Apaixonada por um anjo - Segundo livro da trilogia Anjo

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 "Tem gente que está do mesmo lado mais que deveria estar do lado de lá.

Tem gente que machuca os outros

Tem gente que não sabe amar"

 (Legião Urbana)

♥

   Talvez eu não deveria ter confiado tanto na amizade de Vivian. Eu estou sentada em uma mesa com a minha mãe e dois caras engravatados. Um é bem rabugento e critica os jovens como se nunca tivesse sido um. O outro não falava nada, mas só o olhar dele já me confortava, fazia eu me sentir menos delinquente. Eles tocaram na ferida, lembraram como tudo aquilo começou e que era tudo para nos proteger. Eu acinto com a cabeça, pois até entendo. Mas para uma garota da minha idade, e com os sentimentos como os meus, era difícil entender. Eles tinhão razão, apesar dos fins não justificarem os meios. A opressão que aqueles tempos traziam era o que estragava toda a faixa bonita de cetim das boas intenções. Os humanos nunca sabem com fazer as coisas direito.

  Horas atrás, vi a mãe de Vivian na rua e ela perguntou como eu estava. Eu disse que estava bem e então ela piscou para mim e perguntou para mim sobre eu e Tomás. Fiquei me perguntando o quanto ela era cara de pau, mas disse mesmo assim e a reação foi inesperada. Ela ficou surpresa e xingou muito quem fez a denúncia. Eu passei muito tempo com gente falsa e aprendi a perceber no olhar de cada pessoa a mentira. No dela não havia falsidade.

  Contei o que minha mãe tinha falado, para Diego e Vivian. Vivian ficou feliz por minha conquista, mas nos seus olhos azuis e brilhantes, neles sim, haviam mentiras. Quando aqueles homens chegaram na minha casa relatando outra denúncia, e desta vez contra a minha mãe, meu ódio subiu a cabeça e eu soube que nunca mais olharia para a cara de Vivian com afeto.

  Enfim, depois de três longas horas eles foram embora. Conversei com a minha mãe e ela me deixou tomar as decisões o que foi muito precioso.

  Os homens deixaram claro frequência aceitável de contato para um relacionamento não comprometedor, seria de quinze em quinze dias. Essa perspectiva me assustava, mas não é uma escolha.

***

– Tudo ok, então. Vamos conversar de quinze em quinze dias. – Disse ele sorrindo

  Foi mais fácil do que eu pensei. Eu estou tão orgulhosa de Tomás! Ele está tão calmo com toda essa situação que me sinto estabelecida, me sinto forte apesar de não estar, ele minha uma âncora.

  Depois de uma difícil despedida desligamos o telefone. Agora só daqui quinze dias. Naquela época eu estava totalmente apegada a Tomás, por isso era tão difícil os quinze dias sem ele. Ele era a luz dos meus dias naquele emaranhado de linhas densas, mas agora, apenas a recordação no meu coração teria que ser o bastante para me guiar.