir e sonhar. Eu não sabia se sorria ou chorava pela vida longa que elas nunca vão ter.

  Eu estava de princesa, Diego de príncipe, e os outros de fadas. Fizemos uma peça sobre uma princesa no reino das fadas onde ela encontra seu príncipe fada encantado que renuncia seu posto no reino para viver como mortal ao lado de sua amada. Amo essa ideia da magia que faz nossa vida mais clara.

  A apresentação foi feita em um palco improvisado na praça. As crianças do orfanato fizeram doces para vender. As pessoas doavam e compravam doces saboreando aquela manhã gostosa feita pelo que resta de bom na humanidade.

  Naquela noite dormi na casa de Diego. Vimos alguns filmes da Disney com a irmã de Diego. Eu ficava achando ruim todas as vezes que ia em algum lugar e deixava meu irmão em casa. Sentia-me a pessoa mais egoísta do mundo, mas minha mãe sempre arrumava algum amiguinho para ficar com ele. Ele estava crescendo muito rápido, já tinha largado os carrinhos e pegado no vídeo game.

  Isabely, a irmã de Diego, estava deitada em cima de mim quando vi a minha bolsa reluzindo. Coloquei Isabely de lado e ela estava tão focada no filme que nem percebeu. O celular estava reluzindo de várias cores e na tela estava escrito "aperte Enter". Procurei a tecla e ela estava lá, a maior tecla, a central. Apertei e esperei, então a voz de Tomás saiu baixinha. Coloquei no ouvido e ele dizia repetidamente.

– Amor, Amor!

– Oi.

– Graças a Deus deu certo desta vez.

– Eu pensei que estava com raiva de mim!

– Amor eu nunca vou ficar com raiva de você. Nunca!

– Eu queria muito te contar tudo, mas agora eu não posso te contar.

Começou uma agitação e ouvi um barulho que parecia muitos passos em lata. Fazia um barulho metálico. Então Tomás voltou a falar, mas agora cochichando.

– Quando posso te ligar amanhã?

– Ás 11:20 quando eu estiver voltando da escola.

– OK. Beijo, fui!

***

  Eu sentava perto da janela, o que me dava uma visão de tudo que acontece fora da escola. Eu sei que quando o sol atinge os carros do outro lado da rua é a hora de ir embora. Normalmente isso acontecia rápido, mas naquele dia parecia uma eternidade. Quando finalmente bate o sinal todos saem correndo e eu só consigo ficar olhando para o celular. Então, quando estou atrás da escola o celular tocou.

– Oi

– Olá, meu amor

– O que você estava fazendo ontem quando me ligou? Nada para se encrencar, né?

– Eu sei o que estou fazendo. Tem muitas coisas sobre o meu passado que eu só vou te contar quando você for mesmo minha.

– Coisas ruins que você fez?

– Sim, coisas ruins.

– E é passado?

– Claro! São coisas que me arrependi de ter feito.

– Então eu prefiro não saber.

– Tudo bem. E se um dia você descobrir da boca de outra pessoa?

– Eu sei a pessoa que você é hoje e eu gosto dessa pessoa. Todos nós erramos e eu não sou de ficar remoendo o passado.

– Você é perfeita Louise.

– Não sou não. Apenas tento dar o melhor de mim em tudo que faço.

– Isso te faz perfeita.