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"Falhei quando tentei dançar a dois

A valsa estranha dos meus dias"

(Skank)

 ♥

  Minha mãe decidiu do nada que iriamos visitar nossos parentes. Nessa viagem novamente me deparei com mais um dilema da vida: as mudanças que cada pessoa sofre com o tempo que sempre muda a todos. 

  Lá estava Carine, com seus cabelos dourados, seus olhos azuis, seu gloss labial rosa e suas roupas elegantes. E do outro lado estava eu, com meu cabelo rosa, minha cara pálida sem maquiagem e minhas confortáveis roupas pretas. Dois polos diferentes, com uma sintonia enfraquecida, mas ativa. Eu não sabia naquele momento, mas naquele fim de semana, entrelaçarmos o elo mais forte que já nos uniu: um segredo. 

  A principio eu achava que o meu reencontro com Carine seria estranho, mas nada disso, ela estava diferente. A casa dela, de tia Helena, enfim, sempre teve uma atmosfera diferente, algo que eu não tinha em casa, mas dessa vez havia uma pitada cítrica no ar ao redor de Carine, e eu gostei. Mesmo me sentindo muito a vontade, não falei nada sobre Tomás, aquilo sim era algo que deveria ser guardado, era algo realmente perigoso. 

  Como todos os dias pela manhã que não estou rodeada de responsabilidades, eu procurei responsabilidades. Comecei o dia com uma doce mensagem de Tomás, pedindo para que eu me divertisse. Depois eu fui praticar balé, porque o balé não é um lance esporádico, mas sim algo constante em minha vida e insubstituível. Não importava onde eu estivesse, é parte de mim. 

  Carine apareceu enquanto eu fazia alongamento: 

 – Isso dói muito? 

 – É uma boa e necessária dor. 

– hm. – foi o que ela respondeu e continuou me observando. Depois de alguns minutos ela abriu a boca novamente – Hoje eu vou jogar ping-pong na casa de uns amigos. Você quer ir? 

Pensei na mensagem de Tomás, então aceitei.

*** 

  Carine estava muito arrumada pra quem ia jogar bolinhas de um lado para o outro. O máximo que fiz foi vestir um vestido vermelho simples e uma sapatilha, passei um gloss também pra não ficar muito por fora. 

  Chegando lá descobri que não era bem um ping-pong na casa de uns amigos, mas sim uma festa até bem agitada. Havia pessoas dançando, bebidas, pessoas conversando e no meio de tudo uma mesa de ping-pong não disputada. 

  Ao chegar Carine foi conversar com os amigos, os quais eu não conhecia, e eu, depois de cumprimentar a todos educadamente sentei em um canto do sofá e desejei voltar para a casa instantaneamente. "Não estou me divertindo Tomás", foi o que eu pensei pelas duas horas seguintes enquanto ficava sentada no mesmo lugar me sentindo deslocada. Como uma criança medrosa que quer entrar pra pular corda, quando a corda já está em movimento. 

  Quando olhei no relógio já eram 23:45. Nunca tinha ficado até tão tarde fora de casa. Provavelmente minha prima estivesse habituada, pois saía todos os fins de semana com os amigos, mas eu não. Minha mãe provavelmente estava desesperada.

  Fui até minha prima para falar que já estava na hora de ir embora. Cheguei até ela e fiquei esperando os amigos dela pararem de falar para que eu pudesse chegar. Então disse depois de esperar alguns minutinhos:

– Carine, já está na hora de ir embora... – nem terminei a frase, senti o celular de Tomás vibrar no bolso do vestido. Sem pensar duas vezes, o que eu deveria ter feito, sai correndo para fora. Apertei na tecla verde e então ouvi a voz que me tranquilizou:

– Oi, amor. - Disse ele e pude ouvir que como eu também estava sorrindo

– Olá!

– Está se divertindo?

– Não! É isso que as pessoas chamam de diversão? Essas festas barulhentas?

– É sim! – Ele disse rindo e continuou – Bom, só liguei para dar boa noite. Então, boa noite e se divirta amanhã. Te amo.

– Está bem, eu também te amo.

Então eu desliguei o telefone e ouvi uma voz confusa dizendo atrás de mim:

– Quem você ama? 

Apaixonada por um anjo - Segundo livro da trilogia AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora