Apaixonada por um anjo - Segundo livro da trilogia Anjo

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"Da boca sai ,não para. É o coração que fala.

(Tiago Iorc)

 ♥

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  Eu estava lendo um livro sobre um militar que ficava preso em uma ilha que tinha uns caras que era contra o que ele defendia, e para mandar recado para seu batalhão ele tinha que encontrar um modo de disfarçar a mensagem. Em uma das vezes ele usava a frequência do exército rival para mandar uma mensagem, ele escreveu em cruzadas. São duas mensagens em uma única só que uma é escrita de traz para frente e a outra as palavras ficam no meio da primeira mensagem.

  No livro essa foi uma das tentativas fracassadas de escapar do personagem. Pois seu batalhão não entendeu a mensagem. Ai eu pensei: se nem um exército treinado não conseguiu decifrar a mensagem nenhum dos adultos a minha volta vão desconfiar de nada. Serão só palavras embaralhadas em uma folha na agenda todos os dias. Meu novo passa tempo.

  Eu e Tom continuamos conversando todos os dias quando eu voltava da escola. Deus me perdoe, mas essa distância só nos faria mal em todos os sentidos.

  Eu gosto tanto de dançar que até esqueço da dor. Seria bom dançar para sempre.

  Eu estava pensado muito naqueles dias. Pensar é um dos melhores exercícios que existe. Eu ficava olhando para mim mesma na minha mente e refletindo em tudo a minha volta. Às vezes pensava que minha cabeça explodiria.

  Diego atravessou a rua correndo como uma criança, pegando no meu braço e saindo correndo me levando junto. Ele disse me mostrando um papel.

– Olha aqui! O corpo de balé de São Paulo fará um teste com os jovens daqui de BH. É a nossa chance Louise! Nossa chance de conquistar o sucesso!

  Havia algum tempo que eu vinha pensando sobre o quesito dar meu melhor. Mas aí eu me perguntei qual era o meu melhor, e o meu melhor é a dança. Quando eu danço tudo faz sentido e eu realmente sou muito boa nisso. Olhei para Diego e disse

– Já sei o que vamos fazer

  Eu estava ouvido muito os CD's que minha avó deixou. Muitas músicas me surpreendiam, uma delas, do Roupa Nova. Quando a ouvi me vi espelhada na letra. É a minha história lá. O ônibus que iriamos pegar chegou. Entramos e animada coloquei a música para que ele ouvisse. Ela diz

♫

Há tanto tempo que eu deixei você,

Fui chorando de saudade.Mesmo longe não me conformei.

 Pode crer...Eu viajei contra vontade.

O teu amor chamou e eu regressei.

Todo amor é infinito.

Noite e dia no meu coração.

Trouxe a luz no nosso instante mais bonito. 

Na escuridão o teu olhar me iluminava

E minha estrela-guia era o teu riso 

Coisas do passado são alegres quando lembram

novamente as pessoas que se amam 

Em cada solidão vencida eu desejava

o reencontro com teu corpo abrigo

Ah minha adorada viajei tantos espaços pra você caber assim no meu abraço

Te amo... 

Há tanto tempo que eu deixei você,fui chorando de saudade... 
Na escuridão o teu olhar me iluminava

E minha estrela-guia era o teu riso

Coisas do passado são alegres quando lembram

novamente as pessoas que se amam 

Em cada solidão vencida eu desejava

o reencontro com teu corpo abrigo

Ah minha adorada viajei tantos espaços pra você caber assim no meu abraço

Ah minha adorada viajei tantos espaços pra você caber assim no meu abraço; 

Te amo...Te amo... 

♫

  No final da música Diego bateu palmas, o que fez todos olharem para nós, porque o ônibus estava cheio. Segurei as mãos dele e rimos. Então eu disse:

– Tenho lido algumas revistas sobre os olheiros que participam desse tipo de concurso. Hoje em dia o que o universo da dança procura é muito mais que passos perfeitos de dança. Querem, pessoas que não só dançam mais atuam a música. É o que vamos fazer.

– Você é demais, Louise Lane.

- Vou ligar para minha mãe, talvez ela nos empreste a sala para treinarmos.

- Ok

  Minha mãe deixou e saímos do ônibus a quatro quadras da minha casa, o que deu tempo para conversarmos muito sobre a coreografia que íamos usar. Decidimos que íamos fazer como se com a partida os dois ficassem sofrendo e no final os dois se reencontram em um salto perfeito. Ficaria emocionante. Chegamos na porta da minha casa, o portão amarelo jogava os raios de sol que batiam nele para todos os lados. Antes de entrar Diego disse:

– não acha essa história na música um pouco parecida com a história de você e Tomás?

– eu sei – disse liberando o ar dos meus pulmões

  Quando entramos na minha sala enorme pós-reforma vi que minha mãe tinha preparado um belo lanche. Abracei ela e me senti culpada por mentir, porém, o sentimento de mensageira do amor, guerreira em favor do que amo, me fez encher o peito de ar e enfrentar minha culpa de frente e mandá-la para o lugar mais longe dentro de mim.

  Depois do lanche nos aquecemos e começamos a planejar.

– Vamos começar abraçados – disse Diego – quando disser "há quanto tempo eu deixei você" vamos nos desvencilhar e ir como pássaros para o lado oposto do outro – disse ele entrelaçado os braços, fazendo ondas com os dedos que pareciam asas de pássaro andando em ponta. – depois vai dizer "fui corando de saudade", e vamos fazer uma pose dramática – rodopiei uma vez e me ajoelhei no chão me apoiando em uma perna com o outro joelho no chão juntando minhas mão ao meu coração em uma expressão de fervor. Diego olhou, fez o mesmo e continuou – ai vem "mesmo longe não me conformei, pode crer eu viajei contra vontade", alguma sugestão?

– Poderíamos rodopiar e fingir que estamos sendo levados com as mãos em volta do corpo fazendo ponta para trás e depois pulando e rodopiando para uma parede imaginaria entre nós.

– Ótimo, agora na prática