"A vida me ensinou a nunca desistir. Nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir."
(Charlie Brown Jr.)
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Naquele dia os bailarinos fazeriam suas inscrições, um sábado bastante cansativo. Eu e Diego acordamos as quatro da manhã para estarmos na frente do teatro às cinco e meia da manhã. Minha mãe nos levou até lá porque pegar o ônibus nesse horário era perigoso.
Chegamos, e já havia quatro casais. Tomamos nosso lugar na fila e nem nos mexemos. As outras garotas eram muito mais altas e magras. Na verdade meu corpo nunca foi o padrão para o Balé atual.
Ás 8:00 abriram os portões do teatro, havia uns 30 casais na fila, entramos de modo ordenado. Peguei na mão de Diego para não me perder em meio a tantas pessoas. Eu estava com meia calça, colam, sainha e sapatilhas pretas e meu cabelo estava em coque alto. Diego também estava todo de preto, preto é uma cor simples e cativante.
Sentamos mais na frente e logo uma mulher alta de rosto fino e longo , cabelos e olhos castanhos se posicionou no palco. Sua experiência no balé era claramente vista. Toda vez que ela parava, elegantemente fazia uma posição de balé.
Então, enfim, depois de olhar cada rosto em sua frente ela disse:
– Bem-vindos jovens artistas! Bom dia! Bom, para ser sincera, em nome de todos os organizadores, digo que não esperávamos tantos bailarinos. Então decidimos fazer uma primeira fase, uma eliminatória. Vocês terão meia hora para se prepararem, começando .... Agora!
Ouvi um barulho brusco vindo das cadeiras atrás de nós, eram casais se levantando e indo embora, alguns resmungavam baixinho, mas o eco do teatro fazia com que o som ficasse bem mais alto.
Eu e Diego nos entreolhamos, já sabíamos o que íamos fazer. Nós tínhamos a música no celular e havíamos treinado essa dança em dupla só por esporte, seria uma dança mais coreografia do que expressiva como queríamos apresentar.
Por fim os casais desistentes saíram do teatro e restaram apenas 12 casais. Então ela disse:
– Obrigada aos casais covardes por deixar isso bem mais fácil. Quem será o primeiro?
Levantei a mão, mas um outro casal levantou primeiro. Eles eram muito bons, a sequência de passos deles era perigosamente deliciosa. Porém, acho que por causa do nervosismo, eles erraram alguns passos. Eu e Diego não tínhamos esses empecilhos, havíamos estado tão nervosos em outras apresentações que esse sentimento era praticamente passado.
Quando o casal acabou eu fui a única que bati palmas, eles mereciam reconhecimento, a competição é só um detalhe. A mulher olhou para mim, sorriu largo e disse:
– Agora, pode vir ao palco a bailarina que bateu palma e seu parceiro.
Sorri e me dirigi ao palco de mãos dadas com Diego, ela se aproximou de mim e disse:
– Gostei da atitude – ela olhou de cima a baixo para Diego e sussurrou – parabéns duas vezes.
Eu dei uma gargalhada e Diego ficou me olhando com uma cara de assustado. Nós posicionamos e começamos a dançar. Foi leve e os passos saíram perfeitos. No final fomos aplaudidos por grande parte dos remanescentes nas poltronas. Parece que meu movimento contagiou os humildes de coração.
Vimos os outros casais e no final fomos classificados EM PRIMEIRO LUGAR para a segunda edição. Fiquei tão empolgada que assim que saímos, sem pensar liguei para Tom. Ele atendeu depois de três toques
– Alô, querida! – Disse ele me fazendo derreter
– Olá, meu querido!
Em seguida contei para ele todas as coisas que tinham acontecido. Eu pulava e a minha voz até ficou mais alta de tanta animação. Diego ria de mim, mas ele também estava bem animado com a ideia. Então depois de eu ter falado tudo me calei e esperei ele falar alguma coisa:
– Uau! Meu Deus, que legal! Vai dar tudo certo e vocês vão ser muito famosos! Só que eu não entendo nada de dança. Então a única coisa que eu vou fazer é te apoiar, mas, sem dar sugestão nem nada.
– Tendo você do meu lado eu não preciso de mais nada. – Pensei um pouco – Mas eu preciso dançar por que sem dançar eu não sou nada.
Ele deu uma risadinha. Então nós conversamos e Diego também conversava com Tomás e eu fiquei feliz por estarem se dando bem. Diego era como minha família.
Naquele momento, aquele sentimento, com o coração cheio, com certeza é uma lembrança que eu guardaria para voltar sempre que possível.
***
– Você vai dormir lá em casa, sábado?
Perguntou Vivian me abraçando. Eu a abracei também e respondi:
– Sim, eu vou, desde que vejamos aquele filme que você disse.
– A gente dá um jeito.
Ri e saímos andando para o ponto de ônibus. Naquele dia eu tinha feito mais contorcionismo que Balé. Minhas pernas pareciam estar relaxadas e músculos que eu nem sabia que existiam estavam doendo. O ônibus estava lotado eu fiquei em pé no meio de dois caras suados. Quando cheguei em casa desmontei no chão. Parecia que meus membros estavam se desprendendo de mim.
Tomei um banho gelado, o que não foi uma boa ideia, só depois lembrei da minha avó dizendo que se eu estiver quente e ficar fria de uma vez eu entortaria. Fiquei muito impressionada com isso então vesti um vestidinho leve e deitei na cama e fiquei bem quietinha sem me mexer com medo de entortar. Fiquei tão quietinha que acabei dormindo.
Acordei com os óculos apitando dizendo que já tinha carregado. Os coloquei. Minhas mãos estavam preguiçosas demais para operar manualmente então coloquei em outro modo onde eu tenho que balançar a cabeça e os olhos para funcionar.
Olhei alguns vídeos na internet e conversei um tempo com Leia. Ela continua me contando sobre o tal garoto. Sempre me preocupei muito com ela. Na verdade, desde que me lembro ela sempre esteve lá. Se tornou tão importante que não imagino minha vida sem ela.
Seja o amor romântico, seja o amor fraternal, todo esse amor, todo o amor, é viciante e embriaga o ser.
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Apaixonada por um anjo - Segundo livro da trilogia Anjo
RomanceNo segundo livro da trilogia "anjo", o crescimento pessoal de Louise Lane continua, juntamente com seu amor por Tomás. Agora Louise tem um sonho, uma meta e bons amigos. Nessa jornada, essa jovem apaixonada se tornará muito maior do que jamais sonho...