18

11 0 0
                                    

 "Eu penso em você desde o amanhecer até quando eu me deito"

(Tribalistas)

  Não pensei que o dia após a Nature seria tão difícil. Ele me ligou depois do ensaio e então quando desligou algo muito pesado caiu sobre mim. Talvez eu esteja cansada, ou talvez eu esteja com medo. Já chorei muito hoje. Talvez seja só TPM.

  Eu e meu irmão passamos da terceira fase do nosso jogo favorito, o que não é nada fácil! Entretanto, mesmo com o prazer de passar de fase, eu continuei triste e me sentindo inútil.

  Minha mãe chegou e foi contar as coisas que aconteceram no dia dela. Na maioria das vezes eu amo ouvir o que ela tem a dizer mas hoje eu não estava a fim. Ela começou a falar e meu olhos começaram a marejar. Uma lágrima caiu, em seguida outra e outra. Em poucos segundos não conseguia contar, meu rosto estava todo molhado e as lágrimas saiam com facilidade.

  Cobri o rosto e sai correndo para o quarto. Deitei na cama e logo ouvi minha mãe entrando.

– O que está acontecendo?- perguntou ela com uma voz doce e acolhedora enquanto me abraçava.

– Eu me acostumei a ver Tomás por 3 dias, tê-lo por perto, conversar, ouvir as piadas sem graça dele e agora vou ficar quase um ano sem conversar e ver ele. – disse chorando, as palavras mais sinceras que eu tinha dito para ela nos últimos meses

  Ela me abraçou forte e eu me senti um monstro. Tudo que eu tinha falado era verdade menos a parte que eu não estava conversando com ele. A culpa desceu sobre mim e eu sabia que se quisesse continuar com isso deveria suportar esse sentimento desgastante.

  Dias se passaram e ouve um deles que minha consciência tirou o dia para me atormentar. Vivian disse que ele é o cara mais perfeito que ela já viu e que deveria existir um clone dele. Talvez essa seja a desculpa que eu deva usar para justificar minhas mentiras. Um cara assim não se pode deixar escapar.

  Semana se passaram e eu sentia falta de como eu era forte e do quanto meu sangue era frio. Quando converso com Tomás esqueço de tudo. Gosto de como ele me faz rir, mas aí ele desliga o telefone e tudo volta de novo. Um peso imenso! Mas eu estou suportando, aliás, tantas pessoas falaram mentiras maiores e sobreviveram porque eu não conseguiria?

  Além disso eu estou feliz, estou de pé! Se não fosse por isso sei lá onde eu estaria, e ninguém faz a mínima ideia do que está me permanecendo sã. Todos achavam que eu seria melhor sem ele, deixem pensar! Eu sempre fui a certinha sempre fiz tudo que esperavam de mim, agora quero fazer algo que eu quero.

  Eu e Tomás estávamos juntos há um ano. Eu fiz uma carta linda cheia de coisas. Eu ia escrever "Eu te amo" 365 vezes, mas não deu certo. A preguiça não deixou. Então fiz uma carta para ele e ele fez uma grande declaração. As coisas estão acontecendo de forma pacata. Estou feliz, a culpa está me deixando aos poucos. Agora com as férias eu e meu irmão descobrimos algo em comum: as séries. Ficamos às vezes até tarde tentando desvendar um caso de uma série de suspense e nossas ideias se encaixam perfeitamente. Está tudo se encaixando aos poucos.

  Ficar sem ele me deixava triste e meu dia parecia não estar completo. Mas ouve um dia que acho que Tomás descobriu gostar da liberdade. Disse que eu o sufocava, disse que é para reduzir os dias de conversa para 2. O pior foi que as aulas voltaram e eu ficar no silêncio voltando da escola.

  Diego ficou do meu lado e disse que eu tenho que dar o espaço dele, mas quem disse que eu quero ouvir? Ele também disse que o tempo aumenta o amor, mas eu não quero escutar uma palavra do que ele diz. Eu me sentia rejeitada. Para piorar a situação, tinha Jack pegando no meu pé e eu tinha que inventar desculpas para não querer ficar com ele porque eu não podia contar de Tomás. Todas as meninas me chamaram de burra na escola e tudo que eu pude fazer foi escutar.

  Mas, a notícia boa foi que depois de dias fazendo raiva e rejeitando senhor Jack Jonsson ele simplesmente desistiu de mim. Mas essa não é a notícia principal. Depois de uns dias Tomás voltou. Disse que não vivia sem mim e voltou. E eu claro, fiquei muito feliz, mas, o regime continua.

  Um dia minha mãe chegou em casa com os cabelos enrolados em um coque. Isso é raro, ela só faz quando está muito estressada. Ela entrou, deitou no sofá e eu fiquei olhando ela. Então ela pegou no meu braço e me arrastou até o quarto. Ela me fez sentar a força na cama e ficou andando de um lado para o outro me assustando um pouco. Depois de um longo tempo, ela se sentou também, e perguntou olhando no fundo dos meus olhos:

– Você tem conversado com Tomás? 

Apaixonada por um anjo - Segundo livro da trilogia AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora